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Pumas subestimam Austrália e são devorados pela nova favorita ao título
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UOL Esporte

Por Bruno Romano

A Argentina logo vai entrar para o primeiro escalão do rúgbi, mas ainda não faz parte do clube. E esse “detalhe” é definitivo na hora de pensar em como encarar um rival superior como a Austrália. Os Pumas escolherem um caminho arriscado demais, e ainda sentiram com o nervosismo e a pressão. Pagaram muito caro. E foram devorados por uma Austrália imbatível na defesa e fatal no ataque.

Como se não tivessem visto o jogo contra a Escócia (que quase eliminou a Austrália nas quartas), os Pumas aceleraram a velocidade desde o começo. Também trocaram passes demais em seu campo de defesa, e ainda partiram para o duelo físico. Pior: foram previsíveis. A ponto de tomar os primeiros dois tries logo no início do jogo.

Parecem ter subestimado que a Austrália tem a melhor terceira linha da atualidade (Pocock, Hooper e Fardy), capaz de atrapalhar toda e qualquer bola, e o melhor trio de fundo do planeta, com os pontas Adam Ashley-Cooper (autor de três tries), Drew Mitchell (que definiu o jogo em uma arrancada) e Israel Folau, frio e decisivo, mas um pouco abaixo do seu nível nesta semifinal, ainda voltando de contusão.

Nessas áreas, os Wallabies são até melhores que os All Blacks. E, por isso, levarão um pequeno favoritismo para a decisão do próximo sábado.

É claro que não dá para respeitar tanto o seu adversário. É preciso sempre entrar em campo acreditando no seu time, nos talentos individuais e na sua força para atropelar qualquer um, até mesmo os Wallabies. Mas havia outras formas de os Pumas chegarem ao mesmo objetivo.

Um começo de jogo mais conservador, buscando terreno, e uma acelerada repentina, na base da técnica e da continuidade, seria muito mais perigoso. Variando o ritmo e as jogadas. Testando um pouco os pontos fracos do dia. Mexendo com a cabeça dos Wallabies em vez de tentar superá-los em tudo a toda hora, em altíssima velocidade.

O placar final de 29-15, ou seja, duas posses de bola, esconde a diferença real desta semifinal: quatro tries para a Austrália e nenhum para os Pumas.

Mesmo que a segunda etapa tenha sido apertada – durante muito tempo a diferença ficou em sete pontos – o domínio dos Wallabies foi claro nos oitenta minutos.

Se com força máxima já é difícil bater um bicampeão mundial como a Austrália, cometendo erros e perdendo jogadores chave (o capitão Creevy, o craque Hernández e o matador Imhoff) a missão fica impossível.

É incrível como este time australiano, formado há praticamente um ano, já está mais do que pronto. Atuais campeões do Rugby Championship, vencendo até a Nova Zelândia, se tornaram, na hora certa, a equipe a ser batida no rúgbi mundial.

Nesta semifinal, a Austrália soube respeitar dois pilares do rúgbi: suas características (as boas e as ruins) e o seu adversário. Fizeram a lição de casa – se preferir, o plano de jogo – muito melhor do que os Pumas. E o aplicaram com intensidade, entrega e doação. Foi uma vitória imponente. E coletiva.

Os argentinos também levaram a campo a paixão e a garra de sempre. Mas se esqueceram de que agora é preciso aliar os “huevos” com técnica, tática, visão de jogo e, acredite, paciência. Só assim vão dar o passo final a caminho do “clube dos gigantes” do rúgbi.

O sonho argentino não acaba aqui, ainda que toda a imprensa coloque assim. É claro que a frustação é enorme, pois todos acreditavam na vitória, que era totalmente possível, mas ficou longe demais quando os Wallabies confirmaram força máxima para o duelo.

Mas assim que a cabeça esfriar, vai ficar mais clara a verdadeira trajetória dos Pumas para uma decisão de Copa do Mundo. Esse mesmo time que caiu hoje vai treinar e jogar junto durante os próximos quatro anos no Super Rugby, como uma franquia argentina.

