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Não estamos loucos! 5 motivos para você torcer para a Argentina no rúgbi
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Depois de uma vitória histórica sobre a Irlanda, a Argentina está na semifinal da Copa do Mundo. No próximo domingo (25), os “Pumas” enfrentam a Austrália por uma vaga na decisão. E separamos alguns motivos para você deixar a rivalidade futebolística de lado e vestir o azul e branco. Acredite, os últimos representantes da América do Sul na competição não são tão diferentes de nós.

Eles também choram no hino…

E tiram selfies

Foto: Phil Walter/Getty Images

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Abraço, David Luiz

Eles não escondem que são zebras no torneio

Foto: Paul Gilham/Getty Images

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É sempre mais legal torcer para o mais fraco, vai!

Mas caso você não pire na Argentina como o Maradona…

Foto: Michael Steele/Getty Images

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Então torça por esse monte de bebês fofos Emoticon in loveEmoticon in loveEmoticon in love

Foto: Mike Hewitt/Getty Images

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Foto: REBECCA NADEN/REUTERS

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Dancinha ‘Macarena’ de kicker da África do Sul vira alvo de piada de rival
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Durante os dois meses de duração da Copa do Mundo de rúgbi, os jogadores encontram tempo para relaxar e se divertir. E vale até zoar os adversários. Foi o que fez Trevor Nyakane, pilar reserva da África do Sul, que resolveu imitar Dan Biggar, kicker do País de Gales.

Vamos à explicação: antes de cada chute, Biggar tem um ritual de passar a mão umas duas vezes em cada ombro, arrumar o cabelo, ameaçar chutar estilo Quico, do Chaves, e depois de 15 segundos executar a cobrança.

A mania de Biggar já rendeu até uma brincadeira com a música Macarena. E o ritual passou a ser chamado de “Biggarena”.

África do Sul e País de Gales se enfrentaram nas quartas de final da Copa do Mundo de rúgbi. Os sul-africanos venceram por 23 a 19.


África do Sul revela armas para “missão impossível” contra os All Blacks
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Por Bruno Romano

Foto: Paul Gilham/Getty Images

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(Cena do try salvador de Fourie du Preez que garantiu os Springboks na semifinal)

Tudo está ao lado da Nova Zelândia nesta Copa Mundo. Se procurar nas estatísticas, vai encontrar um All Black no topo (ou bem perto dele). Se perguntar a fãs e especialistas quem passa para a final no próximo sábado, terá sempre a mesma resposta. É impossível negar que os homens de preto são favoritos. Até os sul-africanos concordam. Mas eles têm bons planos para acabar com esta festa antecipada.

Os All Blacks não são apenas a melhor equipe do torneio, como lideram o ranking mundial desde novembro de 2009. Ainda assim, a seleção com mais chance de quebrar essa escrita é a África do Sul. A porcentagem de vitória dos All Blacks nos últimos 90 encontros com os Springboks é de 59 % – contra Austrália, segunda melhor neste quesito, a marca chega a 70%.

Se contarmos só as Copas do Mundo, o duelo direto entre Nova Zelândia e África do Sul marca dois a um para os Boks, já anotando a vitória sul-africana na lendária final de 1995.

Acha pouco? Os 41% de chance são um baita incentivo contra o melhor time do mundo. É claro que são apenas números. A estratégia da campeã mundial de 1995 e 2007 é mais real e, por que não, possível.

Para Bryan Habana, artilheiro em tries dos Springboks nesta Copa – e na história dos Mundiais, ao lado do neozelandês Jonah Lomu – a única forma de vencer é “ser melhor do que o seu melhor”. Segundo Habana: “A disciplina tem de ser incrível, a defesa tem de ser mais dura do que nunca, e o físico e a intensidade têm de atingir outro nível”.

“Acontece que, contra os All Blacks, sua intensidade naturalmente já atinge outro nível”, completa o experiente sul-africano, acostumado a jogar contra os neozelandeses.

Por trás desta guerra de dois gigantes, há várias batalhas individuais. Uma das principais será entre o companheiro de Habana, o outro ponta sul-africano JP Pietersen. Será dele a missão de defender Julian Savea, o “tryman” dos All Blacks.

