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Tarde demais: eliminada Inglaterra detona Uruguai, mas dá adeus ao Mundial
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Em clima de despedida, o inglês Jack Nowell fez sua estreia em mundiais com três tries

Em clima de despedida, o inglês Jack Nowell fez sua estreia em mundiais com três tries

Por Bruno Romano

Era para ser uma festa inglesa. Seleção classificada, passeando contra o Uruguai e encaixando o ritmo de jogo para a fase de mata-mata.

O passeio aconteceu mesmo (60-03), mas sob um forte clima de melancolia e despedida da pior participação de um anfitrião de Copa do Mundo em todos os tempos.

Ainda que a euforia da torcida, em respeito a história do rúgbi no país, tenha mostrado exatamente o contrário. O capitão inglês Chris Robshaw chegou a dizer que foi a melhor atmosfera de estádio em que já jogou na vida.

Talvez pelo tamanho da confiança inglesa antes do torneio, o protocolo levou a taça William Webb Ellis para a entrada dos times em campo. É o mais perto, porém, que a campeã do mundo de 2003 chegou do troféu desta vez.

Nesta precoce despedida do torneio ficou clara a diferença de velocidade (de pernas e pensamento) de uma seleção de ponta contra uma equipe praticamente amadora – vários uruguaios dividem o tempo dedicado ao esporte com empregos normais.

A superioridade também podia ser medida em peso. Entre os grupos de forwards (números 1 a 8) havia uma diferença de pelo menos oitenta quilos, somando todos os brutamontes. A experiência internacional, mais difícil de ser calculada, também fez muita diferença.

No contexto geral, no entanto, a Inglaterra foi a seleção mais jovem desta Copa: 26,2 anos de média – com 25 aparições pela seleção por jogador (também em média). O treinador Stuart Lancaster, que optou por esse time jovem, reconheceu que a experiência fez falta.

Para Lancaster, a derrota para Gales (28-25) doeu muito mais do que o revés para a Austrália (33-13). Os ingleses terão bastante tempo agora para discutir tudo isso. O próprio comandante disse que vai refletir sua permanência (tem contrato até 2020), e que quer ouvir o que a união inglesa tem a dizer.

A pressão pela sua saída é grande. E vem de todos os lados.

Parte da imprensa inglesa chama o cenário de “quatro anos de fracasso”. Neste período, a Inglaterra ficou com quatro vice-campeonatos no Seis Nações, principal torneio de seleções europeias.

Desde que a Inglaterra venceu a Copa do Mundo em 2003, aliás, a seleção só faturou um Seis Nações. De lá para cá, França e Gales já levaram quatro títulos – e a Irlanda outros três, no importante torneio anual.

A crítica principal é que a Inglaterra não conseguiu transformar em resultado tantos recursos – financeiros e humanos. Nas últimas temporadas, a união inglesa de rúgbi levantou mais verba com o esporte do que as uniões da Nova Zelândia, África do Sul e Austrália juntas.

É claro que muito se pode dizer sobre a eliminação Inglaterra – e as análises ainda vão se multiplicar. A única certeza é que os jogadores não eram bons o suficiente para a missão. E foram superados por duas forças realmente maiores.

Gales os venceu no caráter, na coragem e no trabalho em equipe. A Austrália foi melhor técnica e fisicamente.

Por enquanto, há duas coisas para se contentar: o terceiro lugar no grupo garante a Inglaterra no próximo Mundial, sem precisar de eliminatórias. Além disso, a despedida reuniu uma torcida que lotou o estádio e reverenciou a seleção em Manchester – mesmo sendo um local menos popular do rúgbi no país.

Era para ser uma festa inglesa. Pelo menos hoje, em Manchester, foi.

A eliminação inglesa não afastou a animada torcida que lotou o Etihad Stadium em Manchester

A eliminação inglesa não afastou a animada torcida que lotou o Etihad Stadium em Manchester

DICA DO DIA: Programe os próximos três fins de semana. Depois da rodada deste domingo, a Copa do Mundo funciona assim: durante a semana, descanso total. Nos fins de semana, a bola oval toma conta da Inglaterra com as quartas-de-final (17 e 18 de outubro), as semifinais (24 e 25), a disputa do bronze (30) e a grande final (31).

O CARA: Bernard Foley. Até poucos meses, o camisa 10 dos Wallabies era o performático Quade Cooper. Mas Ben Foley assumiu o posto com convicção. Contra Gales, neste sábado, ele fez todos os pontos do time.

A IMAGEM:

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O capitão inglês Chris Robshaw lidera a Inglaterra contra o Uruguai. No primeiro plano, a taça William Webb Ellis – os ingleses só terão nova chance de tocá-la no Mundial de 2019.

A FRASE: “A defesa da Austrália hoje foi incrível. Mesmo assim, estou orgulhoso do nosso time. Nós estamos prontos para encarar qualquer um que estiver na nossa frente”, Sam Warburton, capitão do País de Gales, comentando a derrota para os Wallabies e a classificação para as quartas-de-final.

LONDON EYE: Radar ligado para a rodada completa de domingo do Mundial. Destaque para França x Irlanda (12h45), que vale a liderança do grupo “D”. Quem ganhar, pega os Pumas argentinos nas quartas-de-final. Quem perder, vai ter de encarar a Nova Zelândia.

Com os resultados deste sábado, Argentina x Namíbia (8h30) e Estados Unidos x Japão (16h) já não valem nada para a disputa do torneio.

Os argentinos devem atropelar a cansada Namíbia, que perdeu para a Geórgia na última quinta-feira. O Japão deve provar a boa fase e se despedir em alta.

Itália e Romênia (10h30) prometem um jogo pegado. Quem levar a melhor, termina em terceiro do grupo “D” e comemora a vaga garantida para o Mundial de 2019 no Japão.

 


Muralha australiana sobrevive à raça de Gales e ao grupo da morte
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UOL Esporte

Por Bruno Romano

Bicampeã do mundo e “intrusa” no grupo da morte deste Mundial 2015, a Austrália se confirmou como a segunda seleção invicta, depois da Nova Zelândia, a se classificar para o mata-mata do torneio.

