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Muralha australiana sobrevive à raça de Gales e ao grupo da morte

UOL Esporte

Por Bruno Romano

Bicampeã do mundo e “intrusa” no grupo da morte deste Mundial 2015, a Austrália se confirmou como a segunda seleção invicta, depois da Nova Zelândia, a se classificar para o mata-mata do torneio.

O duelo decisivo contra País de Gales, neste sábado, não teve try (15-6). E as defesas falaram mais alto do que os ataques. Mesmo assim, foi um dos jogos mais tensos, disputados e emocionantes desta Copa.

A Austrália resistiu a pressão mesmo com 13 jogadores em campo, graças a dois cartões amarelos – que excluem jogadores por 10 minutos.

Em meio aos dois países-sede do Mundial, Gales e Inglaterra, os Wallabies australianos deram conta do recado. Convenceram e mostram que estão próximos do seu auge, bem na hora certa.

O jogo contra Gales, que lotou os 82 mil lugares do estádio de Twickenham, em Londres, valia muito: a vitória para liderar o grupo, a moral de vencer um time que luta pelo título e o “conforto” de ter um rival mais fraco nas quartas-de-final.

Na teoria, o duelo da Austrália contra a Escócia é bem mais favorável do que o embate dos galeses contra a África do Sul na próxima rodada.

O triunfo neste último jogo da primeira fase não impressiona pela história: o tabu australiano contra os galeses atingiu 11 jogos sem derrota. A última vitória de Gales foi em 2008.

Mesmo assim, o status que a Austrália alcança nesta Copa surpreende. Há um ano, uma profunda crise abalava o rúgbi do país, com problemas dentro e fora de campo, que acabou até com troca de treinador.

Uma das fortalezas australianas nesta nova era tem sido a força dos forwards, sobretudo a primeira linha (os grandalhões que vestem as camisas 1, 2 e 3). E o segredo, acredite, é um argentino. O ex-primeira linha dos Pumas, Mario Ledesma, é treinador de forwards dos Wallabies.

Com Ledesma no comando – e com os australianos fazendo a parte deles em campo – o jogo de base dos Wallabies se encaixou. E tem sido o cartão de visita nas partidas, funcionando como o primeiro grande passo para o resto do time deslanchar.

Do lado galês, a derrota machuca. Mas o time também sai fortalecido. Podem não ser a melhor seleção da Copa, mas tem o conjunto mais coeso. Mostraram até aqui o jogo de equipe mais impressionante do Mundial.

Isso é suficiente para conquistar um primeiro título? Não. Mas é o melhor caminho para encarar os gigantes do hemisfério sul, como a Austrália, que já levantou o caneco duas vezes.

Nesta batalha de hemisférios, aliás, a diferença é grande. Das sete copas disputadas até aqui, apenas uma foi vencida por uma seleção do norte: a Inglaterra, em 2003.

faletau

Austrália conseguiu conter os ataques de Taulupe Faletau, do País de Gales

De todas as campeãs do mundo – Nova Zelândia, África do Sul e Austrália venceram duas vezes – os australianos são os que sofrem com o maior jejum. O último título veio em 1999. Mas, no ritmo que estão, tem armado um cenário bem favorável para mudar essa história.

Escócia avança com tempero neozelandês

Não é que a Escócia esteja jogando como os All Blacks. Longe disso. Mas o toque neozelandês do treinador kiwi Vern Cotter chama atenção – e tem feito toda a diferença.

Em pouco tempo, Cotter conseguiu fazer funcionar em campo uma mistura do tradicional jogo truncado e efetivo dos escoceses com a criatividade e velocidade típica dos neozelandeses.

Neste ritmo, a Escócia sobreviveu a artilharia pesada de Samoa neste sábado, em um dos jogos mais abertos e eletrizantes deste Mundial.

No St. James Park, de Newcastle, próximo a fronteira escocesa, o estádio lotado embalou uma vitória sofrida, que provou a bravura e a versatilidade dos britânicos. E ainda encheu o time de ânimo para a fase de mata-mata.

Eles vão precisar mesmo de toda energia possível. O desafio nas quartas será o País de Gales, um gigante enorme demais para cair – pelo menos com as armas que os escoceses revelaram até aqui.

O resultado também acaba com o sonho do Japão se classificar pela primeira vez para um mata-mata de Copa do Mundo. Mesmo vencendo os Estados Unidos neste domingo, não avançam para as quartas-de-final.

Sangue e suor: o capitão escocês Greig Laidlaw celebra o try da vitória contra Samoa

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