“Savea é um grande jogador, mas não é justo compará-lo a Jonah Lomu, um cara que realmente mudou o jogo de rúgbi”, diz Pietersen. Quando perguntado sobre sua missão na defesa, o campeão mundial em 2007 com os Boks cravou: “Nós vivemos de desafios”.

Para o pilar sul-africano Jannie du Plessis, outra peça chave no duelo, o segredo está na mente. “Se focarmos nas possibilidades de errar contra eles, vamos acabar errando. E, contra os All Blacks, isso significa tomar cinco tries em 10 minutos”, exagera o pilar. “Em vez de se preocupar com os perigos, temos de pensar onde queremos estar, e fazer de tudo para chegar lá”, defende Jannie.

A forma como os Boks chegaram até esta semifinal ajuda nesta fortaleza mental. Enquanto os All Blacks só foram testados para valer no jogo de abertura contra a Argentina, a África do Sul venceu quatro “finais” depois da derrota para o Japão – Escócia, Samoa e Gales estiveram neste caminho.

Ao contrário da França, que sofreu da Nova Zelândia uma devastadora derrota há três dias (62-13), os Springboks estão mais acostumados a jogar contra os neozelandeses, seja em jogos de seleção ou em seus clubes de Super Rugby.

A partir das semifinais, historicamente, os jogos de Copa também entram em uma nova fase, com placares mais apertados – será que o próprio plano de jogo dos All Blacks não pode ficar um pouco mais pragmático? Em outras palavras, semifinal de Copa não costuma ser uma exibição aberta de um time só.

Se a partida se encaminhar para um duelo mais fechado, conservador e de placar apertado, uma luz pode clarear o caminho do jogo bruto e duro dos Boks. É bem verdade que os japoneses os venceram partindo para o tudo ou nada, mas a situação era outra. Eles foram pegos de surpresa. Não é o caso agora.

A África do Sul que vai enfrentar os All Blacks é o time que venceu os últimos cinco jogos, não o que perdeu o primeiro.

Os treinadores dos Boks também têm um papel importante nisso. O head coach Heineke Meyer garantiu que a jogada do try de Fourie du Preez, que deu a vitória contra Gales nos últimos minutos, foi treinada durante toda a semana.

Já o treinador de defesa John McFarland deixou claro que o trabalho antes da semifinal será acabar com o mal pela raiz. Traduzindo: está treinando um plano para não permitir nenhuma quebra de linha (ou furada de defesa) dos All Blacks. Até por que, quando o fazem, tem o melhor aproveitamento do mundo para anotar tries.

Se os All Blacks conseguirem furar essa estratégia e aplicar um ritmo alucinante no começo, convertendo isso em pontos – e provando de uma vez por todas que são a melhor geração da história do rúgbi –, o time sul-africano não tem o perfil de quem é capaz de correr atrás.

Mas se segurarem o jogo apertado, por outro lado, o sonho dos Boks começa a ficar mais perto da realidade.

Mesmo tendo perdendo dez jogos e vencendo apenas dois contra a Nova Zelândia desde 2010, os Springboks tiveram resultados apertados nos últimos três encontros – com direito a uma vitória.

O tabu de nenhuma seleção ter ganhado Copas seguidas até hoje não é mero acaso. Entre os três gigantes do rúgbi (Nova Zelândia, África do Sul e Austrália), há muita qualidade e história para cravar qualquer resultado antes de o jogo começar.

Os All Blacks têm tudo nas mãos. Mas se há alguém que pode pará-los nesta “missão impossível”, eles atendem pelo nome e pela fama de Springboks.

Foto: Mike Hewitt/Getty Images

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(O sul-africano JP Pietersen terá dupla missão: marcar tries e barrar o artilheiro neozelandês Julian Savea)


Argentina na semi: os novos Pumas são muito mais do que “garra” e “huevos”
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Foto: Michael Steele/GettyImages

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(Juan Martín Fernández Lobbe lidera festa argentina após vitória contra a Irlanda)

Ver a Argentina classificada para a semifinal desta Copa do Mundo de Rúgbi, ao lado das bicampeãs mundiais Nova Zelândia, Austrália e África do Sul – eliminando todas as seleções da Europa – pode surpreender quem não tem acompanhado os Pumas nos últimos anos.

