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Arquivo : copa do mundo de rúgbi

Time de rúgbi da África do Sul visita Chelsea e tamanho assusta Diego Costa
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O atacante Diego Costa levou um susto no treino do Chelsea nesta quinta-feira (22). Durante a atividade, os jogadores de rúgbi da África do Sul apareceram para uma visita, e o tamanho dos atletas assustou o brasileiro naturalizado espanhol.

A seleção da África do Sul está na Inglaterra por causa da disputa da Copa do Mundo de rúgbi. A equipe enfrentará a Nova Zelândia na semifinal do torneio, que acontecerá no sábado, dia 24 de outubro.


Sinal de alerta, lesões e longo jejum rondam a Austrália antes da semi
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Por Bruno Romano

Foto: Dan Mullan/Getty Images

Foto: Dan Mullan/Getty Images

(FOCO: o capitão australiano Stephen Moore lidera os Wallabies às vésperas da decisão)

A Austrália começou com tudo o Mundial: superou o grupo da morte, eliminou a Inglaterra e despontou como a seleção mais “afiada” do torneio. Mas a perda de dois jogadores chave (David Pocock e Israel Folau) e um duelo quase trágico contra a Escócia nas quartas-de-final levantou suspeita.

Some a isso a força da Argentina – embalada, perigosa e sem nada a perder – e vai entender o tamanho da missão dos australianos no próximo domingo pela segunda semifinal desta Copa.

Durante a semana, atletas e treinadores fizeram questão de deixar claro que a confiança está em dia. O camisa 9 Will Genia, principal articulador da equipe, chegou a dizer que a partida apertada contra a Escócia é “irrelevante” agora.

O problema é que a classificação sofrida escancarou falhas defensivas – e ainda deixou claro como Pocock e Folau fazem falta. O camisa 8 (talvez o melhor forward do torneio até agora) e o fullback lutam para se recuperarem de lesão a tempo de entrarem na lista de titulares desta sexta-feira. O pilar Scott Sio também é dúvida.

Pocock e Folau não são apenas brilhantes individualmente como fazem parte da “espinha dorsal” do time. Os camisas 2, 8, 9, 10 e 15 carregam funções chave em uma equipe de rúgbi, e acabam sendo responsáveis por alicerçar várias áreas do jogo. Repare que essas posições não possuem pares em campo, ao contrário do que acontece com pilares (#1 e #3), segundas-linhas (#4 e #5), asas (#6 e #7), centros (#12 e #13) e pontas (#11 e #14), que têm “espelhos” para dividir o trabalho (e a responsabilidade) no gramado.

Além da dúvida dos lesionados, os Wallabies têm um pequeno tabu a quebrar. Das quatro seleções campeãs mundiais – Nova Zelândia, África do Sul e Inglaterra também levantaram o caneco –, a Austrália é a que não vence a Copa há mais tempo. São 16 anos desde o título de 1999, tempo em que o rúgbi mudou de forma mais rápida na história.

Desde então, os Wallabies chegaram a uma final (2003), foram eliminados nas quartas (2007) e caíram nas semis (2011) contra a atual campeã Nova Zelândia. Das sete Copas disputadas até hoje, a Austrália faturou dois títulos e estive em cinco semifinais (das quais passaram por três).

Não dar crédito aos Wallabies é loucura. Até por que o retrospecto direto contra os Pumas nos últimos 15 anos é de 10 vitórias nos últimos 11 jogos.

O último triunfo argentino aconteceu no Rugby Championship de 2014, em Mendoza. Detalhe: os Pumas contornaram um resultado de 14-0 para vencer. Historicamente, a chance de uma virada dessa acontecer em mundiais é bem pequena. Em apenas 4,3 % das partidas disputadas em Copas do Mundo uma seleção conseguiu reverter uma diferença igual ou maior do que 10 pontos. Em mata-mata a porcentagem sobe, mas pouco: 5,6%.

Se o placar ficar equilibrado, o sonho dos Pumas não vai parecer delírio – e o pesadelo dos Wallabies pode virar realidade. Do Mundial de 2011 para cá, a Argentina aprendeu de vez a vencer jogos grandiosos. O manejo de jogo (estratégia, decisão e execução) dos Pumas evoluiu de forma impressionante, a ponto de quase de igualarem suas chances contra os Wallabies nesta semifinal.

Eles também aprenderam a ser mortais em cima dos pontos fracos dos adversários. Apenas se Pocock e Folau voltarem, a balança volta a ficar mais pesada para o lado australiano. Caso contrário, tudo está em aberto.