Tudo garante que, da próxima vez, vai ser muito mais difícil segurar os Pumas.

Jogadores argentinos lamentam a derrota na semifinal para a Austrália em Twickenham

Jogadores argentinos lamentam a derrota na semifinal para a Austrália em Twickenham

O CARA: Adam Ashley-Cooper. O ponta dos Wallabies anotou três tries na semifinal. Copper personifica a atuação da Austrália: seguro, preciso e letal.

A IMAGEM:
diegui

Dieguito Maradona torceu, gritou, bebeu, dançou e sofreu na arquibancada de Twickenham, em Londres, o templo do rúgbi mundial.

A FRASE: “Sinto um orgulho gigante pelo que esses jogadores fizeram. Eu tenho um coração cheio e nós temos um ótimo futuro garantido com essa geração”, Daniel Hourcade, treinador dos Pumas, após a derrota.

LONDON EYE: Como se não bastasse ser o jogo dos únicos invictos desta Copa e uma das maiores rivalidades do rúgbi mundial, a final terá um sabor extra. É a primeira vez na história que as bicampeãs do mundo Nova Zelândia e Austrália disputarão em duelo direto a taça William Webb Ellis.

Um dia antes, na sexta-feira, tem mais jogo de alto nível. Os Pumas encaram a África do Sul pela disputa do 3o lugar. Se vencerem, igualam a seleção de 2007 como a melhor participação argentina em Copas do Mundo.


Austrália se impõe e acaba com sonho argentino na Copa do Mundo de rúgbi
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Dominante na maior parte do jogo, a Austrália fez valer seu favoritismo, aproveitou as poucas falhas defensivas da Argentina e está na final da Copa do Mundo de rúgbi. Em um jogo intenso e muito físico, os Wallabies fizeram 29 a 15 e vão encarar a Nova Zelândia no próximo sábado.

O resultado da semifinal premia as duas melhores equipes do planeta, em um duelo regional eletrizante. E como os All Blacks no sábado, a Austrália precisou suar muito para ir à decisão.

Não no começo, diga-se. Meio assustada, a Argentina começou desatenta, levou dois tries antes de 15 minutos e passou o resto do jogo correndo atrás do prejuízo. Nico Sanchez fez sua parte ao anotar cinco pênaltis com precisão, enquanto Foley, do outro lado, perdeu uma conversão e um pênalti, mantendo os Pumas no jogo.

Só que a Argentina não conseguiu um try sequer, sempre parando na força da defesa australiana. Durante cerca de 20 minutos do segundo tempo, por exemplo, os sul-americanos estiveram a sete pontos de um empate que levaria à prorrogação. Só que a bola nunca chegou a passar a linha defensiva dos Wallabies que passaram da marca de 125 tackles, com uma taxa de acerto de mais de 80% no fundamento.

Essa solidez permitiu ao ataque ser preciso quando a Argentina deu seus primeiros sinais de cansaço. O golpe final veio a menos de dez minutos do fim, quando Drew Mitchell fez grande jogada da esquerda para o centro e entregou a bola com precisão para Adam Ashley-Cooper, que anotou seu terceiro try e fechou o marcador.

Azar dos argentinos, que foram maioria no estádio em Londres e cantaram pelos Pumas ao longo de todo o jogo. Agora, os sul-americanos vão brigar com a África do Sul pelo bronze. Se vencerem, igualarão seu melhor resultado na história da Copa do Mundo, justamente o terceiro lugar em 2007.


Muralha australiana sobrevive à raça de Gales e ao grupo da morte
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Por Bruno Romano

Bicampeã do mundo e “intrusa” no grupo da morte deste Mundial 2015, a Austrália se confirmou como a segunda seleção invicta, depois da Nova Zelândia, a se classificar para o mata-mata do torneio.

O duelo decisivo contra País de Gales, neste sábado, não teve try (15-6). E as defesas falaram mais alto do que os ataques. Mesmo assim, foi um dos jogos mais tensos, disputados e emocionantes desta Copa.