A seleção que despachou a Irlanda nas quartas-de-final (43-20) e que vai encarar a Austrália no próximo fim de semana ainda é marcada pela raça e doação em campo. Só que os Pumas atuais têm uma nova mentalidade, sabem manejar os jogos de outra forma e são ousados e precisos em cada execução.

É um novo estilo de jogo. Bem mais parecido com o dos outros três gigantes do hemisfério sul, todos ainda vivos na luta pelo título.

Desde que os Pumas entraram para o Tri Nations em 2012 (formando o novo Rugby Champioship), não tiveram alternativa: foi preciso aplicar um rúgbi mais aberto, com uma postura mais ofensiva. Ou buscavam esse novo caminho, ou nunca seriam páreos para jogos anuais contra as potências do sul: All Blacks, Wallabies e Springboks.

Foi um longo processo de desconstrução. Vários dos grandes jogadores argentinos, por atuar na França e na Inglaterra, estavam acostumados com um estilo mais tradicional (e menos explosivo) de rúgbi. O time também precisou respeitar sua inferioridade, aceitando o fato de que tomariam muita “pancada” para colher frutos mais tarde.

Em 2012 e 2013, os Pumas jogaram 12 partidas de Rugby Championship e não venceram nenhuma. As primeiras vitórias contra Austrália e África do Sul – em toda história, aliás – só vieram em 2014 e 2015.

A frase de Juan Martín Fernández Lobbe (Puma desde 2004 e destaque neste Mundial) é clássica: “Sempre disse que preferia perder para os All Blacks a ganhar de qualquer outro time”. É nessas horas que se aprende. E os Pumas estavam dispostos a isso.

A seleção que chega com moral nesta semifinal está sendo construída desde 2009. Lá atrás, começava para valer um novo projeto rúgbi argentino, que aproveitou a base de 500 clubes amadores (e uma longa história de devoção ao esporte) para lapidar talentos em centros de treinamento de alto rendimento.

Os resultados desse trabalho não são mera empolgação ou falácia. Neste Mundial, eles já podem ser comprovados em números. Ninguém fez mais pontos que a Argentina na fase de grupos (179), nem mesmo a África do Sul (176) e a Nova Zelândia (174). A Argentina também anotou 22 tries na fase inicial, três a menos que os All Blacks, e liderou várias estatísticas ofensivas: metros conquistados (2.687), offloads (50) e quebradas de defesa (46).

É preciso estar bem preparado fisicamente para isso. Já parou para pensar na quantidade de contusões do Mundial (perto de 50) e no número de lesões sérias dos Pumas (nenhuma)? Não dá para dizer que isso é apenas sorte.

Também não foi obra do acaso contar com o treinador neozelandês campeão do mundo em 2011, Graham Henry, como parte da comissão técnica, neste processo de reinvenção do rúgbi argentino. Henry chegou com o cargo de “supervisor técnico”, com o objetivo de melhorar a qualidade (individual e coletiva). Um trabalhoso, mas necessário caminho para ir mais longe. O neozelandês começou uma revolução na forma de pensar e jogar dos argentinos. Henry deixou um legado.

Com mais técnica, os Pumas só melhoram pontos onde já eram referência, como o forte scrum e a valente defesa. No ataque, se tornaram mais ariscos, inteligentes e perigosos do que nunca.

Para chegar lá, também foi preciso renovar os líderes.

Daniel Hourcade treinou o selecionado juvenil da Argentina, passou pela seleção de Sevens e ainda fez parte da comissão técnica de Portugal no Mundial de 2007 antes de assumir os Pampas XV. Este foi nome dado ao time de desenvolvimento dos Pumas, uma espécie de equipe “B”. Hourcade foi o coordenador do projeto, que preparou e revelou vários argentinos para o time principal.

Só em novembro de 2013 ganhou o posto de head coach dos Pumas. De lá para cá tem liderado essa nova.