Foto: Dan Mullan/Getty Images

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(Oitavo australiano David Pocock faz de tudo para se recuperar para a semifinal)


Mundial de rúgbi: uma grande festa com a rivalidade na medida certa
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Artigo escrito por Werner Grau
Vice-presidente da Confederação Brasileira de Rugby

O Mundial de rúgbi está sendo realizado na Inglaterra. Logo na primeira semana, após o jogo de abertura no majestoso estádio de Twickenham, foram realizadas partidas nos estádios de Wembley e Olímpico, em Londres, e em cidades como Brighton (aquela imortalizada pelo Queen em Brighton Rock).

Mas a maior parte dos jogos aconteceu em Londres, uma cidade tão grande, e dotada de vida tão própria, que o Mundial não alterou sua rotina. Como disse minha filha, o Mundial de 2011, concentrado em Auckland, parou a cidade (na verdade, o país, já que o rúgbi, na Nova Zelândia, é quase uma religião), enquanto, em Londres, não se viu algo parecido, o que reduz um pouco a mística do torneio.

Mas não só de Inglaterra vive este Mundial. Alguns jogos, importantes, foram realizados na belíssima Cardiff, no País de Gales. Aqui, como em Auckland, o mundo parece girar em torno do rúgbi, a começar pela bola gigante “encaixada” na amurada do Castelo de Cardiff.

A localização do estádio também ajuda, porque o gigantesco Millenium Stadium fica encravado na cidade, tendo em uma face o Rio Taff, que cruza Cardiff, e em outra uma das ruas principais da cidade, coalhada de pubs e restaurantes (mais pubs do que restaurantes) estrategicamente localizados em frente ao estádio.

Esse cenário alonga e transforma o espetáculo, que já não se restringe ao lado de dentro do estádio, passando a ocupar todo o dia quando se joga às oito da noite, como foi o caso de Nova Zelândia X França, pelas quartas de final  do torneio.

Desde cedo, o entorno do estádio acumulava torcedores. E, aqui, dois fatos inusitados para quem está acostumado às facções do futebol: primeiro, a mistura de neozelandeses e franceses, somados a irlandeses e argentinos, bem como galeses e sul-africanos (que foram aos pubs assistir Gales e África do Sul, que se enfrentaram em Londres). Tudo na mais alta harmonia e respeito. As rivalidades ficam para o campo, exclusivamente.

O segundo fato inusitado é a forma de se vestir dos torcedores. Os irlandeses, quando não estão vestidos de leprechaun (duendes), trajam ternos verdes, com trevos de quatro folhas em destaque; os franceses, sempre tricolores, vestem-se de Asterix, de Obelix, ou simplesmente pintam-se nas cores de seu país. Argentino, barulhentos, “vestem” a bandeira do país, enquanto somente os neozelandeses mantêm o preto nas camisas de sua seleção e comportam-se de forma mais comedida.

Nessa grande festa, ganha o esporte, que tem rivalidades na medida certa – exclusivamente no campo, e durante o jogo – e o respeito como centro, e os torcedores, que chegam à região doe estádio horas antes do jogo, e podem se divertir com segurança e tranquilidade.

Cardiff, menor do que Londres, e com esse desenho em que o estádio é abraçado pela cidade, contribui para um ambiente excepcional. Respirando rúgbi, fomos ao Castelo de Cardiff e, enquanto visitávamos o lugar, ouvíamos os argentinos e irlandeses cantando, e os franceses entoando hinos.

Ao final de um jogo eletrizante, voltam todos aos pubs, agora para debater o que se viu em campo. E, em nossa mesa, sentam-se pessoas de oito países distintos, para uma conversa em que, ao final, só duas regras valem: o tema tem de ser rúgbi; e, em qualquer hipótese, somos todos amigos, pouco importando quem ganhou ou perdeu, mas valendo a vontade de conversar sobre esse esporte que, se ainda não te pegou, vai te cativar em breve.

Cardiff pode não ser a principal cidade dos jogos deste Mundial. Mas merece, sem dúvida, o título de capital do rúgbi; ou, se preferirem, a Jóia da Coroa.

 


Por que os All Blacks são uma máquina de fazer tries?
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Por Bruno Romano

Foto: LOIC VENANCE/AFP

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(Artilheiro: em seu primeiro Mundial, o neozelandês Julian Savea já anotou oito tries)

Você nem precisa ser um grande fã de rúgbi para perceber como é difícil vencer os All Blacks. Mas já parou para pensar no tamanho da encrenca que é tentar barrar um deles? O físico neozelandês (e fã de rúgbi) Geoff Willmott ficou tão curioso que decidiu medir o impacto. Ele escolheu, claro, o ponta Julian Savea, artilheiro deste Mundial 2015 e autor de três tries contra a França nas quartas-de-final.

