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Guia de sobrevivência: como avançar no mata-mata do Mundial
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UOL Esporte

Por Bruno Romano

Foto: Phil Walter/Getty Images

Foto: Phil Walter/Getty Images

(Nova Zelândia reunida no Millenium Stadium antes do duelo contra a França pelas quartas-de-final)

A ansiedade dos fãs de rúgbi está prestes a acabar. Começa agora a angústia de quem faz parte das oito melhores seleções de rúgbi do planeta. Elas já estão prontas para entrar em campo neste fim de semana pelas quartas-de-final da Copa do Mundo de Rúgbi 2015.

Nos quatro duelos, o favoritismo (ora pequeno, ora razoável) é das seleções do hemisfério sul. Durante esta semana, já analisamos Nova Zelândia x França, África do Sul x País de Gales, Austrália x Escócia, Argentina x Irlanda – dê uma rápida vasculhada por este blog.

Agora é hora de destacar o que cada uma delas precisa fazer se quiser chegar mais longe neste Mundial.

Sábado, 17 de outubro

África do Sul x Gales (12h); Nova Zelândia x França (16h)

África do Sul: Para quebrar uma defesa que só tomou dois tries no grupo da morte vai ser preciso “martelar” muito com a tradicional força física. Mas isso não basta. A chave será a inteligência (e a qualidade de execução) na tomada decisões. Ou seja: juntar a defesa galesa em várias fases e virar rápido o jogo para a definição de pontas e fullback. Também é primordial cometer poucos penais dentro do campo de defesa – tudo indica que o jogo vai ser decidido por uma posse de bola.

Gales: Há um caminho melhor do que partir para o mano a mano durante 80 minutos contra os Springboks: espalhar os forwards em jogadas combinadas com os backs. Assim, o confronto direto pode favorecer os galeses e criar oportunidades no ataque. A supremacia nas formações fixas, sobretudo o scrum, é primordial para pensar em vitória. O camisa 10 Dan Biggar também pode variar suas armas de ataque arriscando o jogo aéreo, já que terá os grandalhões (e habilidosos) George North e Alex Cuthbert nas pontas.

 Foto: ADRIAN DENNIS/AFP

Foto: ADRIAN DENNIS/AFP

(Renascidos das cinzas, os Springboks, de Bryan Habana, mostraram como podem ser perigosos)

Nova Zelândia: Vai ser preciso acelerar a marcha de todo o time para dar conta do recado contra a França – um placar apertado como aconteceu contra os Pumas pode ser perigoso demais no fim deste jogo. Mais do que atacar com fúria, é preciso conter a boa linha francesa, vencendo os duelos de posições. Se conseguirem falar mais alto nos tackles, rucks e scrums, naturalmente os espaços vão aparecer para pontuar. Usar boa parte do banco de reservas no segundo tempo, já que todos têm nível de titular, também pode ajudar muito.

França: O único a fazer é se inspirar em quem tem dado o exemplo até aqui, sobretudo o capitão Thierry Dusautoir e o oitavo Luis Picamoles, que jogaram bem mesmo diante da atuação ruim contra a Irlanda. Se o time se unir, se concentrar em cada jogada e defender em conjunto, se abrirá um pequeno espaço para respirar (e sonhar com vitória). Com um jogo equilibrado e alguma posse de bola, o camisa 10 Frederic Michalak tem técnica e frieza para fazer estrago.

Domingo, 18 de outubro

Irlanda x Argentina (9h); Austrália x Escócia (12h)

Irlanda: Se os desfalques fazem muita falta, cabe a comissão técnica e aos líderes do time (os que sobraram de pé) transformarem isso em motivação. A Irlanda surpreendeu até aqui por mostrar um rúgbi dinâmico e moderno. Partir só para a “correria”, no entanto, não é a melhor ideia contra um time bem preparado como a Argentina. Mas se conseguirem assustar os Pumas com boa continuidade e uma defesa valente e brutal, um caminho pode se abrir.

Argentina: O cenário é bem favorável aos Pumas. E isso é perigoso, pois não há como pegar atalhos para vitória. Vai ser preciso praticar tudo o que já fizeram bem até aqui de novo (e provavelmente com o dobro do esforço). Juan Martín Hernández com a camisa 12 vai trazer segurança para o jovem abertura Nico Sanchez (#10). Está na mão deles conduzir o jogo para a vitória, desde que os forwards façam o que se espera deles: um domínio feroz do jogo fixo e uma participação ativa no jogo aberto.

Foto: Mike Hewitt/Getty Images

Foto: Mike Hewitt/Getty Images

(O camisa 10 Jonny Sexton está confirmado para liderar a Irlanda contra os Pumas)

Austrália: As vitórias contra Inglaterra e Gales impressionaram – teoricamente, a Escócia é uma presa mais fácil. Não há alternativa senão partir para definir a luta nos primeiros rounds (e por nocaute). Um jogo muito paciente e sem ousadia pode dar ânimo aos escoceses. É preciso abrir mais espaço para os pontas Drew Mitchell e Adam Ashley-Cooper aproveitarem melhor seus poderes de decisão – usar o experiente Matt Giteau como bola e segurança também é um ótimo negócio. Um jogo dinâmico, potente e bem variado entre forwards e backs (para não desgastar tanto nem um nem outro), é a melhor rota a seguir.

Escócia: Ninguém tem dado muito crédito aos escoceses. E isso é ótimo para eles. Como franco-atiradores têm mais que arriscar tudo. Para começar a pensar em vitória, precisam acordar antes no jogo, e fazer frente desde o início, algo que não conseguiram até aqui. De chute em chute, tomando boas decisões táticas, podem deixar a missão menos difícil. Este espírito de “tudo ou nada” tem mais a ver com inteligência, bravura e jogo em equipe do que com individualidades e tomadas de decisões “heróicas”.