O duelo decisivo contra País de Gales, neste sábado, não teve try (15-6). E as defesas falaram mais alto do que os ataques. Mesmo assim, foi um dos jogos mais tensos, disputados e emocionantes desta Copa.

A Austrália resistiu a pressão mesmo com 13 jogadores em campo, graças a dois cartões amarelos – que excluem jogadores por 10 minutos.

Em meio aos dois países-sede do Mundial, Gales e Inglaterra, os Wallabies australianos deram conta do recado. Convenceram e mostram que estão próximos do seu auge, bem na hora certa.

O jogo contra Gales, que lotou os 82 mil lugares do estádio de Twickenham, em Londres, valia muito: a vitória para liderar o grupo, a moral de vencer um time que luta pelo título e o “conforto” de ter um rival mais fraco nas quartas-de-final.

Na teoria, o duelo da Austrália contra a Escócia é bem mais favorável do que o embate dos galeses contra a África do Sul na próxima rodada.

O triunfo neste último jogo da primeira fase não impressiona pela história: o tabu australiano contra os galeses atingiu 11 jogos sem derrota. A última vitória de Gales foi em 2008.

Mesmo assim, o status que a Austrália alcança nesta Copa surpreende. Há um ano, uma profunda crise abalava o rúgbi do país, com problemas dentro e fora de campo, que acabou até com troca de treinador.

Uma das fortalezas australianas nesta nova era tem sido a força dos forwards, sobretudo a primeira linha (os grandalhões que vestem as camisas 1, 2 e 3). E o segredo, acredite, é um argentino. O ex-primeira linha dos Pumas, Mario Ledesma, é treinador de forwards dos Wallabies.

Com Ledesma no comando – e com os australianos fazendo a parte deles em campo – o jogo de base dos Wallabies se encaixou. E tem sido o cartão de visita nas partidas, funcionando como o primeiro grande passo para o resto do time deslanchar.

Do lado galês, a derrota machuca. Mas o time também sai fortalecido. Podem não ser a melhor seleção da Copa, mas tem o conjunto mais coeso. Mostraram até aqui o jogo de equipe mais impressionante do Mundial.

Isso é suficiente para conquistar um primeiro título? Não. Mas é o melhor caminho para encarar os gigantes do hemisfério sul, como a Austrália, que já levantou o caneco duas vezes.

Nesta batalha de hemisférios, aliás, a diferença é grande. Das sete copas disputadas até aqui, apenas uma foi vencida por uma seleção do norte: a Inglaterra, em 2003.

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Austrália conseguiu conter os ataques de Taulupe Faletau, do País de Gales

De todas as campeãs do mundo – Nova Zelândia, África do Sul e Austrália venceram duas vezes – os australianos são os que sofrem com o maior jejum. O último título veio em 1999. Mas, no ritmo que estão, tem armado um cenário bem favorável para mudar essa história.

Escócia avança com tempero neozelandês

Não é que a Escócia esteja jogando como os All Blacks. Longe disso. Mas o toque neozelandês do treinador kiwi Vern Cotter chama atenção – e tem feito toda a diferença.

Em pouco tempo, Cotter conseguiu fazer funcionar em campo uma mistura do tradicional jogo truncado e efetivo dos escoceses com a criatividade e velocidade típica dos neozelandeses.

Neste ritmo, a Escócia sobreviveu a artilharia pesada de Samoa neste sábado, em um dos jogos mais abertos e eletrizantes deste Mundial.

No St. James Park, de Newcastle, próximo a fronteira escocesa, o estádio lotado embalou uma vitória sofrida, que provou a bravura e a versatilidade dos britânicos. E ainda encheu o time de ânimo para a fase de mata-mata.

Eles vão precisar mesmo de toda energia possível. O desafio nas quartas será o País de Gales, um gigante enorme demais para cair – pelo menos com as armas que os escoceses revelaram até aqui.

O resultado também acaba com o sonho do Japão se classificar pela primeira vez para um mata-mata de Copa do Mundo. Mesmo vencendo os Estados Unidos neste domingo, não avançam para as quartas-de-final.

Sangue e suor: o capitão escocês Greig Laidlaw celebra o try da vitória contra Samoa

Sangue e suor: o capitão escocês Greig Laidlaw celebra o try da vitória contra Samoa


Primeiro “milionário” do rúgbi lidera All Blacks em atropelo sobre Tonga
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Por Bruno Romano

Foto: Mark Runnacles/Getty Images

Foto: Mark Runnacles/Getty Images

(Feliz em dobro: Dan Carter celebra classificação e salário milionário pós-Mundial)

Sete tries feitos. Nenhum sofrido. Quarta vitória seguida e classificação garantida para as quartas-de-final com 100 % de aproveitamento. A história dos All Blacks nesta Copa do Mundo 2015 honra toda a fama dos atuais campeões mundiais. Mesmo assim, acredite, eles ainda não usaram a força máxima.

Na vitória por 47-9 sobre Tonga, nesta sexta-feira, os neozelandeses não mostraram um rugby de primeira, mas foram efetivos.

Jogadores chave, como o camisa 10 Dan Carter, usaram o que os All Blacks tem de melhor: técnica acima da média, frieza diante de qualquer encrenca (hoje foi a força física tonganesa) e a incrível capacidade de não diminuir o ritmo durante uma batalha intensa de 80 minutos.

Carter tem mais dois bons motivos para comemorar. É a primeira vez que o melhor jogador do mundo em 2005 e 2012 chega sem lesões a uma fase de mata-mata de Copas do Mundo – ele estava no elenco campeão mundial em 2011, mas não atuou nas decisões.

Após o torneio, seu destino também está garantido no Racing Métro, da França. O abertura All Black receberá um salário anual de cerca de 1,4 milhão de libras (quase R$ 9 milhões).

Este é o primeiro contrato “milionário” do esporte na história, depois que o rúgbi se abriu ao profissionalismo em 1995.