Aos 25 anos e com 112 kg, Savea atingiu a marca de 7,5 metros por segundo em seu terceiro try, gerando uma energia cinética equivalente a um ônibus de três toneladas se movendo a 3 km/h. Segundo Willmott, em entrevista ao portal neozelandês stuff.co.nz, seria preciso aplicar a força de 300 newtons durante três segundos, para detê-lo.

Para comparar o que isso significa na prática, se colocar uma pessoa “normal”, de 75 kg, na frente de um Savea embalado, o sujeito será lançado, durante meio segundo, para finalmente cair cinco metros à frente.

Acontece que Savea é só a “cereja do bolo” de uma engrenagem poderosa. Os All Blacks já anotaram 236 pontos e 34 tries – nove deles contra a França – em cinco jogos desta Copa, garantindo o melhor ataque da competição até aqui. Para entender o que a África do Sul terá pela frente na semifinal do próximo sábado, fomos fundo nos pontos-chave desta máquina de fazer tries.

> A tese: A bola fica mais tempo com eles.

Chance de sucesso: Grande.

Os All Blacks ainda não perderam nenhum scrum nesta Copa – e também estão bem nas saídas de jogo e nos laterais. A média de erros com a bola em mãos é baixíssima: apenas 1,2 por jogo. Ou seja, a Nova Zelândia não apenas garante a posse de bola, mesmo quando há disputa, como sabe tratá-la muito bem.

O antídoto: Bons “pescadores” nos rucks (traduzindo: um defensor que busca a bola imediatamente após um atleta ser derrubado), alguma ousadia nas saídas de jogo e um bom estudo das jogadas de laterais.

> A tese: No jogo aberto, eles são tão rápidos e dinâmicos que nem sempre há posições definidas.

Chance de sucesso: Altíssima.

Se fosse preciso apontar a maior virtude dos All Blacks, provavelmente seria essa: os neozelandeses são capazes de cumprir várias funções, não importando o número da camisa. Acha pouco? Bom, tente segurá-los fazendo isso por 80 minutos seguidos. Em outras palavras, todos eles têm técnica, velocidade e visão tática para armar uma jogada ou definir uma bola de ataque.

O antídoto: Comunicação, organização e coordenação defensiva. Além disso, é fundamental comprometer o mínimo possível de jogadores nos lances de contato.

> A tese: Os contra-ataques são fatais.

Chance de sucesso: Considerável.

Tudo que os All Blacks fazem visa desorganizar a defesa adversária. Quando conseguem, pontuam. Mas quando ela já está naturalmente desorganizada, como em um contra-ataque, eles fazem uma rápida leitura de terreno e avançam com força máxima no espaço que se abriu. Some a isso as atuações incríveis neste Mundial dos pontas Julian Savea e Milner-Skudder e do fullback Ben Smith e terá um bom motivo para preocupação.

O antídoto: Caprichar no jogo de chutes táticos, sem espaço para erros. Fazer uma pressão perfeita (e em conjunto) após um chute. E, claro, tentar não perder bolas nos rucks e scrums.

> A tese: A experiência e o banco fazem a diferença.

Chance de sucesso: Razoável.

Cinco “centenários” fazem parte deste elenco All Black: os titulares Richie McCaw (146 jogos), Dan Carter (110) e Ma’a Nonu (101), além dos suplentes Keven Mealamu (130) e Tony Woodcock (118). O banco de reversas também tem atletas que seriam aproveitados como titulares na maioria das seleções do mundo. Dos gigantes e habilidosos Charlie Faumuina e Victor Vito, aos talentosos e decisivos Sonny Bill Williams e Beauden Barrett.

O antídoto: Confiar que a juventude também pode fazer estrago, sobretudo nos duelos dos centros e aberturas. Os sul-africanos Damian de Allende (#12) e Jesse Kriel (#13), de 23 e 21 anos, enfrentarão os All Blacks Ma’a Nonu (#12) e Conrad Smith (#13), com 33 e 34 anos. Já o explosivo abertura dos Boks, Handré Pollard, de 21 anos, tem pela frente o camisa 10 Dan Carter, de 33, maior pontuador da história do rúgbi.

> A tese: A ótima fase e o histórico devem pesar.

Chance de sucesso: Bem provável.