 

Foto: GLYN KIRK/AFP

Foto: GLYN KIRK/AFP

(Melhores da primeira fase, os Wallabies fecham as quartas-de-final contra a Escócia)


Com rúgbi explosivo, Argentina tem chance de ouro contra abalada Irlanda
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UOL Esporte

Por Bruno Romano   

Foto: David Rogers/Getty Images

Foto: David Rogers/Getty Images

(No último encontro em mundiais, em 2007, os Pumas eliminaram os irlandeses na fase de grupos)

Talvez você não tenha ouvido falar deles, mas os “Pumas de Bronce” marcaram o começo de uma nova era no rúgbi argentino. Sim, nossos “hermanos” são bons com a bola oval e venceram duas vezes a poderosa França no Mundial de 2007. Os feitos surpreenderam o mundo do rúgbi, e os argentinos acabaram levando para casa uma inédita medalha de bronze.

Foi uma trajetória histórica dos Pumas, que começou com a eliminação da Irlanda (30-15) na fase de grupos daquela Copa. Será a mesma adversária deste domingo, agora pelo Mundial 2015, no Millenium Stadium de Cardiff.

De 2007 para cá, o negócio ficou profissional. A Argentina montou centros de treinamento pelo país, exportou como nunca jogadores para ligas estrangeiras e atingiu seu mais alto nível competitivo no exterior – tudo isso mantendo o rúgbi amador de clubes bem forte dentro do país.

Com arquitetura do ex-Puma Agustín Pichot, camisa 9 e capitão daquela seleção de 2007 (e agora cartola), os Pumas passaram a jogar anualmente, desde 2012, o The Rugby Championship, encarando Nova Zelândia, Austrália e África do Sul. A partir de 2016, também terão uma franquia no Super Rugby, campeonato dos grandes clubes do hemisfério sul.

Pichot tem ido aos jogos desta Copa, e é visto constantemente no vestiário dos Pumas. De terno e gravata, ele aproveitou bem o embalo das vitórias de sua geração e levou os Pumas mais longe. Agora, o ciclo se reverte. É a vez dos novos Pumas fazerem história, de novo com as chuteiras nos pés.

Foto: DAMIEN MEYER/AFP

Foto: DAMIEN MEYER/AFP

(Treinador Daniel Hourcade prepara a Argentina antes do duelo das quartas-de-final)

Irlanda x Argentina

(Millenium Stadium, País de Gales; 18/10, 9h)

No dia seguinte da vitória contra a França, que classificou a Irlanda em primeiro lugar do grupo “D”, o elenco saiu para relaxar e jogar golfe. Não está errado: um tempo de descontração sempre ajuda. Os próprios jogadores ingleses, agora eliminados do Mundial, reclamaram da falta de tempo livre fora da concentração.

Mas as tacadas irlandesas, por outro lado, revelam uma urgência em esfriar a cabeça. Acontece que triunfo contra a França custou muito caro. O capitão Paul O’Connell, o asa Peter O’Mahony (lesionados) e o outro asa Sean O’Brien (suspenso por agressão) são desfalques certos.

Ainda pode piorar. O camisa 10 Jonathan Sexton só vai treinar na sexta-feira, quando será revelado o mistério da sua escalação. Um dos treinadores irlandeses, Greg Feek, insinuou que estão eles estão dispostos a arriscar, mesmo sem Sexton estar 100 %.

É em cima deste abalo (físico e psicológico) que a Argentina quer fazer valer suas fortalezas atuais. Leia-se: o melhor ataque, com 179 pontos e 22 tries, e a liderança nas estatísticas de furadas de defesa (46) e offloads (50), os passes feitos quando o jogador está sendo derrubado – a Irlanda é apenas a 7ª e a 19ª nesses últimos dois quesitos.

Traduzindo: os Pumas jogam mais soltos, abusando da criatividade e da continuidade no ataque. Ainda que a Irlanda tenha se mostrado extremamente eficiente e decisiva – menos contra a Itália –, sobretudo no principal jogo até aqui, diante da França.

Só que a Argentina, hoje, está um nível acima da França.

Recentemente, os Pumas venceram a África do Sul em território africano – feito que a Irlanda nunca concretizou. E os argentinos ainda atuaram 67 minutos (dos 80) de igual para igual com a Nova Zelândia neste Mundial.

O cenário mostra uma chance perfeita para os Pumas avançarem. Mas a tradição irlandesa indica que será equilibrado. Na história, são 10 vitórias dos europeus (incluindo os últimos cinco jogos) e outras cinco argentinas, três delas em 2007, o ano da vitória no Mundial. De lá para cá só deu Irlanda.

Mesmo assim, até o ídolo irlandês Brian O’Driscoll, aposentado recentemente com 133 jogos pela seleção, mostrou receio contra os Pumas. Segundo BOD, como Brian é conhecido rúgbi mundial, os argentinos são atrevidos, se divertem jogando e estão sempre unidos, o que se reflete em campo. Enquanto alguns torcedores irlandeses já falam sobre semifinal, BOD vê os Pumas como adversários muito perigosos.

Líder deste time “atrevido, divertido e unido”, o capitão argentino Agustín Creevy disse durante essa semana que sonhou estar levantando a taça da Copa. Creevy está confiante a ponto de afirmar que não há limite para seu time. O desempenho dos Pumas neste domingo vai mostrar o quão perto seu sonho está da realidade.

Foto: Stu Forster/Getty Images

Foto: Stu Forster/Getty Images

(Lesionado, o camisa 10 Jonny Sexton pode ir para o sacrifício contra os Pumas)


Escócia encara tabu de 32 anos e poderosa Austrália com “tempero argentino”
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Por Bruno Romano

Foto: Paul Gilham/Getty Images

Foto: Paul Gilham/Getty Images

(Cena do scrum australiano, sob tutela do argentino Mario Ledesma, atropelando a Inglaterra neste Mundial)

Aí vai uma pequena história para abrir a análise de hoje. Desde 1911, a Escócia jogou 47 vezes em Twickenham, todas contra a Inglaterra. Tente adivinhar (antes de pular para o próximo parágrafo) quantas vitórias eles conseguiram no estádio de Londres, palco do duelo deste domingo contra a Austrália, pelas quartas-de-final do Mundial.