Deixar seu país também significa abrir mão dos All Blacks. Em raras exceções, a seleção da Nova Zelândia escala atletas que não dão sangue e suor pelos clubes e franquias locais.

Após sobreviver ao embate físico de Tonga, Carter e os All Blacks já devem estar com a cabeça nas quartas-de-final. E este primeiro jogo eliminatório pode ser perigoso para os homens de preto.

O adversário será França ou Irlanda. Um duelo direto entre os europeus, no domingo, vai definir as posições do grupo – o perdedor encara a Nova Zelândia.

Por mais que a Irlanda pareça bem mais perigosa até aqui, é a França que costuma dificultar as coisas para os All Blacks em mundiais. Em 2007, os franceses os eliminaram. E em 2011 venderam caro a derrota na final: 8-7, em um jogo que poderia muito bem ter acabado nas mãos do time de azul.

Já contra a Irlanda, um tabu fala bem mais alto. Mesmo com tantos títulos europeus (e tanta tradição no esporte), os irlandeses nunca foram capazes de derrotar os All Blacks em toda história.

Foto: Phil Walter/Getty Images)

Foto: Phil Walter/Getty Images)

(Homem do jogo, Nehe Milner-Skudder, à direita, fez dois tries para os All Blacks)

DICA DO DIA: Como derrubar um adversário? A não ser que você tenha nascido em Tonga ou Samoa, países famosos pelos fortes tackles, geralmente na altura peito, o melhor a fazer é mirar as canelas, usar os ombros no contato e completar o movimento com os dois braços, caindo junto do seu rival.

Basicamente, você não pode: 1) passar uma rasteira. 2) agarrar o adversário acima da linha dos ombros. 3) fazer um “pilão”, tirando os pés do adversário do chão e lançando-o ao solo, como em um movimento típico de lutas marciais. O resto está liberado.

O CARA: Nehe Milner-Skudder. O jovem ponta dos All Blacks tem aproveitado bem as chances em uma das poucas posições do time sem um titular absoluto. Hoje, guardou dois tries.

A IMAGEM: O gramado do St. James Park, em Newcastle, “sofreu” com os scrums, os lances do rúgbi que colocam frente a frente os forwards (números 1 a 8) de cada time. A equipe de manutenção teve trabalho no intervalo para arrumar a bagunça dos gigantes.

Foto: Phil Walter/Getty Images

Foto: Phil Walter/Getty Images

A FRASE: “O resultado parece tranquilo, mas tivemos um jogo bem duro. E isso era tudo o que a gente precisava nesta altura do campeonato”, Kieran Read, camisa 8 dos All Blacks, que capitaneou o time com a ausência do poupado Richie McCaw.

LONDON EYE: Samoa e Escócia vão abrir (muito bem) os trabalhos deste sábado no Mundial. Isso por que ainda há uma disputa em aberto pelo segundo lugar do grupo “B”, envolvendo escoceses e japoneses. O Japão encara os EUA no domingo.

Mas o jogo do dia será Austrália e Gales, valendo a liderança do grupo da morte. Ambos já estão garantidos nas quartas, depois de tirarem a Inglaterra da briga. Mesmo assim, a vitória contra outro candidato ao título vale muito.

Fechando a rodada, a eliminada Inglaterra se despede da Copa em jogo melancólico contra o Uruguai.


“Gorgodzilla” lidera campanha histórica da Geórgia
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Por Bruno Romano

Foto: Henry Browne/Reuters

Foto: Henry Browne/Reuters

(O gigante “Gorgodzilla” anota o try da vitória da Geórgia contra a Namíbia)

Mamuka Gorgodze tem 1,96 metros de altura e 118 kg – e poderia jogar em qualquer potência mundial do esporte. Como nasceu na Geórgia, o Gorgodzilla, como é mais conhecido, liderou seu país na melhor participação em Copas do Mundo com duas vitórias em quatro jogos. A segunda delas aconteceu nesta quarta-feira, em duelo apertado contra a Namíbia (17-16).

Gorgodze deixa o Mundial com dois tries, 41 tackles feitos (95% de acerto), 14 arrancadas fugindo de adversários e sete roubadas de bola. Além de levar para a casa – e para o Toulon, seu time na França – a fama se ter sido um dos destaques do torneio.

A Namíbia, por outro lado, viu escapar o que poderia ser a primeira vitória em Mundiais. Os africanos ainda têm a Argentina pela frente no próximo domingo, mas vão ser presa fácil, ainda mais com o cansaço da batalha de hoje.

Mesmo assim, podem se contentar com a inédita vitória durante um dos tempos (6-0) e a sua primeira pontuação em Copas: um ponto bônus defensivo, por ter perdido por uma diferença menor ou igual a sete pontos.

A vitória da Geórgia ainda pode render uma segunda celebração. Se a Nova Zelândia bater Tonga na próxima sexta (o que é mais do que provável), os georgianos se garantem automaticamente no Mundial de 2019, como terceiro colocados do grupo.

Foto: Damien Meyer/AFP

Foto: Damien Meyer/AFP

(Grandalhão “Gorgodzilla” se destaca entre os demais jogadores)

DICA DO DIA: Se tiver a sorte de ir a Londres e visitar o estádio de Twickenham, não deixe de fora a passada pelo World Rugby Museum. Saiba mais em: englandrugby.com/twickenham/world-rugby-museum

O CARA: Bryan Habana. O camisa 11 da África do Sul fez história nesta quarta-feira. Ele chegou a 15 tries em mundiais, se igualando a lenda do rúgbi Jonah Lomu (ídolo da Nova Zelândia nas décadas de 1990 e 2000). Habana terá pelo menos um jogo garantido, nas quartas-de-final, para tentar se isolar na liderança deste ranking.

Enquanto isso, o posto de maior pontuador de todos os tempos no Mundial segue com o ex-abertura inglês Jonny Wilkinson. Campeão do mundo em 2003, Wilko tem 277 pontos nas Copas. E ele ainda pode ficar bem tranquilo: nenhum dos top 5 da lista de pontos segue na ativa.