Imagine a força que vestir a camisa preta dos All Blacks te dá. Agora, tente imaginar também a pressão sentida ao colocar a “armadura”. O segredo do treinador Steve Hansen para equilibrar esta balança é mesclar trabalho duro com diversão. Se o ambiente é de estresse, isso se refletirá em campo. Mas se o deixa ser mais relaxado, sabendo dosar a hora de brincar com a hora de “ralar”, o negócio funciona bem, nas palavras do próprio Hansen. Durante a semana, ele também lembrou: “Você tem de se divertir… Qual é o sentido de estar ali em campo, se não estiver desfrutando?”. Suas 45 vitórias e apenas três derrotas e dois empates (90% de aproveitamento) desde que assumiu o posto há quatro anos falam por si só.

O antídoto: Começar o jogo com tudo – pressa não é sinônimo de velocidade –, jogando a pressão e a responsabilidade para o outro lado.

Foto: Phil Walter/Getty Images

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(Treinador Steve Hansen comanda trabalho dos All Blacks antes da semifinal)


Não estamos loucos! 5 motivos para você torcer para a Argentina no rúgbi
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Depois de uma vitória histórica sobre a Irlanda, a Argentina está na semifinal da Copa do Mundo. No próximo domingo (25), os “Pumas” enfrentam a Austrália por uma vaga na decisão. E separamos alguns motivos para você deixar a rivalidade futebolística de lado e vestir o azul e branco. Acredite, os últimos representantes da América do Sul na competição não são tão diferentes de nós.

Eles também choram no hino…

E tiram selfies

Foto: Phil Walter/Getty Images

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Abraço, David Luiz

Eles não escondem que são zebras no torneio

Foto: Paul Gilham/Getty Images

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É sempre mais legal torcer para o mais fraco, vai!

Mas caso você não pire na Argentina como o Maradona…

Foto: Michael Steele/Getty Images

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Então torça por esse monte de bebês fofos Emoticon in loveEmoticon in loveEmoticon in love

Foto: Mike Hewitt/Getty Images

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Foto: Michael Steele/GettyImages

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Foto: REBECCA NADEN/REUTERS

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Dancinha ‘Macarena’ de kicker da África do Sul vira alvo de piada de rival
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Durante os dois meses de duração da Copa do Mundo de rúgbi, os jogadores encontram tempo para relaxar e se divertir. E vale até zoar os adversários. Foi o que fez Trevor Nyakane, pilar reserva da África do Sul, que resolveu imitar Dan Biggar, kicker do País de Gales.

Vamos à explicação: antes de cada chute, Biggar tem um ritual de passar a mão umas duas vezes em cada ombro, arrumar o cabelo, ameaçar chutar estilo Quico, do Chaves, e depois de 15 segundos executar a cobrança.

A mania de Biggar já rendeu até uma brincadeira com a música Macarena. E o ritual passou a ser chamado de “Biggarena”.

África do Sul e País de Gales se enfrentaram nas quartas de final da Copa do Mundo de rúgbi. Os sul-africanos venceram por 23 a 19.


África do Sul revela armas para “missão impossível” contra os All Blacks
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Por Bruno Romano

Foto: Paul Gilham/Getty Images

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(Cena do try salvador de Fourie du Preez que garantiu os Springboks na semifinal)

Tudo está ao lado da Nova Zelândia nesta Copa Mundo. Se procurar nas estatísticas, vai encontrar um All Black no topo (ou bem perto dele). Se perguntar a fãs e especialistas quem passa para a final no próximo sábado, terá sempre a mesma resposta. É impossível negar que os homens de preto são favoritos. Até os sul-africanos concordam. Mas eles têm bons planos para acabar com esta festa antecipada.

Os All Blacks não são apenas a melhor equipe do torneio, como lideram o ranking mundial desde novembro de 2009. Ainda assim, a seleção com mais chance de quebrar essa escrita é a África do Sul. A porcentagem de vitória dos All Blacks nos últimos 90 encontros com os Springboks é de 59 % – contra Austrália, segunda melhor neste quesito, a marca chega a 70%.

Se contarmos só as Copas do Mundo, o duelo direto entre Nova Zelândia e África do Sul marca dois a um para os Boks, já anotando a vitória sul-africana na lendária final de 1995.

Acha pouco? Os 41% de chance são um baita incentivo contra o melhor time do mundo. É claro que são apenas números. A estratégia da campeã mundial de 1995 e 2007 é mais real e, por que não, possível.

Para Bryan Habana, artilheiro em tries dos Springboks nesta Copa – e na história dos Mundiais, ao lado do neozelandês Jonah Lomu – a única forma de vencer é “ser melhor do que o seu melhor”. Segundo Habana: “A disciplina tem de ser incrível, a defesa tem de ser mais dura do que nunca, e o físico e a intensidade têm de atingir outro nível”.