Apenas quatro. A última delas há 32 anos, quando Roy Laidlaw, tio do atual camisa nove Greig Laidlaw (artilheiro, motor e coração do time atual), ainda atuava pela Escócia.

Lá atrás, em 1983, sequer havia Copa do Mundo. O primeiro Mundial só rolou em 1987.

Espera aí, desde quando o estádio muda alguma coisa? Verdade, mas o retrospecto escocês contra a Austrália também não ajuda: no Mundial de 2003, os australianos venceram o duelo, também em uma disputa de quartas-de-final (33-16).

E dos dez confrontos diretos nos últimos quinze anos, são apenas duas vitórias escocesas.

Deu para sentir o tamanho do drama?

Austrália x Escócia

(Twickenham, Inglaterra; 18/10, 12h)

Não há missão mais difícil nas quartas-de-final desta Copa do Mundo que a da Escócia. A mais frágil das oito classificadas vai enfrentar a seleção considerada (por treinadores, jogadores e vários especialistas, dos jornais aos pub’s) a grande favorita a vencer a Copa até aqui – ao lado, sempre, dos All Blacks.

Estamos falando de uma nação bicampeã mundial (1991 e 1999), que mostrou uma equipe embalada e no auge de sua forma.

Se contra a Inglaterra a Austrália deu aula de velocidade (de bola e de decisões), contra Gales deixou bem claro o que significa bravura e heroísmo em um campo de rúgbi. Saiu do grupo da morte fortalecida.

A confiança com que os australianos estão jogando é que mais impressiona. Essa sensação traiçoeira também pode ser um grande inimigo. Até por que, no papel – e na qualidade individual e coletiva – são muito superiores.

O curioso é que os Wallabies foram buscar uma solução argentina para esta Copa. O ex-primeira linha dos Pumas, Mario Ledesma, é o treinador dos forwards australianos (números 1 a 8, entre os titulares).

Somar a já conhecida potência dos backs (camisas 9 a 15) australianos com um jogo coletivo e impactante dos grandalhões foi um toque de mestre.

Segundo o head coach da Austrália Michael Cheika, o que Ledesma fez foi mostrar que a técnica é importante, mas a atitude é decisiva. Há um ano, este mesmo grupo foi devastado pelo scrum inglês. Nesta Copa, eles simplesmente passaram por cima dos anfitriões.

Em grandes jogos de rúgbi, que envolvem duas potências, scrums podem definir o resultado. Mais do que ganhar a posse de bola, um bom scrum passa fortes recados: somos mais fortes, estamos mais unidos e vamos sempre empurrar vocês. Esse domínio logo se reflete nas outras áreas do jogo.

É claro que a Escócia já está pensando em como tentar equilibrar isso. E terá de fazê-lo sem dois jogadores chave, Ross Ford e Jonny Gray, suspensos por tackles perigosos no último jogo contra Samoa.

O ótimo treinador neozelandês Vern Cotter, a frente dos escoceses, também deve estar tentando entender por que o time jogou tão mal até aqui nos primeiros tempos e tão bem nos segundos – erro que, se repetido, será fatal contra os Wallabies.

Superar todos esses desafios já seria o maior feito da história do rúgbi escocês. Somente uma vez, em 1991 contra a Inglaterra (9-6), eles sentiram o gosto de uma semifinal de Mundial.

Retrospectos, histórias e análises só servem para fora do campo, claro. Lá dentro, os escoceses sabem do tamanho da encrenca, mas têm outra ideia de jogo.

“Tenho certeza de que a mídia na Austrália já está pensando na semifinal”, provoca o pilar escocês Alasdair Dickinson, em entrevista coletiva. “Só que para a gente, essa é a nossa final”, finaliza Dickinson.

Foto: Dan Mullan/Getty Images

Foto: Dan Mullan/Getty Images


Tudo do mata-mata: os segredos (e os fantasmas) de Nova Zelândia e França
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O duelo que todos queriam rever: a Nova Zelândia, de Richie McCaw, e a França, de Thierry Dusautoir

O duelo que todos queriam rever: a Nova Zelândia, de Richie McCaw, e a França, de Thierry Dusautoir

Esta já é a melhor Copa de todos os tempos. Os números comprovam. Os fãs de rúgbi (e os especialistas) também. Mas o melhor ainda está por vir.

Na expectativa das quartas-de-final, fomos atrás do que pode fazer a diferença nos duelos de gigantes do rúgbi mundial. Pela ordem de respeito, começamos com os atuais campeões e líderes do ranking mundial.

E para nossa sorte, esperando grandes jogos de rúgbi, Nova Zelândia e França vão reeditar logo de cara duas finais de Copa: 1987 e 2011.

Nova Zelândia x França
(Millenium Stadium, País de Gales; 17/10, 16h)

Os All Blacks não perdem um jogo de Mundial desde 2007. De lá para cá são 11 vitórias – além do título de 2011, claro. Mas a última derrota vem à memória na forma de um fantasma francês.

Os homens de preto foram eliminados em 2007 pela França, anfitriões daquela Copa, ainda que o jogo tenha sido em Cardiff, mesmo palco do duelo do próximo fim de semana.

Os Les Blues ganharam novamente dos All Blacks em 2009, jogando em Dunedin, na Irlanda. Nos oito jogos seguintes, só deu Nova Zelândia.

A confiança, no entanto, foi exatamente o que levou os All Blacks à ruína dois mundiais atrás. Pelos menos nessa armadilha eles não vão cair de novo.

Do elenco atual, apenas o capitão Richie McCaw e o abertura Dan Carter estavam naquele time titular de 2007. O treinador Steve Hansen também fazia parte da comissão técnica.

Com ânimos renovados, o trio (e todos os All Blacks) terão a melhor chance de suas vidas para exorcizarem o maior demônio do país do rúgbi em mundiais.