A FRASE: “Os fãs dizem que estão sofrendo. Mas eu posso garantir que os jogadores sofrem cem vezes mais. Eu odeio essa caça às bruxas”, Mike Tindall, centro inglês no título mundial de 2003, comentando a repercussão da eliminação precoce da Inglaterra neste Mundial.

LONDON EYE: O que ainda está em aberto neste Mundial 2015? Vamos para a segunda parte:

Grupo “C”: A Nova Zelândia garante a liderança se vencer Tonga na próxima sexta-feira. Se isso acontecer, a Argentina se classifica em segundo batendo a Namíbia no domingo. Com a vitória desta quarta-feira, a Geórgia se garante na terceira colocação (desde que os All Blacks façam a sua parte).

Grupo “D”: Irlanda e França, com três vitórias cada, já estão nas quartas. Um embate entre os dois europeus vai definir o líder do grupo. Romênia e Itália vão disputar o terceiro lugar, também em confronto direto. Os dois jogos acontecem no domingo.


Vexame da copa? África do Sul renasce e já mira terceiro título mundial
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UOL Esporte

Por Bruno Romano

Foto: Mike Hewitt/Getty Images

Foto: Mike Hewitt/Getty Images

(Sul-africano Bryan Habana faz três tries e se iguala a Jonah Lomu como maior artilheiro das Copas)

O desastre da derrota para o Japão na estreia não faz mais parte da vida da África do Sul nesta Copa do Mundo. A vitória desta quarta-feira sobre os Estados Unidos por 64-0 garante os sul-africanos nas quartas-de-final como líderes do grupo “B”.

Mais do que uma vitória, esta foi a maior diferença de pontos do torneio até aqui. Além de o terceiro trunfo seguido dos sul-africanos com ponto bônus ofensivo. Em outras palavras, são 144 pontos a favor e 22 contra nos últimos três jogos.

Um desempenho para esquecer de vez o Japão e voltar a pensar na taça William Webb Ellis.

A volta por cima dos bicampeões mundiais (1995 e 2007) parecia impossível há alguns dias. O cenário colocava os Boks como fortes candidatos a vexame da Copa – título que acabou nas mãos da eliminada Inglaterra. Renascidos, podem fazer a tradição falar mais alto na fase de mata-mata.

É bem verdade que os Springboks ainda não tinham encantado. Das seleções de destaque até aqui, aliás, eram uma das que menos empolgava quem gosta de bom rúgbi.

A primeira vista, parecia muito pouco para detonar outra grande potência. Mas todas elas já devem ter colocado os Boks de volta ao radar.

Contra os Estados Unidos, a África do Sul demorou bastante para dominar um jogo teoricamente fácil. Quando achou o caminho, foi devastadora. Esse típico ímpeto dos Boks, muito bem-vindo para o Mundial, vai ser valioso daqui para frente.

Esse é um time experiente, que tem nos seus alicerces alguns medalhões do rúgbi moderno. São jogadores como Bryan Habana, com 32 anos, mas ainda voando baixo.

Campeão do mundo em 2007, mesmo ano em que foi eleito melhor jogador do planeta, Habana ainda é um grande velocista e finalizador. Só hoje, guardou três tries. Chegou a marca de 64 pela sua seleção e igualou o recorde de 15 tries em Copas do Mundo, ao lado de Jonah Lomu (Nova Zelândia).

A velha guarda é a realidade dos Springboks. O melhor a fazer é aceitar isso. Só assim, vão naturalmente abrir caminho para alguns jovens talentos – como o camisa 10 Handré Pollard, de 21 anos – se soltarem e brilharem.

No fim, a derrota para o Japão não apenas ficou para trás, como fez bem. Ela levou os Boks a repensarem sua superioridade. Trouxe a dúvida, a humildade e os pés ao chão. Obrigou os jogadores a se unirem de forma mais intensa. Desencadeou na reencarnação de um gigante do rúgbi.

Foto: Dylan Martinez/Reuters

Foto: Dylan Martinez/Reuters

(Quem segura? Damian de Allende brilha na vitória por 64-0 contra os EUA, maior placar do Mundial)


Maior virada e primeiro try: Copa do Mundo de rúgbi tem dia histórico
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Por Bruno Romano

Foto: Laurence Griffiths/Getty Images

Foto: Laurence Griffiths/Getty Images

(Seleção da Romênia celebra triunfo contra o Canadá por 17-15)

O Mundial tem o poder de transformar duelos de “pequenos” em grandes batalhas. Fora dos holofotes do rúgbi, Canadá e Romênia entraram em campo nesta terça sabendo que era a melhor chance que tinham para vencer nesta Copa. O efeito disso foi um jogo eletrizante, que acabou com a maior vitória de virada de todos os tempos do Mundial.

Com um rúgbi mais aberto, veloz e bem organizado, o Canadá garantiu uma vantagem de 15-0 aos 45 minutos de jogo. Mas os romenos, na base da raça e da insistência, tiraram a diferença (17-15) para faturar sua primeira conquista em mundiais na história.

Jogos das seleções com menos ranking, entretanto, costumam escancarar falhas técnicas e táticas. Entre um e outro lance bem construído, a vontade e a doação em campo se sobressaem.

Constantes erros – de passe, recepção e chute, por exemplo – deixam claro o diferencial das grandes potências do esporte em relação ao segundo e ao terceiro escalão. A chuva que caiu em Leicester atrapalhou, é verdade, mas não é desculpa. Para ser justo, ela acabou favorecendo o jogo mais fechado da Romênia.

Nesta hora, fica claro como os tops do mundo têm a capacidade de fazer bem as coisas mais simples, mesmo sob pressão. E, a partir delas, constroem lances incríveis.

De qualquer forma, o duelo entre Canadá e Romênia não perdeu em emoção. E ainda trouxe exemplos positivos, como a combatividade, a disputa leal e (principalmente) a certeza de que sempre vale lutar até o final.

Enquanto o Canadá se despede da Copa com sua quarta derrota, a Romênia ainda tem a chance de roubar da Itália a terceira colocação deste grupo “D”.