O capitão e hooker Agustín Creevy também foi um “achado” após a brilhante carreira do antigo camisa 2 Mario Ledesma (hoje a cargo do “inimigo” da semifinal, como treinador de forwards da Austrália). Creevy é carismático e às vezes “cabeça quente” demais, mas faz o papel de capitão com maestria: chama a responsabilidade, nas ações e nas decisões e sabe puxar para cima um time cheio de jovens. Dez jogadores do elenco atual têm menos de 25 anos.

A última (e não menos importante) mudança nos Pumas foi a mentalidade. E ela não veio de uma crença “sobrenatural” ou de uma imensa vontade de vencer. Ela surge fortalecida em todo este trabalho feito até aqui. Degrau por degrau. A confiança dos argentinos foi aumentando com consistência. Hoje, ela pode ser vista em cada lance do jogo. Tanto na defesa, como já era mais comum, como no ataque, esta nova arma, eficiente e bem afiada.

Hourcade pede aos jogadores o que eles podem fazer. Não o contrário. E é assim, baseado em suas fortalezas, que os Pumas se propõem a assumir riscos (pensados e treinados). Aos poucos, o nível vai subindo.

É por tudo isso que não foi a garra, a raça, nem os “huevos” que trouxeram os Pumas até aqui. Eles estão presentes, claro, pois fazem parte da essência do rúgbi argentino e da formação desses jogadores, desde pequenos. A cena do hino contra a Irlanda, com todos emocionados, mostra bem isso. Sempre foi assim (não é nenhuma uma novidade), e sempre será.

O que mudou agora é o que acontece depois do hino. A força física e mental dos jogadores já atingiu um novo patamar. Para a alegria do rúgbi argentino, a Copa do Mundo 2015 não é o fim deste trabalho – independente do que aconteça contra a Austrália. É apenas o começo de uma nova fase.

Foto: Phil Walter/Getty Images

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(Tries de pontas, como Juan Imhoff, comprovam a revolução do ataque argentino)


Austrália garante supremacia do sul, mas revela suas fraquezas
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Por Bruno Romano

Foto: Paul Gilham/Getty Images

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(Australiano Ben Foley acerta penal decisivo para garantir a vaga na semifinal)

A Austrália sobreviveu ao grupo da morte, venceu cinco jogos seguidos nesta Copa e acaba de se classificar para a semifinal. Mas a seleção considerada até aqui a melhor do torneio está agora no seu momento mais frágil e delicado. Por uma bola, os australianos não perderam para a Escócia (35-34), no duelo mais surpreendente e emocionante deste fim de semana, fechando as quartas-de-final do Mundial 2015.

Acontece que, antes do apito inicial, a Escócia era vista como o time mais fraco das quartas. Era o duelo do último colocado do Six Nations (Escócia) contra o campeão do Rugby Championship (Austrália), os dois maiores torneios de seleções dos hemisférios sul e norte.

Ainda assim, os escoceses fizeram frente a uma seleção bicampeã mundial (1991 e 1999) e só perderam por uma falta cometida nos últimos dois minutos de jogo, que rendeu três pontos por chute e definiu o placar.

A Escócia deixa a Copa, mas salva a honra do rúgbi europeu. Irlanda, Gales e França também foram eliminados nas quartas, assim como a anfitriã Inglaterra – esta última, na fase de grupos. Coube ao time mais fraco (na teoria) mostrar que a diferença de hemisférios talvez não seja tão grande assim.

A Austrália tem méritos por seguir adiante, é verdade, mas escancarou suas fraquezas. Não controlou a batalha dos forwards, ficou perdida com um jogo mais lento imposto pela Escócia e ainda sofreu muito para defender as jogadas mais fechadas – abrindo espaços que pareciam não existir em uma defesa heroica na primeira fase.

O arsenal escocês para quebrar essa muralha foi bem variado. Tiraram o ritmo do jogo no ataque (cadenciando a bola e usando chutes táticos), abusaram de tackles duplos na defesa e dificultaram cada saída de bola australiana, seja com o jogo parado ou em movimento.

Como em uma partida de xadrez, programam e executaram cada movimento, já prevendo a reação da Austrália, e o caminho que ela abriria para o lance seguinte.

Para falar a verdade, a Escócia fez tudo o que é preciso para derrubar um gigante. Faltou apenas um ponto, uma concentração final, um capricho extra para coroar uma aula de estratégia, execução e bravura dentro de um campo de rúgbi.