Mas não custa lembrar que a única seleção do hemisfério norte que já venceu os All Blacks em Copas foi a França. E não foi “sorte de iniciante”. Além de 2007, eles também aprontaram em 1999 – duas das únicas seis derrotas da Nova Zelândia na história do torneio.
O sinal de alarme já foi ligado. O New Zealand Herald chama os franceses de “o pior encontro possível para os All Blacks” nas quartas-de-final. De fato, é o mais traiçoeiro.

Se a França achar uma nova forma de reverter o cenário, depois de uma derrota massacrante para a Irlanda, vai se encher de uma força capaz de levá-los ao primeiro título mundial.

Mesmo com toda fama, o camisa 10 Dan Carter nunca brilhou em mundiais; o sucesso contra a França depende dele

Mesmo com toda fama, Dan Carter nunca brilhou em mundiais; o sucesso contra a França depende dele

MUNDIAL 2015: recordes (e médias) da primeira fase:

> 2.020 pontos (51 por jogo)
> 60 pontos: Greig Laidlaw, Escócia

> 231 tries (5,7 por partida)
> 5 tries: Bryan Habana (África do Sul) e Julian Savea (Nova Zelândia)

> 179 pontos feitos: Argentina
> 50 offloads: Argentina

> 585 tackles: Escócia
> 41 roubadas de bola: Fiji

> 389 metros corridos: DHT Van der Merwe, Canadá
> 51 tackles: Michel Leith, Japão

> 1.881.023 torcedores (47 mil por jogo)
> 97 % de ingressos vendidos

Festa dentro e fora de campo: irlandeses comemoram a vitória contra a França no último domingo

Festa dentro e fora de campo: irlandeses comemoram a vitória contra a França no último domingo


Tarde demais: eliminada Inglaterra detona Uruguai, mas dá adeus ao Mundial
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Em clima de despedida, o inglês Jack Nowell fez sua estreia em mundiais com três tries

Em clima de despedida, o inglês Jack Nowell fez sua estreia em mundiais com três tries

Por Bruno Romano

Era para ser uma festa inglesa. Seleção classificada, passeando contra o Uruguai e encaixando o ritmo de jogo para a fase de mata-mata.

O passeio aconteceu mesmo (60-03), mas sob um forte clima de melancolia e despedida da pior participação de um anfitrião de Copa do Mundo em todos os tempos.

Ainda que a euforia da torcida, em respeito a história do rúgbi no país, tenha mostrado exatamente o contrário. O capitão inglês Chris Robshaw chegou a dizer que foi a melhor atmosfera de estádio em que já jogou na vida.

Talvez pelo tamanho da confiança inglesa antes do torneio, o protocolo levou a taça William Webb Ellis para a entrada dos times em campo. É o mais perto, porém, que a campeã do mundo de 2003 chegou do troféu desta vez.

Nesta precoce despedida do torneio ficou clara a diferença de velocidade (de pernas e pensamento) de uma seleção de ponta contra uma equipe praticamente amadora – vários uruguaios dividem o tempo dedicado ao esporte com empregos normais.

A superioridade também podia ser medida em peso. Entre os grupos de forwards (números 1 a 8) havia uma diferença de pelo menos oitenta quilos, somando todos os brutamontes. A experiência internacional, mais difícil de ser calculada, também fez muita diferença.

No contexto geral, no entanto, a Inglaterra foi a seleção mais jovem desta Copa: 26,2 anos de média – com 25 aparições pela seleção por jogador (também em média). O treinador Stuart Lancaster, que optou por esse time jovem, reconheceu que a experiência fez falta.

Para Lancaster, a derrota para Gales (28-25) doeu muito mais do que o revés para a Austrália (33-13). Os ingleses terão bastante tempo agora para discutir tudo isso. O próprio comandante disse que vai refletir sua permanência (tem contrato até 2020), e que quer ouvir o que a união inglesa tem a dizer.

A pressão pela sua saída é grande. E vem de todos os lados.

Parte da imprensa inglesa chama o cenário de “quatro anos de fracasso”. Neste período, a Inglaterra ficou com quatro vice-campeonatos no Seis Nações, principal torneio de seleções europeias.

Desde que a Inglaterra venceu a Copa do Mundo em 2003, aliás, a seleção só faturou um Seis Nações. De lá para cá, França e Gales já levaram quatro títulos – e a Irlanda outros três, no importante torneio anual.

A crítica principal é que a Inglaterra não conseguiu transformar em resultado tantos recursos – financeiros e humanos. Nas últimas temporadas, a união inglesa de rúgbi levantou mais verba com o esporte do que as uniões da Nova Zelândia, África do Sul e Austrália juntas.

É claro que muito se pode dizer sobre a eliminação Inglaterra – e as análises ainda vão se multiplicar. A única certeza é que os jogadores não eram bons o suficiente para a missão. E foram superados por duas forças realmente maiores.

Gales os venceu no caráter, na coragem e no trabalho em equipe. A Austrália foi melhor técnica e fisicamente.

Por enquanto, há duas coisas para se contentar: o terceiro lugar no grupo garante a Inglaterra no próximo Mundial, sem precisar de eliminatórias. Além disso, a despedida reuniu uma torcida que lotou o estádio e reverenciou a seleção em Manchester – mesmo sendo um local menos popular do rúgbi no país.

Era para ser uma festa inglesa. Pelo menos hoje, em Manchester, foi.

A eliminação inglesa não afastou a animada torcida que lotou o Etihad Stadium em Manchester

A eliminação inglesa não afastou a animada torcida que lotou o Etihad Stadium em Manchester

DICA DO DIA: Programe os próximos três fins de semana. Depois da rodada deste domingo, a Copa do Mundo funciona assim: durante a semana, descanso total. Nos fins de semana, a bola oval toma conta da Inglaterra com as quartas-de-final (17 e 18 de outubro), as semifinais (24 e 25), a disputa do bronze (30) e a grande final (31).

O CARA: Bernard Foley. Até poucos meses, o camisa 10 dos Wallabies era o performático Quade Cooper. Mas Ben Foley assumiu o posto com convicção. Contra Gales, neste sábado, ele fez todos os pontos do time.