Pode parecer pouco, mas no rúgbi isso significa se garantir automaticamente no próximo Mundial (em 2019, no Japão). Vencer o Canadá e conquistar o primeiro trunfo em mundiais foi marcante. Mas só batendo a Itália, a Romênia fará história de verdade.

Foto: Michael Steele/Getty Images

Foto: Michael Steele/Getty Images

(Cena do Leicester City Stadium, na Inglaterra, lotado para o duelo Romênia x Canadá)

Uruguai perde, mas sai “vitorioso”

Não é justo dizer que o Uruguai “jogou como nunca, mas perdeu como sempre” contra Fiji. O duelo foi mais do que isso. Depois de um começo arrasador dos fijianos voadores, nossos vizinhos mostraram valentia e padrão de jogo, deixando o embate divertido até o final.

Ambos já estavam fora da disputa pelo título antes mesmo do chute de saída. Nem por isso deixaram de trazer um entretenimento de alto nível. Entretenimento para nós, espectadores, claro.

Lá dentro, a batalha de oitenta minutos foi física, pesada e intensa. Típica de Mundial. Digna do “grupo da morte”. E, tirando o cartão vermelho do uruguaio Agustín Ormachea (o primeiro do Mundial, aliás), foi um jogo com dois vencedores.

Foto: Paul Gilham/Getty Images

Foto: Paul Gilham/Getty Images

(Uruguaios entoam o hino antes de encarar Fiji pelo Mundial)

DICA DO DIA: As disputas de semifinal do Super 8, a primeira divisão do rúgbi brasileiro, terão uma preliminar bem curiosa no próximo dia 24 de outubro. Será a tentativa de quebra de recorde do maior scrum do mundo. A ação está aberta para qualquer interessado em participar. Para mais informações e inscrições, acesse: maiorscrumdomundo.com.br

O CARA: Mihai Macovei. O camisa 6 da Romênia anotou dois tries na vitória contra o Canadá, que marcou o primeiro triunfo de sua seleção em Mundiais.

A FRASE: “Acho que deu para ver a felicidade na nossa celebração, com todos vibrando juntos como um time. A gente merecia isso”, Santiago Vilaseca, capitão do Uruguai, sobre o primeiro try dos sul-americanos neste Mundial contra Fiji.

A IMAGEM: Fijianos fazem seu último Cibi, cerimonial típico das ilhas do Pacífico antes de cada disputa no rúgbi.

Foto: Andrew Boyers/Reuters

Foto: Andrew Boyers/Reuters

LONDON EYE: O que ainda está em aberto neste Mundial? Vamos por partes:

Grupo “A”: Austrália e Gales vão decidir a liderança do grupo em duelo direto no próximo sábado. A Inglaterra já garantiu o terceiro lugar (e a vaga no Mundial de 2019) independente do resultado contra o Uruguai no domingo.

Grupo “B”: Basta ganhar dos Estados Unidos nesta quarta para a África do Sul encobrir o vexame da estreia e acabar no topo do grupo. Com esse resultado, a Escócia precisa bater Samoa para ficar com o segundo lugar. O Japão corre por fora, torcendo por derrotas sul-africanas e escocesas, desde que faça sua parte contra os Estados Unidos.


Ex-número 1 do mundo, Inglaterra iguala seu pior ranking da história
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UOL Esporte

Por Bruno Romano

Foto: Shaun Botterill/Getty Images

Foto: Shaun Botterill/Getty Images

A pior participação inglesa em uma Copa do Mundo de Rúgbi acaba de render outro recorde negativo. Nesta segunda-feira, a World Rugby divulgou o novo ranking mundial com a Inglaterra em oitavo lugar, mais baixa posição já alcançada (ao lado de algumas semanas de 2009).

Com mais jogos do Mundial no horizonte, a colocação ainda pode piorar. Sobretudo se a vizinha Escócia, nona na classificação atual, seguir embalada no torneio. Até por que, a eliminada Inglaterra vai se despedir da Copa contra o Uruguai, no próximo sábado.

Este bem atualizado ranking da World Rugby é divulgado a cada segunda-feira pela entidade máxima do esporte. Vale lembrar que pontuação estabelecida duplica em partidas de Mundial.

Tudo bem, não precisa nem ser jogador de rúgbi para saber que rankings (em qualquer esporte, aliás) são apenas números. Eles não mudam resultado de jogos, nem definem muita coisa na prática. Mas a posição inglesa agrava ainda mais a delicada situação dos anfitriões da Copa.

Enquanto a imprensa britânica se dedica a analisar a eliminação precoce – chegando a pedir uma reforma na base do rúgbi no país –, ex-jogadores ingleses e especialistas da bola oval clamam publicamente pela saída do treinador Stuart Lancaster, que tem contrato até 2020.

Os artigos relacionados à derrota para a Austrália (33-13) no último sábado acumulam palavras como humilhação e vexame. E falam também de uma sensação de vasto abismo.

No lado alegre da história, a Austrália retomou a vice-liderança do ranking, ficando a atrás da Nova Zelândia (1º) e a frente do País de Gales (3º). Um duelo direto entre galeses e australianos no próximo sábado vai testar a precisão da lista.

Outras sete seleções subiram na classificação, todas em uma posição: África do Sul (4º), França (6º), Argentina (7º), Japão (11º), Tonga (12º), Itália (13º) e Geórgia (14º).

Já Samoa, mais recente vítima do Japão – a grande revelação deste Mundial 2015 –, perdeu quatro lugares e atingiu sua pior classificação da sua história, com o 15º lugar.

Dos 102 países ranqueados, o Brasil está em 39º. É o quinto sul-americano da lista, atrás de Argentina (7º), Uruguai (19º), Chile (23º) e Paraguai (36º).

Foto: Paul Gilham/Getty Images

Foto: Paul Gilham/Getty Images

JONNY WILKINSON DÁ SEUS PITACOS

Já que não dá mais para torcer pelo seu país, o ex-camisa 10 inglês Jonny Wilkinson falou sobre sua visão do Mundial. O campeão do mundo em 2003 preferiu não entrar em polêmicas. Em vez disso, destacou seus três jogadores preferidos até aqui.