É natural transformar a história do jogo, mesmo com a derrota, no “feito” escocês. De certa forma, passar adiante era uma obrigação dos australianos.

O plano traçado por Vern Cotter, brilhante treinador neozelandês no comando da Escócia, e a capacidade dos britânicos de segui-lo, com disciplina, técnica e caráter, merece mais aplausos do que a virada de última hora da Austrália. É claro que daqui a uma semana, a história se inverte, com os Wallabies em campo e a Escócia assistindo o Mundial.

Mas se a vitória no rúgbi está em fazer o seu melhor, jogar no seu limite e se superar não importando o tamanho da encrenca, a lição que os escoceses passam com esse jogo é muito mais valiosa do que a dos australianos.

Os Wallabies seguem seu caminho invicto, é verdade. Mas deixam escapar o posto de melhor seleção até aqui – esta “honra” está agora nas mãos da Nova Zelândia. Tudo tem seu lado e seu lado ruim.

Não há dúvida de que a exibição da Escócia vai fortalecer ainda mais a mente da Argentina, adversária da Austrália na semifinal. Por outro lado, um sinal de alerta dos Wallabies foi acionado. E ele pode ter aparecido em boa hora.

Foto: Shaun Botterill/Getty Images

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(Foi por pouco: escocês Mark Bennet anota try no fim do duelo contra os Wallabies)


Neozelandês “reencarna” melhor da história em massacre contra França
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Por Bruno Romano

Foto: Stu Forster/Getty Images

Foto: Stu Forster/Getty Images

(O All Black Julian Savea anota hat-trick, e revive try da lenda do rúgbi Jonah Lomu)

Uma jogada resume o show da Nova Zelândia sobre a França neste sábado (62-13) pelas quartas-de-final do Mundial 2015. O ponta neozelandês Julian Savea recebe a bola, engata a quinta marcha, atropela três adversários – como se fossem amadores – e mergulha para o try.

A cena é muito parecida com outro “atropelo” histórico de uma lenda All Black: Jonah Lomu, considerado o melhor jogador de rúgbi de todos os tempos. Lomu despontou para o mundo na Copa de 1995, torneio em fez um try semelhante ao de Savea, desta vez atropelando ingleses na semifinal.

Julian Savea ainda fez mais contra a França neste sábado: anotou outros dois tries e fechou o dia igualando um recorde de Lomu (oito tries em uma mesma Copa). Savea já tem mais da metade da marca histórica de 15 tries feitos em Copas tanto por Bryan Habana (África do Sul) como pelo próprio Lomu. Detalhe: este é apenas o primeiro Mundial de Savea.

Para vencer um jogo de mata-mata, os All Blacks precisavam mesmo acelerar a marcha, neste ritmo de Savea. Em potência total, os homens de preto são imbatíveis. Mas só no quinto jogo deste Mundial, a verdadeira face do time foi revelada – e ela parece amedrontadora demais para alguém encarar.

Na reedição da final da Copa de 2011 contra a França, a Nova Zelândia não só convenceu como aplicou sua maior vitória no torneio. Nem Namíbia, Geórgia, Tonga e Argentina tomaram uma diferença tão grande de pontos.

A atual geração campeã do mundo dos neozelandeses conseguiu elevar ainda mais o nível de seu jogo. Estão mais rápidos, inteligentes e decisivos. Também parecem mais unidos e equilibrados. Fazem uma batalha brutal parecer diversão. E, sim, pode acreditar: eles estão mesmo se divertindo.

Em um massacre tão grande como o de hoje, sobra pouco espaço para falar sobre a França, que perdeu seu camisa 10 Frédéric Michalak, contundido, logo no começo do jogo. Nem dois Michalak atuando juntos seriam suficientes para o embalo que os All Blacks colocaram desde o primeiro minuto.

A França vai ter de repensar seu rúgbi: a forma de jogar, a maneira de desenvolver seus talentos e as estratégias para encarar gigantes do esporte. É um longo, mas necessário caminho – que a derrota para os All Blacks só obrigou a começar de imediato.