A Austrália resistiu a pressão mesmo com 13 jogadores em campo, graças a dois cartões amarelos – que excluem jogadores por 10 minutos.

Em meio aos dois países-sede do Mundial, Gales e Inglaterra, os Wallabies australianos deram conta do recado. Convenceram e mostram que estão próximos do seu auge, bem na hora certa.

O jogo contra Gales, que lotou os 82 mil lugares do estádio de Twickenham, em Londres, valia muito: a vitória para liderar o grupo, a moral de vencer um time que luta pelo título e o “conforto” de ter um rival mais fraco nas quartas-de-final.

Na teoria, o duelo da Austrália contra a Escócia é bem mais favorável do que o embate dos galeses contra a África do Sul na próxima rodada.

O triunfo neste último jogo da primeira fase não impressiona pela história: o tabu australiano contra os galeses atingiu 11 jogos sem derrota. A última vitória de Gales foi em 2008.

Mesmo assim, o status que a Austrália alcança nesta Copa surpreende. Há um ano, uma profunda crise abalava o rúgbi do país, com problemas dentro e fora de campo, que acabou até com troca de treinador.

Uma das fortalezas australianas nesta nova era tem sido a força dos forwards, sobretudo a primeira linha (os grandalhões que vestem as camisas 1, 2 e 3). E o segredo, acredite, é um argentino. O ex-primeira linha dos Pumas, Mario Ledesma, é treinador de forwards dos Wallabies.

Com Ledesma no comando – e com os australianos fazendo a parte deles em campo – o jogo de base dos Wallabies se encaixou. E tem sido o cartão de visita nas partidas, funcionando como o primeiro grande passo para o resto do time deslanchar.

Do lado galês, a derrota machuca. Mas o time também sai fortalecido. Podem não ser a melhor seleção da Copa, mas tem o conjunto mais coeso. Mostraram até aqui o jogo de equipe mais impressionante do Mundial.

Isso é suficiente para conquistar um primeiro título? Não. Mas é o melhor caminho para encarar os gigantes do hemisfério sul, como a Austrália, que já levantou o caneco duas vezes.

Nesta batalha de hemisférios, aliás, a diferença é grande. Das sete copas disputadas até aqui, apenas uma foi vencida por uma seleção do norte: a Inglaterra, em 2003.

faletau

Austrália conseguiu conter os ataques de Taulupe Faletau, do País de Gales

De todas as campeãs do mundo – Nova Zelândia, África do Sul e Austrália venceram duas vezes – os australianos são os que sofrem com o maior jejum. O último título veio em 1999. Mas, no ritmo que estão, tem armado um cenário bem favorável para mudar essa história.

Escócia avança com tempero neozelandês

Não é que a Escócia esteja jogando como os All Blacks. Longe disso. Mas o toque neozelandês do treinador kiwi Vern Cotter chama atenção – e tem feito toda a diferença.

Em pouco tempo, Cotter conseguiu fazer funcionar em campo uma mistura do tradicional jogo truncado e efetivo dos escoceses com a criatividade e velocidade típica dos neozelandeses.

Neste ritmo, a Escócia sobreviveu a artilharia pesada de Samoa neste sábado, em um dos jogos mais abertos e eletrizantes deste Mundial.

No St. James Park, de Newcastle, próximo a fronteira escocesa, o estádio lotado embalou uma vitória sofrida, que provou a bravura e a versatilidade dos britânicos. E ainda encheu o time de ânimo para a fase de mata-mata.

Eles vão precisar mesmo de toda energia possível. O desafio nas quartas será o País de Gales, um gigante enorme demais para cair – pelo menos com as armas que os escoceses revelaram até aqui.

O resultado também acaba com o sonho do Japão se classificar pela primeira vez para um mata-mata de Copa do Mundo. Mesmo vencendo os Estados Unidos neste domingo, não avançam para as quartas-de-final.

Sangue e suor: o capitão escocês Greig Laidlaw celebra o try da vitória contra Samoa

Sangue e suor: o capitão escocês Greig Laidlaw celebra o try da vitória contra Samoa


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