O abertura francês Frederik Michalak – seu colega de posição e de clube, no Toulon – tem agradado Wilko. Segundo ele, a dedicação de Michalak nos treinos sempre foi inspiradora. Além disso, suas habilidades e sua capacidade de manejar o jogo estão bem acima da média.

Outro elogiado foi o camisa 9 galês Gareth Davies. Para Wilko, Davies define o ritmo dos jogos e têm tomadas de decisões precisas. Sua performance garante que os backs galeses (números 9 a 15) estejam no mesmo nível dos forwards (números 1 a 8), tradicionalmente a grande fortaleza de Gales.

Por fim, o campeão mundial destaca DTH van der Merwe, sul-africano de nascimento que veste a camisa 11 do Canadá. Ele enfatiza a agilidade de Merwe para fugir de adversários, seja evitando o contato ou partindo para o embate direto. O inglês também se impressionou com a competitividade de Merwe em cada jogo.

Pelo menos até 2019, Wilko está garantido como o grande nome da Inglaterra na história dos Mundiais. Além de uma atuação memorável durante o torneio de 2003, foi dele o chute da vitória na final (já na prorrogação) contra a vilã do momento, a Austrália.

LEGAL, MAS E OS JOGOS DO MUNDIAL?

Depois de um pouco de conversa de segunda-feira sem jogo, vale destacar o que o Mundial 2015 tem pela frente. Três diferentes tipos de duelo vêm por aí.

O primeiro deles reúne os underdogs, ou “azarões”, já sem muita coisa a perder. Canadá contra Romênia (terça, 12h45) e Namíbia versus Geórgia (quarta, 16h) prometem ser aqueles jogos equilibrados e pegados. Podem não ser shows de rúgbi, mas vão valer os ingressos.

O segundo tipo de partida é o famoso “gigante contra pequeno”. É assim que Fiji vai encarar o Uruguai (terça, 16h) e a África do Sul vai pegar os Estados Unidos (quarta, 12h45).

Favoritismo e pressão de um lado. E o delicioso sabor de entrar em campo contra uma potência mundial – para jogar seu melhor e se divertir – do outro. Tomara que seja o suficiente para nos divertir também.

O último jogo dos dias de semana – Nova Zelândia e Tonga (sexta, 16h) – mais parece com o segundo grupo. Ainda assim, o duelo de danças tribais será um espetáculo a parte. E, se Tonga fizer valer sua habilidade e força física (antes de fantasiar com resultado), pode transformar o jogo também em espetáculo.

Foto: Phil Walter/Getty Images

Foto: Phil Walter/Getty Images


Vitória na Copa do Mundo de rúgbi. E somente 2 meses após quebrar a perna
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Foto: Phil Walter/Getty Images

Foto: Phil Walter/Getty Images

(Após recuperar-se de uma “pequena” fratura na fíbula, Waisake Naholo fez o primeiro try da esperada vitória neozelandesa)

É normal que os jogadores de rúgbi se acostumem a entrar no gramado sentindo uma dorzinha aqui ou ali, ou que façam de tudo para acelerar o tratamento e participar de um jogo importante. Mas o que se viu nesta sexta-feira (2), na partida entre Nova Zelândia e Geórgia foi impressionante.

Menos de três meses após quebrar a perna em uma partida preparatória contra a Argentina, o ponta Waisake Naholo, dos All Blacks, conseguiu retornar ao campo na implacável vitória de 43 a 10 sobre a uma aguerrida Geórgia, no Millenium Stadium, em Cardiff. Segundo o próprio Naholo atestou, assim que foi declarado fora da Copa do Mundo ele, que nasceu em Fiji, voltou a seu país para dar início a um tratamento que incluiu massagens e ervas medicinais ministradas por seu tio. Naholo começou a partida como titular e foi responsável pelo primeiro try, com menos de um minuto e meio de jogo.

Esta foi a primeira vez que o time dos Lolos viu de frente os neozelandeses fazerem a Haka, a tradicional dança maori que antecede seus jogos. Para esse embate inédito, os All Blacks tiveram que se adaptar diante das várias lesões ao longo do campeonato. Entre elas, a lenda maori Ma´a Nonu que ficou de fora por causa de um problema no ombro e curiosamente acabou ocupando a função de garoto da água. Isso abriu espaço para a participação do festejado Sonny Bill Williams, que por acaso também é boxeador (é sério) e periga continuar no time titular até o final da competição.

Do lado dos Lolos, o grande motivo para comemoração foi o try marcado por Beka Tsiklauri, menos de três minutos depois do primeiro try neozlandês. E, acredite, apesar da derrota, um try nos All Blacks é um excelente razão para se comemorar. Além disso, a equipe conseguiu evitar que a diferença no placar fosse menor do que 30 pontos. Antes da partida o capitão Richie McCaw deu uma declaração falando que os All Blacks não tinham desculpas para não colocar todo seu ritmo de jogo. Com o resultado de hoje, o terceiro tempo para eles não será só de festa.

Com a vaga garantida para as quartas-de-final, os All Blacks ainda tem um compromisso contra Tonga, mas já esperam para ver quem será seu adversário nas fases eliminatórias, que provavelmente será França ou Irlanda. Já a Geórgia ainda joga contra a Namíbia, com esperanças terminar em terceiro no grupo e garantir a vaga para o Mundial de 2019.

Foto: Rebecca Naden/Reuters

Foto: Rebecca Naden/Reuters

(Ao chegar na zona do in goal, o full back Beka Tsiklauri não conseguiu esconder a alegria de fazer o primeiro try da história da Geórgia contra os All Blacks)

DICA DO DIA

Acreditando que rúgbi pode funcionar como uma ferramenta de inclusão social, um grupo de jogadores se uniu em 2004 para criar o projeto Rugby Para Todos. A atuação começou na  comunidade de Paraisópolis, em São Paulo, os jovens foram convidados a ver de perto e treinar o esporte até então bastante desconhecido.