De volta aos All Blacks e à “reencarnação” de Lomu, há outra coincidência.  Naquela Copa de 1995, quando Lomu acabou com os ingleses na semifinal, o gigante encarou no jogo seguinte a África do Sul. Mas ele não foi suficiente para resolver a parada. Este All Blacks atual, no entanto, é muito mais do que Julian Savea. O time fala mais alto do que as individualidades.

A final de 1995, com Lomu em campo, ficou eternizada pelo primeiro título mundial dos Springboks, pelo fim do Apartheid e do boicote das seleções contra os sul-africanos por questões políticas, além do envolvimento direto de Nelson Mandela com o esporte.

Dentro de campo, deu África do Sul contra Nova Zelândia na decisão. Agora, um novo encontro dos gigantes está marcado na semifinal desde Mundial 2015. Novamente os All Blacks chegam como favoritos. Desta vez, com vários “Lomus” em campo.

Foto: Peter Cziborra/Reuters

Foto: Peter Cziborra/Reuters

(All Blacks abrem o jogo com “Kapa O Pango”, a versão mais brutal do Haka)


Guia de sobrevivência: como avançar no mata-mata do Mundial
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Por Bruno Romano

Foto: Phil Walter/Getty Images

Foto: Phil Walter/Getty Images

(Nova Zelândia reunida no Millenium Stadium antes do duelo contra a França pelas quartas-de-final)

A ansiedade dos fãs de rúgbi está prestes a acabar. Começa agora a angústia de quem faz parte das oito melhores seleções de rúgbi do planeta. Elas já estão prontas para entrar em campo neste fim de semana pelas quartas-de-final da Copa do Mundo de Rúgbi 2015.

Nos quatro duelos, o favoritismo (ora pequeno, ora razoável) é das seleções do hemisfério sul. Durante esta semana, já analisamos Nova Zelândia x França, África do Sul x País de Gales, Austrália x Escócia, Argentina x Irlanda – dê uma rápida vasculhada por este blog.

Agora é hora de destacar o que cada uma delas precisa fazer se quiser chegar mais longe neste Mundial.

Sábado, 17 de outubro

África do Sul x Gales (12h); Nova Zelândia x França (16h)

África do Sul: Para quebrar uma defesa que só tomou dois tries no grupo da morte vai ser preciso “martelar” muito com a tradicional força física. Mas isso não basta. A chave será a inteligência (e a qualidade de execução) na tomada decisões. Ou seja: juntar a defesa galesa em várias fases e virar rápido o jogo para a definição de pontas e fullback. Também é primordial cometer poucos penais dentro do campo de defesa – tudo indica que o jogo vai ser decidido por uma posse de bola.

Gales: Há um caminho melhor do que partir para o mano a mano durante 80 minutos contra os Springboks: espalhar os forwards em jogadas combinadas com os backs. Assim, o confronto direto pode favorecer os galeses e criar oportunidades no ataque. A supremacia nas formações fixas, sobretudo o scrum, é primordial para pensar em vitória. O camisa 10 Dan Biggar também pode variar suas armas de ataque arriscando o jogo aéreo, já que terá os grandalhões (e habilidosos) George North e Alex Cuthbert nas pontas.

 Foto: ADRIAN DENNIS/AFP

Foto: ADRIAN DENNIS/AFP

(Renascidos das cinzas, os Springboks, de Bryan Habana, mostraram como podem ser perigosos)

Nova Zelândia: Vai ser preciso acelerar a marcha de todo o time para dar conta do recado contra a França – um placar apertado como aconteceu contra os Pumas pode ser perigoso demais no fim deste jogo. Mais do que atacar com fúria, é preciso conter a boa linha francesa, vencendo os duelos de posições. Se conseguirem falar mais alto nos tackles, rucks e scrums, naturalmente os espaços vão aparecer para pontuar. Usar boa parte do banco de reservas no segundo tempo, já que todos têm nível de titular, também pode ajudar muito.

França: O único a fazer é se inspirar em quem tem dado o exemplo até aqui, sobretudo o capitão Thierry Dusautoir e o oitavo Luis Picamoles, que jogaram bem mesmo diante da atuação ruim contra a Irlanda. Se o time se unir, se concentrar em cada jogada e defender em conjunto, se abrirá um pequeno espaço para respirar (e sonhar com vitória). Com um jogo equilibrado e alguma posse de bola, o camisa 10 Frederic Michalak tem técnica e frieza para fazer estrago.