A IMAGEM:

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O capitão inglês Chris Robshaw lidera a Inglaterra contra o Uruguai. No primeiro plano, a taça William Webb Ellis – os ingleses só terão nova chance de tocá-la no Mundial de 2019.

A FRASE: “A defesa da Austrália hoje foi incrível. Mesmo assim, estou orgulhoso do nosso time. Nós estamos prontos para encarar qualquer um que estiver na nossa frente”, Sam Warburton, capitão do País de Gales, comentando a derrota para os Wallabies e a classificação para as quartas-de-final.

LONDON EYE: Radar ligado para a rodada completa de domingo do Mundial. Destaque para França x Irlanda (12h45), que vale a liderança do grupo “D”. Quem ganhar, pega os Pumas argentinos nas quartas-de-final. Quem perder, vai ter de encarar a Nova Zelândia.

Com os resultados deste sábado, Argentina x Namíbia (8h30) e Estados Unidos x Japão (16h) já não valem nada para a disputa do torneio.

Os argentinos devem atropelar a cansada Namíbia, que perdeu para a Geórgia na última quinta-feira. O Japão deve provar a boa fase e se despedir em alta.

Itália e Romênia (10h30) prometem um jogo pegado. Quem levar a melhor, termina em terceiro do grupo “D” e comemora a vaga garantida para o Mundial de 2019 no Japão.

 


Primeiro “milionário” do rúgbi lidera All Blacks em atropelo sobre Tonga
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UOL Esporte

Por Bruno Romano

Foto: Mark Runnacles/Getty Images

Foto: Mark Runnacles/Getty Images

(Feliz em dobro: Dan Carter celebra classificação e salário milionário pós-Mundial)

Sete tries feitos. Nenhum sofrido. Quarta vitória seguida e classificação garantida para as quartas-de-final com 100 % de aproveitamento. A história dos All Blacks nesta Copa do Mundo 2015 honra toda a fama dos atuais campeões mundiais. Mesmo assim, acredite, eles ainda não usaram a força máxima.

Na vitória por 47-9 sobre Tonga, nesta sexta-feira, os neozelandeses não mostraram um rugby de primeira, mas foram efetivos.

Jogadores chave, como o camisa 10 Dan Carter, usaram o que os All Blacks tem de melhor: técnica acima da média, frieza diante de qualquer encrenca (hoje foi a força física tonganesa) e a incrível capacidade de não diminuir o ritmo durante uma batalha intensa de 80 minutos.

Carter tem mais dois bons motivos para comemorar. É a primeira vez que o melhor jogador do mundo em 2005 e 2012 chega sem lesões a uma fase de mata-mata de Copas do Mundo – ele estava no elenco campeão mundial em 2011, mas não atuou nas decisões.

Após o torneio, seu destino também está garantido no Racing Métro, da França. O abertura All Black receberá um salário anual de cerca de 1,4 milhão de libras (quase R$ 9 milhões).

Este é o primeiro contrato “milionário” do esporte na história, depois que o rúgbi se abriu ao profissionalismo em 1995.

Deixar seu país também significa abrir mão dos All Blacks. Em raras exceções, a seleção da Nova Zelândia escala atletas que não dão sangue e suor pelos clubes e franquias locais.

Após sobreviver ao embate físico de Tonga, Carter e os All Blacks já devem estar com a cabeça nas quartas-de-final. E este primeiro jogo eliminatório pode ser perigoso para os homens de preto.

O adversário será França ou Irlanda. Um duelo direto entre os europeus, no domingo, vai definir as posições do grupo – o perdedor encara a Nova Zelândia.

Por mais que a Irlanda pareça bem mais perigosa até aqui, é a França que costuma dificultar as coisas para os All Blacks em mundiais. Em 2007, os franceses os eliminaram. E em 2011 venderam caro a derrota na final: 8-7, em um jogo que poderia muito bem ter acabado nas mãos do time de azul.

Já contra a Irlanda, um tabu fala bem mais alto. Mesmo com tantos títulos europeus (e tanta tradição no esporte), os irlandeses nunca foram capazes de derrotar os All Blacks em toda história.

Foto: Phil Walter/Getty Images)

Foto: Phil Walter/Getty Images)

(Homem do jogo, Nehe Milner-Skudder, à direita, fez dois tries para os All Blacks)

DICA DO DIA: Como derrubar um adversário? A não ser que você tenha nascido em Tonga ou Samoa, países famosos pelos fortes tackles, geralmente na altura peito, o melhor a fazer é mirar as canelas, usar os ombros no contato e completar o movimento com os dois braços, caindo junto do seu rival.

Basicamente, você não pode: 1) passar uma rasteira. 2) agarrar o adversário acima da linha dos ombros. 3) fazer um “pilão”, tirando os pés do adversário do chão e lançando-o ao solo, como em um movimento típico de lutas marciais. O resto está liberado.

O CARA: Nehe Milner-Skudder. O jovem ponta dos All Blacks tem aproveitado bem as chances em uma das poucas posições do time sem um titular absoluto. Hoje, guardou dois tries.

A IMAGEM: O gramado do St. James Park, em Newcastle, “sofreu” com os scrums, os lances do rúgbi que colocam frente a frente os forwards (números 1 a 8) de cada time. A equipe de manutenção teve trabalho no intervalo para arrumar a bagunça dos gigantes.

Foto: Phil Walter/Getty Images

Foto: Phil Walter/Getty Images

A FRASE: “O resultado parece tranquilo, mas tivemos um jogo bem duro. E isso era tudo o que a gente precisava nesta altura do campeonato”, Kieran Read, camisa 8 dos All Blacks, que capitaneou o time com a ausência do poupado Richie McCaw.

LONDON EYE: Samoa e Escócia vão abrir (muito bem) os trabalhos deste sábado no Mundial. Isso por que ainda há uma disputa em aberto pelo segundo lugar do grupo “B”, envolvendo escoceses e japoneses. O Japão encara os EUA no domingo.