Com uma metodologia de baixo custo, em 2009, o projeto se expandiu e virou Instituto Rugby Para Todos. Atualmente mais de 5 mil jovens de comunidades carentes já foram apresentados à bola oval. Para saber mais, visite: http://rugbyparatodos.org.br.

O CARA

Apelidado de Gorgodzilla, o capitão georgiano não passou batido contra os All Blacks. Aliás, muito pelo contrário. Encarando o também capitão Richie McCaw, Mamuka Gordodze usou e abusou da sua imensa força física. O monstrengo de 1, 96m e 188kg anda esgotado e acabou sendo substituído no começo segundo tempo, mas mesmo assim ganhou o título de “Homem do Jogo”.

A IMAGEM

Foto: Laurence Griffiths/Getty Images

Foto: Laurence Griffiths/Getty Images

(Ma’a Nonu, que por causa de uma lesão no ombro foi “promovido” a garoto da água)

Por conta de uma lesão no ombro, Ma´a Nonu não ficou nem no banco de reservas. A solução da equipe para mantê-lo em campo foi colocá-lo como garoto da água. Porém, ao contrário do que se possa imaginar, assim como o ponta Naholo se recuperou rapidamente da fratura na perna, o centro neozelandês é esperado para o próximo jogo dos All Blacks, contra Tonga.

FRASE

“Eu não sei como o time escocês é. Eu realmente não ligo para a oposição, o que conta é o dia no campo.”, comentou o camisa 8 da África do Sul, Duane Vermeulen, que precisa vencer da Escócia neste sábado para se garantir nas quartas-de-final do Mundial. A derrota para o Japão no primeiro jogo só deixou as coisas mais tensas para os Springbocks

LONDON EYE

Apesar do ótimo rúgbi desta sexta, toda a atenção (e mandinga) dos ingleses está voltada para sábado, quando a seleção entra em campo para enfrentar a poderosa Austrália com o risco de ser eliminada em casa. Isso quebraria um tabu na história das Copas do Mundo: nunca o time anfitrião foi eliminado na primeira fase.

Esta será a terceira partida do dia, após Samoa x Japão, e África do Sul x Escócia. Se tiver que escolher uma para assistir, opte por ver os Wallabies tacleando os ingleses, que vão jogar com o que tem e o que não tem. Este promete ser um dos jogos mais tensos do Mundial.


Um engano no Orkut fez ele entrar no rúgbi. Hoje, é jogador da seleção
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UOL Esporte

Foto: Luiz Pires/FOTOJUMP

Foto: Luiz Pires/FOTOJUMP

Uma foto de um jogo de futebol americano postada ainda nos tempos do Orkut mudou a vida de um atleta da seleção brasileira de rúgbi. O piauiense radicado em São Paulo André Luiz Nascimento Muniz da Silva viu na imagem a chance para começar a praticar o esporte popular nos Estados Unidos. Um engano, no entanto, fez com que ele fosse parar em outra modalidade: o rúgbi.

“Eu nunca tinha ouvido falar de rúgbi na minha vida. Uma amiga minha estava fazendo intercâmbio nos Estados Unidos e postou uma foto do futebol americano. Eu falei para ela: ‘nossa, que bacana esse esporte. Se eu soubesse onde tem algum lugar pra treinar aqui no brasil, eu treinaria’”.

Foi por meio da mesma amiga que André Luiz conheceu o SPAC (São Paulo Athletic Club), clube que defende até os dias de hoje. Mas algo estava errado. “Chegando lá, eles me mostraram um vídeo e eu vi que o esporte que eles praticavam não tinha nada a ver com o futebol americano”.

Mesmo com a confusão, a vontade de praticar o esporte não desapareceu. André Luiz passou a jogar como ponta e virou Boy, um apelido que se encaixa perfeitamente na vida do piauiense. “Quando comecei a treinar rúgbi, ia com uma camiseta do meu time de futsal do colégio, o ‘WBoys’. Logo na sequência, arrumei um emprego em uma agência de câmbio e turismo, e trabalho com moto lá. Então Boy ficou geral, servia para qualquer coisa”.

Rúgbi “forçou” a troca de emprego

O trabalho de motoboy apareceu como uma solução para a dificuldade de conciliar a vida com o rúgbi. Quando iniciou no esporte, em 2009, Boy trabalhava como barman, mas a inflexibilidade de horário atrapalhava os treinamentos.

“Era tranquilo durante a semana, mas em dias de jogo, que eram sempre aos sábados, eu só conseguia jogar um tempo e ia correndo trabalhar”. Foi então que a decisão de trocar de emprego surgiu e o destino colocou Boy em lugar familiarizado com o esporte.

“Esse novo (de motoboy) é de segunda a sexta, então dá para treinar e jogar de final de semana. Meu chefe já jogou rúgbi e é compreensível em relação a isso, até quando preciso viajar. Fiz um acordo com ele e descontam os dias das minhas férias”.

E o tal acordo com o chefe faz com que Boy não se preocupe caso seja convocado pela seleção brasileira para disputar os Jogos Olímpicos de 2016. “Acho que ele vai entender. Um mês para disputar o segundo maior evento esportivo do mundo ele deixaria, não faria isso comigo”, brinca.

Aos 27 anos e desde 2011 na seleção brasileira, Boy ainda vê distante a possibilidade de viver apenas do esporte. “Um ou outro jogador até consegue, mas o que recebo da seleção não é suficiente. Do clube não recebo nada, porque ele não é profissional”, explica.

Mas uma coisa ele já pode agradecer ao rúgbi: a oportunidade de conhecer o mundo. “Acho que até daria para ir a Argentina, Chile, mas sem o esporte jamais conseguiria conhecer China, Nova Zelândia e Inglaterra”, essa última, palco da maior emoção da carreira de Boy: a partida contra os donos da casa no estádio Twickenham, para 77 mil pessoas, pelo torneio London Sevens, em maio deste ano. “Nem conseguia ouvir o companheiro do meu lado”.