Domingo, 18 de outubro

Irlanda x Argentina (9h); Austrália x Escócia (12h)

Irlanda: Se os desfalques fazem muita falta, cabe a comissão técnica e aos líderes do time (os que sobraram de pé) transformarem isso em motivação. A Irlanda surpreendeu até aqui por mostrar um rúgbi dinâmico e moderno. Partir só para a “correria”, no entanto, não é a melhor ideia contra um time bem preparado como a Argentina. Mas se conseguirem assustar os Pumas com boa continuidade e uma defesa valente e brutal, um caminho pode se abrir.

Argentina: O cenário é bem favorável aos Pumas. E isso é perigoso, pois não há como pegar atalhos para vitória. Vai ser preciso praticar tudo o que já fizeram bem até aqui de novo (e provavelmente com o dobro do esforço). Juan Martín Hernández com a camisa 12 vai trazer segurança para o jovem abertura Nico Sanchez (#10). Está na mão deles conduzir o jogo para a vitória, desde que os forwards façam o que se espera deles: um domínio feroz do jogo fixo e uma participação ativa no jogo aberto.

Foto: Mike Hewitt/Getty Images

Foto: Mike Hewitt/Getty Images

(O camisa 10 Jonny Sexton está confirmado para liderar a Irlanda contra os Pumas)

Austrália: As vitórias contra Inglaterra e Gales impressionaram – teoricamente, a Escócia é uma presa mais fácil. Não há alternativa senão partir para definir a luta nos primeiros rounds (e por nocaute). Um jogo muito paciente e sem ousadia pode dar ânimo aos escoceses. É preciso abrir mais espaço para os pontas Drew Mitchell e Adam Ashley-Cooper aproveitarem melhor seus poderes de decisão – usar o experiente Matt Giteau como bola e segurança também é um ótimo negócio. Um jogo dinâmico, potente e bem variado entre forwards e backs (para não desgastar tanto nem um nem outro), é a melhor rota a seguir.

Escócia: Ninguém tem dado muito crédito aos escoceses. E isso é ótimo para eles. Como franco-atiradores têm mais que arriscar tudo. Para começar a pensar em vitória, precisam acordar antes no jogo, e fazer frente desde o início, algo que não conseguiram até aqui. De chute em chute, tomando boas decisões táticas, podem deixar a missão menos difícil. Este espírito de “tudo ou nada” tem mais a ver com inteligência, bravura e jogo em equipe do que com individualidades e tomadas de decisões “heróicas”.

 

Foto: GLYN KIRK/AFP

Foto: GLYN KIRK/AFP

(Melhores da primeira fase, os Wallabies fecham as quartas-de-final contra a Escócia)


Com rúgbi explosivo, Argentina tem chance de ouro contra abalada Irlanda
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Por Bruno Romano   

Foto: David Rogers/Getty Images

Foto: David Rogers/Getty Images

(No último encontro em mundiais, em 2007, os Pumas eliminaram os irlandeses na fase de grupos)

Talvez você não tenha ouvido falar deles, mas os “Pumas de Bronce” marcaram o começo de uma nova era no rúgbi argentino. Sim, nossos “hermanos” são bons com a bola oval e venceram duas vezes a poderosa França no Mundial de 2007. Os feitos surpreenderam o mundo do rúgbi, e os argentinos acabaram levando para casa uma inédita medalha de bronze.

Foi uma trajetória histórica dos Pumas, que começou com a eliminação da Irlanda (30-15) na fase de grupos daquela Copa. Será a mesma adversária deste domingo, agora pelo Mundial 2015, no Millenium Stadium de Cardiff.

De 2007 para cá, o negócio ficou profissional. A Argentina montou centros de treinamento pelo país, exportou como nunca jogadores para ligas estrangeiras e atingiu seu mais alto nível competitivo no exterior – tudo isso mantendo o rúgbi amador de clubes bem forte dentro do país.