“Acontece que, contra os All Blacks, sua intensidade naturalmente já atinge outro nível”, completa o experiente sul-africano, acostumado a jogar contra os neozelandeses.

Por trás desta guerra de dois gigantes, há várias batalhas individuais. Uma das principais será entre o companheiro de Habana, o outro ponta sul-africano JP Pietersen. Será dele a missão de defender Julian Savea, o “tryman” dos All Blacks.

“Savea é um grande jogador, mas não é justo compará-lo a Jonah Lomu, um cara que realmente mudou o jogo de rúgbi”, diz Pietersen. Quando perguntado sobre sua missão na defesa, o campeão mundial em 2007 com os Boks cravou: “Nós vivemos de desafios”.

Para o pilar sul-africano Jannie du Plessis, outra peça chave no duelo, o segredo está na mente. “Se focarmos nas possibilidades de errar contra eles, vamos acabar errando. E, contra os All Blacks, isso significa tomar cinco tries em 10 minutos”, exagera o pilar. “Em vez de se preocupar com os perigos, temos de pensar onde queremos estar, e fazer de tudo para chegar lá”, defende Jannie.

A forma como os Boks chegaram até esta semifinal ajuda nesta fortaleza mental. Enquanto os All Blacks só foram testados para valer no jogo de abertura contra a Argentina, a África do Sul venceu quatro “finais” depois da derrota para o Japão – Escócia, Samoa e Gales estiveram neste caminho.

Ao contrário da França, que sofreu da Nova Zelândia uma devastadora derrota há três dias (62-13), os Springboks estão mais acostumados a jogar contra os neozelandeses, seja em jogos de seleção ou em seus clubes de Super Rugby.

A partir das semifinais, historicamente, os jogos de Copa também entram em uma nova fase, com placares mais apertados – será que o próprio plano de jogo dos All Blacks não pode ficar um pouco mais pragmático? Em outras palavras, semifinal de Copa não costuma ser uma exibição aberta de um time só.

Se a partida se encaminhar para um duelo mais fechado, conservador e de placar apertado, uma luz pode clarear o caminho do jogo bruto e duro dos Boks. É bem verdade que os japoneses os venceram partindo para o tudo ou nada, mas a situação era outra. Eles foram pegos de surpresa. Não é o caso agora.

A África do Sul que vai enfrentar os All Blacks é o time que venceu os últimos cinco jogos, não o que perdeu o primeiro.

Os treinadores dos Boks também têm um papel importante nisso. O head coach Heineke Meyer garantiu que a jogada do try de Fourie du Preez, que deu a vitória contra Gales nos últimos minutos, foi treinada durante toda a semana.

Já o treinador de defesa John McFarland deixou claro que o trabalho antes da semifinal será acabar com o mal pela raiz. Traduzindo: está treinando um plano para não permitir nenhuma quebra de linha (ou furada de defesa) dos All Blacks. Até por que, quando o fazem, tem o melhor aproveitamento do mundo para anotar tries.

Se os All Blacks conseguirem furar essa estratégia e aplicar um ritmo alucinante no começo, convertendo isso em pontos – e provando de uma vez por todas que são a melhor geração da história do rúgbi –, o time sul-africano não tem o perfil de quem é capaz de correr atrás.

Mas se segurarem o jogo apertado, por outro lado, o sonho dos Boks começa a ficar mais perto da realidade.

Mesmo tendo perdendo dez jogos e vencendo apenas dois contra a Nova Zelândia desde 2010, os Springboks tiveram resultados apertados nos últimos três encontros – com direito a uma vitória.

O tabu de nenhuma seleção ter ganhado Copas seguidas até hoje não é mero acaso. Entre os três gigantes do rúgbi (Nova Zelândia, África do Sul e Austrália), há muita qualidade e história para cravar qualquer resultado antes de o jogo começar.

Os All Blacks têm tudo nas mãos. Mas se há alguém que pode pará-los nesta “missão impossível”, eles atendem pelo nome e pela fama de Springboks.

Foto: Mike Hewitt/Getty Images

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(O sul-africano JP Pietersen terá dupla missão: marcar tries e barrar o artilheiro neozelandês Julian Savea)


Argentina na semi: os novos Pumas são muito mais do que “garra” e “huevos”
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Foto: Michael Steele/GettyImages

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(Juan Martín Fernández Lobbe lidera festa argentina após vitória contra a Irlanda)

Ver a Argentina classificada para a semifinal desta Copa do Mundo de Rúgbi, ao lado das bicampeãs mundiais Nova Zelândia, Austrália e África do Sul – eliminando todas as seleções da Europa – pode surpreender quem não tem acompanhado os Pumas nos últimos anos.