Brunno Carvalho
Do UOL, em São Paulo


Nem ajuda inglesa foi suficiente para “fijianos voadores” pararem Gales
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UOL Esporte

Por Bruno Romano

Foto: Stu Forster/Getty Images

Foto: Stu Forster/Getty Images

(Até o grandalhão galês Alun Wyn-Jones sofreu com a potência de Fiji)

A confiança é uma virtude traiçoeira. Que o diga o País de Gales, novo líder do grupo da morte deste Mundial 2015. Embalados por uma vitória histórica sobre a Inglaterra – há cinco dias, em Londres – passaram no aperto (23-13) por Fiji nesta quinta-feira.

A partida era crucial para o grupo “A”, que também conta com a bicampeã mundial Austrália (rival da Inglaterra no próximo sábado, em duelo de vida ou morte). E a possibilidade de Fiji dar uma mão aos ingleses mobilizou os fãs de rúgbi, unindo milhões de torcedores pelo país – e alguns milhares de “invasores” no Millenium Stadium de Cardiff, capital galesa. O clima era tenso. E se refletiu totalmente na partida.

Em um jogo equilibrado, disputado e brutal, como já era esperado, os galeses não conseguiram transformar a superioridade tática e técnica em pontos. Logo, sofreram com o embate físico, escancararam alguns pontos fracos e foram obrigados a apelar para a raça e a qualidade de jogadores chave.

Em um duelo tão aberto e emocionante, a precisão e a inteligência da dupla Gareth Davies (#9) e Dan Biggar (#10) fizeram a diferença. A liderança de Sam Warburton (#7) também rendeu confiança e ânimo extra para os galeses nos momentos mais críticos.

Acontece que a ousadia dos fijianos também é uma característica perigosa. Contra Gales, eles jogaram o tempo inteiro no limite. Arriscaram passes em zonas perigosas do campo, apostaram e levaram a melhor no confronto homem a homem e abusaram dos dribles.

Enfim, fizeram tudo o que lhe renderam a justa fama de seleção arisca e ameaçadora e o divertido apelido de “fijianos voadores” ou flying fijians. Mas tudo isso foi pouco para voar mais alto no mundial. Com a derrota de hoje, Fiji está fora das quartas-de-final.

Para quem segue na disputa, este terceiro triunfo seguido de Gales joga de vez a “bomba” para a mão dos ingleses. Austrália e Inglaterra, no próximo sábado, farão o primeiro jogo com cara de final neste Mundial.

Foto: GABRIEL BOUYS/AFP

Foto: GABRIEL BOUYS/AFP

(O camisa 10 galês Dan Biggar anotou três penais e se tornou artilheiro do Mundial)

França acelera o ritmo e mantém invencibilidade

Depois de vitórias mornas contra a Itália e a Romênia, os atuais vice-campeões mundiais venceram nesta quinta o Canadá (41-18) em confronto intenso, bem jogado e cheio de tries. Se de um lado os franceses aumentaram a potência, do outro o Canadá surpreendeu ao fazer frente a uma das principais escolas do rúgbi mundial.

Este maior equilíbrio da Copa – com notável diminuição do degrau dos gigantes para os menores – foi comprovado em números pela World Rugby, entidade máxima do esporte.

Segundo as estatísticas, o auge do desequilíbrio aconteceu no Mundial de 2003. De lá para cá, o número de pontos feitos pelos vencedores diminui (10 por jogo, em média).

Além disso, a margem de diferença em uma partida (vencedor versus perdedor) atingiu 26 pontos, a menor desde 1992, quando o try passou a valer cinco pontos. Mesmo que o número de tries tenha diminuído, o nível de competição e emoção só aumentou.

Neste cenário mais duro para as grandes potências, a França segue 100 % no Mundial 2015 com suas três vitórias. Mas ainda não foram testados para valer. A prova de fogo vai acontecer no jogo decisivo pelo primeiro lugar do grupo “D”, contra a Irlanda, daqui a 10 dias.

Foto: Paul Gilham/Getty Images

Foto: Paul Gilham/Getty Images

(Mathieu Bastareaud quebra a linha do Canadá na vitória francesa)

DICA DO DIA: Se está chegando agora no mundo do rúgbi, entenda como os times pontuam nos jogos:

TRY (cinco pontos): é preciso chegar ao extremo do campo adversário, ultrapassar a linha contínua e apoiar a bola no chão.

CHUTE DE CONVERSÃO (dois pontos): o try dá direito a um chute de conversão. É necessário acertar a bola dentro do “H”, entre os paus verticais e acima do “travessão” horizontal.

PENAL OU DROP GOAL (três pontos): No meio do jogo, também é possível aproveitar uma penalidade a seu favor para chutar em direção ao “H”. Neste caso, apóia-se a bola em um suporte, o tee. No caso do drop goal, qualquer jogador (geralmente o número 10) chuta com o jogo rolando em direção ao mesmo “H”. Esse chute precisa pingar no chão, como um “bate-pronto”.

O CARA: Frederik Michalak. O experiente camisa 10 da França se tornou o maior pontuador da história do seu país em Mundiais no duelo de hoje contra o Canadá.

A IMAGEM: Mesmo fora do Mundial, os fijianos receberam o reconhecimento merecido. Foram aplaudidos em um dos grandes templos do rúgbi, o Millenium Stadium, de Cardiff.

Foto: Phil Walter/Getty Images

Foto: Phil Walter/Getty Images

A FRASE: “Isso aqui foi muito difícil, eu saí morto do primeiro tempo. Crédito total para Fiji, que jogou como quem não tinha nada a perder… Se tem um time que pode te surpreender quando você menos espera, esse time é Fiji”, Sam Warburton, terceira-linha e capitão do País de Gales.

LONDON EYE: A Nova Zelândia volta a campo na sexta-feira contra a Geórgia (16h) em jogo único da rodada. O que deve ser mais uma vitória fácil dos campeões mundiais (e um show de rúgbi) terá como tempero extra a entrada de Waisake Naholo  (#14) como ponta, depois de uma recuperação milagrosa de contusão, e Sonny Bill Williams (#12) saindo de titular.