Mas o jogo do dia será Austrália e Gales, valendo a liderança do grupo da morte. Ambos já estão garantidos nas quartas, depois de tirarem a Inglaterra da briga. Mesmo assim, a vitória contra outro candidato ao título vale muito.

Fechando a rodada, a eliminada Inglaterra se despede da Copa em jogo melancólico contra o Uruguai.


“Gorgodzilla” lidera campanha histórica da Geórgia
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UOL Esporte

Por Bruno Romano

Foto: Henry Browne/Reuters

Foto: Henry Browne/Reuters

(O gigante “Gorgodzilla” anota o try da vitória da Geórgia contra a Namíbia)

Mamuka Gorgodze tem 1,96 metros de altura e 118 kg – e poderia jogar em qualquer potência mundial do esporte. Como nasceu na Geórgia, o Gorgodzilla, como é mais conhecido, liderou seu país na melhor participação em Copas do Mundo com duas vitórias em quatro jogos. A segunda delas aconteceu nesta quarta-feira, em duelo apertado contra a Namíbia (17-16).

Gorgodze deixa o Mundial com dois tries, 41 tackles feitos (95% de acerto), 14 arrancadas fugindo de adversários e sete roubadas de bola. Além de levar para a casa – e para o Toulon, seu time na França – a fama se ter sido um dos destaques do torneio.

A Namíbia, por outro lado, viu escapar o que poderia ser a primeira vitória em Mundiais. Os africanos ainda têm a Argentina pela frente no próximo domingo, mas vão ser presa fácil, ainda mais com o cansaço da batalha de hoje.

Mesmo assim, podem se contentar com a inédita vitória durante um dos tempos (6-0) e a sua primeira pontuação em Copas: um ponto bônus defensivo, por ter perdido por uma diferença menor ou igual a sete pontos.

A vitória da Geórgia ainda pode render uma segunda celebração. Se a Nova Zelândia bater Tonga na próxima sexta (o que é mais do que provável), os georgianos se garantem automaticamente no Mundial de 2019, como terceiro colocados do grupo.

Foto: Damien Meyer/AFP

Foto: Damien Meyer/AFP

(Grandalhão “Gorgodzilla” se destaca entre os demais jogadores)

DICA DO DIA: Se tiver a sorte de ir a Londres e visitar o estádio de Twickenham, não deixe de fora a passada pelo World Rugby Museum. Saiba mais em: englandrugby.com/twickenham/world-rugby-museum

O CARA: Bryan Habana. O camisa 11 da África do Sul fez história nesta quarta-feira. Ele chegou a 15 tries em mundiais, se igualando a lenda do rúgbi Jonah Lomu (ídolo da Nova Zelândia nas décadas de 1990 e 2000). Habana terá pelo menos um jogo garantido, nas quartas-de-final, para tentar se isolar na liderança deste ranking.

Enquanto isso, o posto de maior pontuador de todos os tempos no Mundial segue com o ex-abertura inglês Jonny Wilkinson. Campeão do mundo em 2003, Wilko tem 277 pontos nas Copas. E ele ainda pode ficar bem tranquilo: nenhum dos top 5 da lista de pontos segue na ativa.

A FRASE: “Os fãs dizem que estão sofrendo. Mas eu posso garantir que os jogadores sofrem cem vezes mais. Eu odeio essa caça às bruxas”, Mike Tindall, centro inglês no título mundial de 2003, comentando a repercussão da eliminação precoce da Inglaterra neste Mundial.

LONDON EYE: O que ainda está em aberto neste Mundial 2015? Vamos para a segunda parte:

Grupo “C”: A Nova Zelândia garante a liderança se vencer Tonga na próxima sexta-feira. Se isso acontecer, a Argentina se classifica em segundo batendo a Namíbia no domingo. Com a vitória desta quarta-feira, a Geórgia se garante na terceira colocação (desde que os All Blacks façam a sua parte).

Grupo “D”: Irlanda e França, com três vitórias cada, já estão nas quartas. Um embate entre os dois europeus vai definir o líder do grupo. Romênia e Itália vão disputar o terceiro lugar, também em confronto direto. Os dois jogos acontecem no domingo.


Vexame da copa? África do Sul renasce e já mira terceiro título mundial
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UOL Esporte

Por Bruno Romano

Foto: Mike Hewitt/Getty Images

Foto: Mike Hewitt/Getty Images

(Sul-africano Bryan Habana faz três tries e se iguala a Jonah Lomu como maior artilheiro das Copas)

O desastre da derrota para o Japão na estreia não faz mais parte da vida da África do Sul nesta Copa do Mundo. A vitória desta quarta-feira sobre os Estados Unidos por 64-0 garante os sul-africanos nas quartas-de-final como líderes do grupo “B”.

Mais do que uma vitória, esta foi a maior diferença de pontos do torneio até aqui. Além de o terceiro trunfo seguido dos sul-africanos com ponto bônus ofensivo. Em outras palavras, são 144 pontos a favor e 22 contra nos últimos três jogos.

Um desempenho para esquecer de vez o Japão e voltar a pensar na taça William Webb Ellis.

A volta por cima dos bicampeões mundiais (1995 e 2007) parecia impossível há alguns dias. O cenário colocava os Boks como fortes candidatos a vexame da Copa – título que acabou nas mãos da eliminada Inglaterra. Renascidos, podem fazer a tradição falar mais alto na fase de mata-mata.

É bem verdade que os Springboks ainda não tinham encantado. Das seleções de destaque até aqui, aliás, eram uma das que menos empolgava quem gosta de bom rúgbi.

A primeira vista, parecia muito pouco para detonar outra grande potência. Mas todas elas já devem ter colocado os Boks de volta ao radar.

Contra os Estados Unidos, a África do Sul demorou bastante para dominar um jogo teoricamente fácil. Quando achou o caminho, foi devastadora. Esse típico ímpeto dos Boks, muito bem-vindo para o Mundial, vai ser valioso daqui para frente.