A seleção que despachou a Irlanda nas quartas-de-final (43-20) e que vai encarar a Austrália no próximo fim de semana ainda é marcada pela raça e doação em campo. Só que os Pumas atuais têm uma nova mentalidade, sabem manejar os jogos de outra forma e são ousados e precisos em cada execução.

É um novo estilo de jogo. Bem mais parecido com o dos outros três gigantes do hemisfério sul, todos ainda vivos na luta pelo título.

Desde que os Pumas entraram para o Tri Nations em 2012 (formando o novo Rugby Champioship), não tiveram alternativa: foi preciso aplicar um rúgbi mais aberto, com uma postura mais ofensiva. Ou buscavam esse novo caminho, ou nunca seriam páreos para jogos anuais contra as potências do sul: All Blacks, Wallabies e Springboks.

Foi um longo processo de desconstrução. Vários dos grandes jogadores argentinos, por atuar na França e na Inglaterra, estavam acostumados com um estilo mais tradicional (e menos explosivo) de rúgbi. O time também precisou respeitar sua inferioridade, aceitando o fato de que tomariam muita “pancada” para colher frutos mais tarde.

Em 2012 e 2013, os Pumas jogaram 12 partidas de Rugby Championship e não venceram nenhuma. As primeiras vitórias contra Austrália e África do Sul – em toda história, aliás – só vieram em 2014 e 2015.

A frase de Juan Martín Fernández Lobbe (Puma desde 2004 e destaque neste Mundial) é clássica: “Sempre disse que preferia perder para os All Blacks a ganhar de qualquer outro time”. É nessas horas que se aprende. E os Pumas estavam dispostos a isso.

A seleção que chega com moral nesta semifinal está sendo construída desde 2009. Lá atrás, começava para valer um novo projeto rúgbi argentino, que aproveitou a base de 500 clubes amadores (e uma longa história de devoção ao esporte) para lapidar talentos em centros de treinamento de alto rendimento.

Os resultados desse trabalho não são mera empolgação ou falácia. Neste Mundial, eles já podem ser comprovados em números. Ninguém fez mais pontos que a Argentina na fase de grupos (179), nem mesmo a África do Sul (176) e a Nova Zelândia (174). A Argentina também anotou 22 tries na fase inicial, três a menos que os All Blacks, e liderou várias estatísticas ofensivas: metros conquistados (2.687), offloads (50) e quebradas de defesa (46).

É preciso estar bem preparado fisicamente para isso. Já parou para pensar na quantidade de contusões do Mundial (perto de 50) e no número de lesões sérias dos Pumas (nenhuma)? Não dá para dizer que isso é apenas sorte.

Também não foi obra do acaso contar com o treinador neozelandês campeão do mundo em 2011, Graham Henry, como parte da comissão técnica, neste processo de reinvenção do rúgbi argentino. Henry chegou com o cargo de “supervisor técnico”, com o objetivo de melhorar a qualidade (individual e coletiva). Um trabalhoso, mas necessário caminho para ir mais longe. O neozelandês começou uma revolução na forma de pensar e jogar dos argentinos. Henry deixou um legado.

Com mais técnica, os Pumas só melhoram pontos onde já eram referência, como o forte scrum e a valente defesa. No ataque, se tornaram mais ariscos, inteligentes e perigosos do que nunca.

Para chegar lá, também foi preciso renovar os líderes.

Daniel Hourcade treinou o selecionado juvenil da Argentina, passou pela seleção de Sevens e ainda fez parte da comissão técnica de Portugal no Mundial de 2007 antes de assumir os Pampas XV. Este foi nome dado ao time de desenvolvimento dos Pumas, uma espécie de equipe “B”. Hourcade foi o coordenador do projeto, que preparou e revelou vários argentinos para o time principal.

Só em novembro de 2013 ganhou o posto de head coach dos Pumas. De lá para cá tem liderado essa nova.

O capitão e hooker Agustín Creevy também foi um “achado” após a brilhante carreira do antigo camisa 2 Mario Ledesma (hoje a cargo do “inimigo” da semifinal, como treinador de forwards da Austrália). Creevy é carismático e às vezes “cabeça quente” demais, mas faz o papel de capitão com maestria: chama a responsabilidade, nas ações e nas decisões e sabe puxar para cima um time cheio de jovens. Dez jogadores do elenco atual têm menos de 25 anos.