Esse é um time experiente, que tem nos seus alicerces alguns medalhões do rúgbi moderno. São jogadores como Bryan Habana, com 32 anos, mas ainda voando baixo.

Campeão do mundo em 2007, mesmo ano em que foi eleito melhor jogador do planeta, Habana ainda é um grande velocista e finalizador. Só hoje, guardou três tries. Chegou a marca de 64 pela sua seleção e igualou o recorde de 15 tries em Copas do Mundo, ao lado de Jonah Lomu (Nova Zelândia).

A velha guarda é a realidade dos Springboks. O melhor a fazer é aceitar isso. Só assim, vão naturalmente abrir caminho para alguns jovens talentos – como o camisa 10 Handré Pollard, de 21 anos – se soltarem e brilharem.

No fim, a derrota para o Japão não apenas ficou para trás, como fez bem. Ela levou os Boks a repensarem sua superioridade. Trouxe a dúvida, a humildade e os pés ao chão. Obrigou os jogadores a se unirem de forma mais intensa. Desencadeou na reencarnação de um gigante do rúgbi.

Foto: Dylan Martinez/Reuters

Foto: Dylan Martinez/Reuters

(Quem segura? Damian de Allende brilha na vitória por 64-0 contra os EUA, maior placar do Mundial)


Maior virada e primeiro try: Copa do Mundo de rúgbi tem dia histórico
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UOL Esporte

Por Bruno Romano

Foto: Laurence Griffiths/Getty Images

Foto: Laurence Griffiths/Getty Images

(Seleção da Romênia celebra triunfo contra o Canadá por 17-15)

O Mundial tem o poder de transformar duelos de “pequenos” em grandes batalhas. Fora dos holofotes do rúgbi, Canadá e Romênia entraram em campo nesta terça sabendo que era a melhor chance que tinham para vencer nesta Copa. O efeito disso foi um jogo eletrizante, que acabou com a maior vitória de virada de todos os tempos do Mundial.

Com um rúgbi mais aberto, veloz e bem organizado, o Canadá garantiu uma vantagem de 15-0 aos 45 minutos de jogo. Mas os romenos, na base da raça e da insistência, tiraram a diferença (17-15) para faturar sua primeira conquista em mundiais na história.

Jogos das seleções com menos ranking, entretanto, costumam escancarar falhas técnicas e táticas. Entre um e outro lance bem construído, a vontade e a doação em campo se sobressaem.

Constantes erros – de passe, recepção e chute, por exemplo – deixam claro o diferencial das grandes potências do esporte em relação ao segundo e ao terceiro escalão. A chuva que caiu em Leicester atrapalhou, é verdade, mas não é desculpa. Para ser justo, ela acabou favorecendo o jogo mais fechado da Romênia.

Nesta hora, fica claro como os tops do mundo têm a capacidade de fazer bem as coisas mais simples, mesmo sob pressão. E, a partir delas, constroem lances incríveis.

De qualquer forma, o duelo entre Canadá e Romênia não perdeu em emoção. E ainda trouxe exemplos positivos, como a combatividade, a disputa leal e (principalmente) a certeza de que sempre vale lutar até o final.

Enquanto o Canadá se despede da Copa com sua quarta derrota, a Romênia ainda tem a chance de roubar da Itália a terceira colocação deste grupo “D”.

Pode parecer pouco, mas no rúgbi isso significa se garantir automaticamente no próximo Mundial (em 2019, no Japão). Vencer o Canadá e conquistar o primeiro trunfo em mundiais foi marcante. Mas só batendo a Itália, a Romênia fará história de verdade.

Foto: Michael Steele/Getty Images

Foto: Michael Steele/Getty Images

(Cena do Leicester City Stadium, na Inglaterra, lotado para o duelo Romênia x Canadá)

Uruguai perde, mas sai “vitorioso”

Não é justo dizer que o Uruguai “jogou como nunca, mas perdeu como sempre” contra Fiji. O duelo foi mais do que isso. Depois de um começo arrasador dos fijianos voadores, nossos vizinhos mostraram valentia e padrão de jogo, deixando o embate divertido até o final.

Ambos já estavam fora da disputa pelo título antes mesmo do chute de saída. Nem por isso deixaram de trazer um entretenimento de alto nível. Entretenimento para nós, espectadores, claro.

Lá dentro, a batalha de oitenta minutos foi física, pesada e intensa. Típica de Mundial. Digna do “grupo da morte”. E, tirando o cartão vermelho do uruguaio Agustín Ormachea (o primeiro do Mundial, aliás), foi um jogo com dois vencedores.

Foto: Paul Gilham/Getty Images

Foto: Paul Gilham/Getty Images

(Uruguaios entoam o hino antes de encarar Fiji pelo Mundial)

DICA DO DIA: As disputas de semifinal do Super 8, a primeira divisão do rúgbi brasileiro, terão uma preliminar bem curiosa no próximo dia 24 de outubro. Será a tentativa de quebra de recorde do maior scrum do mundo. A ação está aberta para qualquer interessado em participar. Para mais informações e inscrições, acesse: maiorscrumdomundo.com.br

O CARA: Mihai Macovei. O camisa 6 da Romênia anotou dois tries na vitória contra o Canadá, que marcou o primeiro triunfo de sua seleção em Mundiais.

A FRASE: “Acho que deu para ver a felicidade na nossa celebração, com todos vibrando juntos como um time. A gente merecia isso”, Santiago Vilaseca, capitão do Uruguai, sobre o primeiro try dos sul-americanos neste Mundial contra Fiji.

A IMAGEM: Fijianos fazem seu último Cibi, cerimonial típico das ilhas do Pacífico antes de cada disputa no rúgbi.

Foto: Andrew Boyers/Reuters

Foto: Andrew Boyers/Reuters

LONDON EYE: O que ainda está em aberto neste Mundial? Vamos por partes:

Grupo “A”: Austrália e Gales vão decidir a liderança do grupo em duelo direto no próximo sábado. A Inglaterra já garantiu o terceiro lugar (e a vaga no Mundial de 2019) independente do resultado contra o Uruguai no domingo.