A última (e não menos importante) mudança nos Pumas foi a mentalidade. E ela não veio de uma crença “sobrenatural” ou de uma imensa vontade de vencer. Ela surge fortalecida em todo este trabalho feito até aqui. Degrau por degrau. A confiança dos argentinos foi aumentando com consistência. Hoje, ela pode ser vista em cada lance do jogo. Tanto na defesa, como já era mais comum, como no ataque, esta nova arma, eficiente e bem afiada.

Hourcade pede aos jogadores o que eles podem fazer. Não o contrário. E é assim, baseado em suas fortalezas, que os Pumas se propõem a assumir riscos (pensados e treinados). Aos poucos, o nível vai subindo.

É por tudo isso que não foi a garra, a raça, nem os “huevos” que trouxeram os Pumas até aqui. Eles estão presentes, claro, pois fazem parte da essência do rúgbi argentino e da formação desses jogadores, desde pequenos. A cena do hino contra a Irlanda, com todos emocionados, mostra bem isso. Sempre foi assim (não é nenhuma uma novidade), e sempre será.

O que mudou agora é o que acontece depois do hino. A força física e mental dos jogadores já atingiu um novo patamar. Para a alegria do rúgbi argentino, a Copa do Mundo 2015 não é o fim deste trabalho – independente do que aconteça contra a Austrália. É apenas o começo de uma nova fase.

Foto: Phil Walter/Getty Images

Foto: Phil Walter/Getty Images

(Tries de pontas, como Juan Imhoff, comprovam a revolução do ataque argentino)


Austrália garante supremacia do sul, mas revela suas fraquezas
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Por Bruno Romano

Foto: Paul Gilham/Getty Images

Foto: Paul Gilham/Getty Images

(Australiano Ben Foley acerta penal decisivo para garantir a vaga na semifinal)

A Austrália sobreviveu ao grupo da morte, venceu cinco jogos seguidos nesta Copa e acaba de se classificar para a semifinal. Mas a seleção considerada até aqui a melhor do torneio está agora no seu momento mais frágil e delicado. Por uma bola, os australianos não perderam para a Escócia (35-34), no duelo mais surpreendente e emocionante deste fim de semana, fechando as quartas-de-final do Mundial 2015.

Acontece que, antes do apito inicial, a Escócia era vista como o time mais fraco das quartas. Era o duelo do último colocado do Six Nations (Escócia) contra o campeão do Rugby Championship (Austrália), os dois maiores torneios de seleções dos hemisférios sul e norte.

Ainda assim, os escoceses fizeram frente a uma seleção bicampeã mundial (1991 e 1999) e só perderam por uma falta cometida nos últimos dois minutos de jogo, que rendeu três pontos por chute e definiu o placar.

A Escócia deixa a Copa, mas salva a honra do rúgbi europeu. Irlanda, Gales e França também foram eliminados nas quartas, assim como a anfitriã Inglaterra – esta última, na fase de grupos. Coube ao time mais fraco (na teoria) mostrar que a diferença de hemisférios talvez não seja tão grande assim.

A Austrália tem méritos por seguir adiante, é verdade, mas escancarou suas fraquezas. Não controlou a batalha dos forwards, ficou perdida com um jogo mais lento imposto pela Escócia e ainda sofreu muito para defender as jogadas mais fechadas – abrindo espaços que pareciam não existir em uma defesa heroica na primeira fase.

O arsenal escocês para quebrar essa muralha foi bem variado. Tiraram o ritmo do jogo no ataque (cadenciando a bola e usando chutes táticos), abusaram de tackles duplos na defesa e dificultaram cada saída de bola australiana, seja com o jogo parado ou em movimento.

Como em uma partida de xadrez, programam e executaram cada movimento, já prevendo a reação da Austrália, e o caminho que ela abriria para o lance seguinte.

Para falar a verdade, a Escócia fez tudo o que é preciso para derrubar um gigante. Faltou apenas um ponto, uma concentração final, um capricho extra para coroar uma aula de estratégia, execução e bravura dentro de um campo de rúgbi.

É natural transformar a história do jogo, mesmo com a derrota, no “feito” escocês. De certa forma, passar adiante era uma obrigação dos australianos.

O plano traçado por Vern Cotter, brilhante treinador neozelandês no comando da Escócia, e a capacidade dos britânicos de segui-lo, com disciplina, técnica e caráter, merece mais aplausos do que a virada de última hora da Austrália. É claro que daqui a uma semana, a história se inverte, com os Wallabies em campo e a Escócia assistindo o Mundial.

Mas se a vitória no rúgbi está em fazer o seu melhor, jogar no seu limite e se superar não importando o tamanho da encrenca, a lição que os escoceses passam com esse jogo é muito mais valiosa do que a dos australianos.

Os Wallabies seguem seu caminho invicto, é verdade. Mas deixam escapar o posto de melhor seleção até aqui – esta “honra” está agora nas mãos da Nova Zelândia. Tudo tem seu lado e seu lado ruim.

Não há dúvida de que a exibição da Escócia vai fortalecer ainda mais a mente da Argentina, adversária da Austrália na semifinal. Por outro lado, um sinal de alerta dos Wallabies foi acionado. E ele pode ter aparecido em boa hora.

Foto: Shaun Botterill/Getty Images

Foto: Shaun Botterill/Getty Images

(Foi por pouco: escocês Mark Bennet anota try no fim do duelo contra os Wallabies)


Neozelandês “reencarna” melhor da história em massacre contra França
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Por Bruno Romano

Foto: Stu Forster/Getty Images

Foto: Stu Forster/Getty Images

(O All Black Julian Savea anota hat-trick, e revive try da lenda do rúgbi Jonah Lomu)

Uma jogada resume o show da Nova Zelândia sobre a França neste sábado (62-13) pelas quartas-de-final do Mundial 2015. O ponta neozelandês Julian Savea recebe a bola, engata a quinta marcha, atropela três adversários – como se fossem amadores – e mergulha para o try.

A cena é muito parecida com outro “atropelo” histórico de uma lenda All Black: Jonah Lomu, considerado o melhor jogador de rúgbi de todos os tempos. Lomu despontou para o mundo na Copa de 1995, torneio em fez um try semelhante ao de Savea, desta vez atropelando ingleses na semifinal.

Julian Savea ainda fez mais contra a França neste sábado: anotou outros dois tries e fechou o dia igualando um recorde de Lomu (oito tries em uma mesma Copa). Savea já tem mais da metade da marca histórica de 15 tries feitos em Copas tanto por Bryan Habana (África do Sul) como pelo próprio Lomu. Detalhe: este é apenas o primeiro Mundial de Savea.

Para vencer um jogo de mata-mata, os All Blacks precisavam mesmo acelerar a marcha, neste ritmo de Savea. Em potência total, os homens de preto são imbatíveis. Mas só no quinto jogo deste Mundial, a verdadeira face do time foi revelada – e ela parece amedrontadora demais para alguém encarar.

Na reedição da final da Copa de 2011 contra a França, a Nova Zelândia não só convenceu como aplicou sua maior vitória no torneio. Nem Namíbia, Geórgia, Tonga e Argentina tomaram uma diferença tão grande de pontos.

A atual geração campeã do mundo dos neozelandeses conseguiu elevar ainda mais o nível de seu jogo. Estão mais rápidos, inteligentes e decisivos. Também parecem mais unidos e equilibrados. Fazem uma batalha brutal parecer diversão. E, sim, pode acreditar: eles estão mesmo se divertindo.

Em um massacre tão grande como o de hoje, sobra pouco espaço para falar sobre a França, que perdeu seu camisa 10 Frédéric Michalak, contundido, logo no começo do jogo. Nem dois Michalak atuando juntos seriam suficientes para o embalo que os All Blacks colocaram desde o primeiro minuto.

A França vai ter de repensar seu rúgbi: a forma de jogar, a maneira de desenvolver seus talentos e as estratégias para encarar gigantes do esporte. É um longo, mas necessário caminho – que a derrota para os All Blacks só obrigou a começar de imediato.

De volta aos All Blacks e à “reencarnação” de Lomu, há outra coincidência.  Naquela Copa de 1995, quando Lomu acabou com os ingleses na semifinal, o gigante encarou no jogo seguinte a África do Sul. Mas ele não foi suficiente para resolver a parada. Este All Blacks atual, no entanto, é muito mais do que Julian Savea. O time fala mais alto do que as individualidades.

A final de 1995, com Lomu em campo, ficou eternizada pelo primeiro título mundial dos Springboks, pelo fim do Apartheid e do boicote das seleções contra os sul-africanos por questões políticas, além do envolvimento direto de Nelson Mandela com o esporte.

Dentro de campo, deu África do Sul contra Nova Zelândia na decisão. Agora, um novo encontro dos gigantes está marcado na semifinal desde Mundial 2015. Novamente os All Blacks chegam como favoritos. Desta vez, com vários “Lomus” em campo.

Foto: Peter Cziborra/Reuters

Foto: Peter Cziborra/Reuters

(All Blacks abrem o jogo com “Kapa O Pango”, a versão mais brutal do Haka)