Grupo “B”: Basta ganhar dos Estados Unidos nesta quarta para a África do Sul encobrir o vexame da estreia e acabar no topo do grupo. Com esse resultado, a Escócia precisa bater Samoa para ficar com o segundo lugar. O Japão corre por fora, torcendo por derrotas sul-africanas e escocesas, desde que faça sua parte contra os Estados Unidos.


Ex-número 1 do mundo, Inglaterra iguala seu pior ranking da história
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UOL Esporte

Por Bruno Romano

Foto: Shaun Botterill/Getty Images

Foto: Shaun Botterill/Getty Images

A pior participação inglesa em uma Copa do Mundo de Rúgbi acaba de render outro recorde negativo. Nesta segunda-feira, a World Rugby divulgou o novo ranking mundial com a Inglaterra em oitavo lugar, mais baixa posição já alcançada (ao lado de algumas semanas de 2009).

Com mais jogos do Mundial no horizonte, a colocação ainda pode piorar. Sobretudo se a vizinha Escócia, nona na classificação atual, seguir embalada no torneio. Até por que, a eliminada Inglaterra vai se despedir da Copa contra o Uruguai, no próximo sábado.

Este bem atualizado ranking da World Rugby é divulgado a cada segunda-feira pela entidade máxima do esporte. Vale lembrar que pontuação estabelecida duplica em partidas de Mundial.

Tudo bem, não precisa nem ser jogador de rúgbi para saber que rankings (em qualquer esporte, aliás) são apenas números. Eles não mudam resultado de jogos, nem definem muita coisa na prática. Mas a posição inglesa agrava ainda mais a delicada situação dos anfitriões da Copa.

Enquanto a imprensa britânica se dedica a analisar a eliminação precoce – chegando a pedir uma reforma na base do rúgbi no país –, ex-jogadores ingleses e especialistas da bola oval clamam publicamente pela saída do treinador Stuart Lancaster, que tem contrato até 2020.

Os artigos relacionados à derrota para a Austrália (33-13) no último sábado acumulam palavras como humilhação e vexame. E falam também de uma sensação de vasto abismo.

No lado alegre da história, a Austrália retomou a vice-liderança do ranking, ficando a atrás da Nova Zelândia (1º) e a frente do País de Gales (3º). Um duelo direto entre galeses e australianos no próximo sábado vai testar a precisão da lista.

Outras sete seleções subiram na classificação, todas em uma posição: África do Sul (4º), França (6º), Argentina (7º), Japão (11º), Tonga (12º), Itália (13º) e Geórgia (14º).

Já Samoa, mais recente vítima do Japão – a grande revelação deste Mundial 2015 –, perdeu quatro lugares e atingiu sua pior classificação da sua história, com o 15º lugar.

Dos 102 países ranqueados, o Brasil está em 39º. É o quinto sul-americano da lista, atrás de Argentina (7º), Uruguai (19º), Chile (23º) e Paraguai (36º).

Foto: Paul Gilham/Getty Images

Foto: Paul Gilham/Getty Images

JONNY WILKINSON DÁ SEUS PITACOS

Já que não dá mais para torcer pelo seu país, o ex-camisa 10 inglês Jonny Wilkinson falou sobre sua visão do Mundial. O campeão do mundo em 2003 preferiu não entrar em polêmicas. Em vez disso, destacou seus três jogadores preferidos até aqui.

O abertura francês Frederik Michalak – seu colega de posição e de clube, no Toulon – tem agradado Wilko. Segundo ele, a dedicação de Michalak nos treinos sempre foi inspiradora. Além disso, suas habilidades e sua capacidade de manejar o jogo estão bem acima da média.

Outro elogiado foi o camisa 9 galês Gareth Davies. Para Wilko, Davies define o ritmo dos jogos e têm tomadas de decisões precisas. Sua performance garante que os backs galeses (números 9 a 15) estejam no mesmo nível dos forwards (números 1 a 8), tradicionalmente a grande fortaleza de Gales.

Por fim, o campeão mundial destaca DTH van der Merwe, sul-africano de nascimento que veste a camisa 11 do Canadá. Ele enfatiza a agilidade de Merwe para fugir de adversários, seja evitando o contato ou partindo para o embate direto. O inglês também se impressionou com a competitividade de Merwe em cada jogo.

Pelo menos até 2019, Wilko está garantido como o grande nome da Inglaterra na história dos Mundiais. Além de uma atuação memorável durante o torneio de 2003, foi dele o chute da vitória na final (já na prorrogação) contra a vilã do momento, a Austrália.

LEGAL, MAS E OS JOGOS DO MUNDIAL?

Depois de um pouco de conversa de segunda-feira sem jogo, vale destacar o que o Mundial 2015 tem pela frente. Três diferentes tipos de duelo vêm por aí.

O primeiro deles reúne os underdogs, ou “azarões”, já sem muita coisa a perder. Canadá contra Romênia (terça, 12h45) e Namíbia versus Geórgia (quarta, 16h) prometem ser aqueles jogos equilibrados e pegados. Podem não ser shows de rúgbi, mas vão valer os ingressos.

O segundo tipo de partida é o famoso “gigante contra pequeno”. É assim que Fiji vai encarar o Uruguai (terça, 16h) e a África do Sul vai pegar os Estados Unidos (quarta, 12h45).

Favoritismo e pressão de um lado. E o delicioso sabor de entrar em campo contra uma potência mundial – para jogar seu melhor e se divertir – do outro. Tomara que seja o suficiente para nos divertir também.

O último jogo dos dias de semana – Nova Zelândia e Tonga (sexta, 16h) – mais parece com o segundo grupo. Ainda assim, o duelo de danças tribais será um espetáculo a parte. E, se Tonga fizer valer sua habilidade e força física (antes de fantasiar com resultado), pode transformar o jogo também em espetáculo.

Foto: Phil Walter/Getty Images

Foto: Phil Walter/Getty Images