Com arquitetura do ex-Puma Agustín Pichot, camisa 9 e capitão daquela seleção de 2007 (e agora cartola), os Pumas passaram a jogar anualmente, desde 2012, o The Rugby Championship, encarando Nova Zelândia, Austrália e África do Sul. A partir de 2016, também terão uma franquia no Super Rugby, campeonato dos grandes clubes do hemisfério sul.

Pichot tem ido aos jogos desta Copa, e é visto constantemente no vestiário dos Pumas. De terno e gravata, ele aproveitou bem o embalo das vitórias de sua geração e levou os Pumas mais longe. Agora, o ciclo se reverte. É a vez dos novos Pumas fazerem história, de novo com as chuteiras nos pés.

Foto: DAMIEN MEYER/AFP

Foto: DAMIEN MEYER/AFP

(Treinador Daniel Hourcade prepara a Argentina antes do duelo das quartas-de-final)

Irlanda x Argentina

(Millenium Stadium, País de Gales; 18/10, 9h)

No dia seguinte da vitória contra a França, que classificou a Irlanda em primeiro lugar do grupo “D”, o elenco saiu para relaxar e jogar golfe. Não está errado: um tempo de descontração sempre ajuda. Os próprios jogadores ingleses, agora eliminados do Mundial, reclamaram da falta de tempo livre fora da concentração.

Mas as tacadas irlandesas, por outro lado, revelam uma urgência em esfriar a cabeça. Acontece que triunfo contra a França custou muito caro. O capitão Paul O’Connell, o asa Peter O’Mahony (lesionados) e o outro asa Sean O’Brien (suspenso por agressão) são desfalques certos.

Ainda pode piorar. O camisa 10 Jonathan Sexton só vai treinar na sexta-feira, quando será revelado o mistério da sua escalação. Um dos treinadores irlandeses, Greg Feek, insinuou que estão eles estão dispostos a arriscar, mesmo sem Sexton estar 100 %.

É em cima deste abalo (físico e psicológico) que a Argentina quer fazer valer suas fortalezas atuais. Leia-se: o melhor ataque, com 179 pontos e 22 tries, e a liderança nas estatísticas de furadas de defesa (46) e offloads (50), os passes feitos quando o jogador está sendo derrubado – a Irlanda é apenas a 7ª e a 19ª nesses últimos dois quesitos.

Traduzindo: os Pumas jogam mais soltos, abusando da criatividade e da continuidade no ataque. Ainda que a Irlanda tenha se mostrado extremamente eficiente e decisiva – menos contra a Itália –, sobretudo no principal jogo até aqui, diante da França.

Só que a Argentina, hoje, está um nível acima da França.

Recentemente, os Pumas venceram a África do Sul em território africano – feito que a Irlanda nunca concretizou. E os argentinos ainda atuaram 67 minutos (dos 80) de igual para igual com a Nova Zelândia neste Mundial.

O cenário mostra uma chance perfeita para os Pumas avançarem. Mas a tradição irlandesa indica que será equilibrado. Na história, são 10 vitórias dos europeus (incluindo os últimos cinco jogos) e outras cinco argentinas, três delas em 2007, o ano da vitória no Mundial. De lá para cá só deu Irlanda.

Mesmo assim, até o ídolo irlandês Brian O’Driscoll, aposentado recentemente com 133 jogos pela seleção, mostrou receio contra os Pumas. Segundo BOD, como Brian é conhecido rúgbi mundial, os argentinos são atrevidos, se divertem jogando e estão sempre unidos, o que se reflete em campo. Enquanto alguns torcedores irlandeses já falam sobre semifinal, BOD vê os Pumas como adversários muito perigosos.

Líder deste time “atrevido, divertido e unido”, o capitão argentino Agustín Creevy disse durante essa semana que sonhou estar levantando a taça da Copa. Creevy está confiante a ponto de afirmar que não há limite para seu time. O desempenho dos Pumas neste domingo vai mostrar o quão perto seu sonho está da realidade.

Foto: Stu Forster/Getty Images

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(Lesionado, o camisa 10 Jonny Sexton pode ir para o sacrifício contra os Pumas)


Escócia encara tabu de 32 anos e poderosa Austrália com “tempero argentino”
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Por Bruno Romano

Foto: Paul Gilham/Getty Images

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(Cena do scrum australiano, sob tutela do argentino Mario Ledesma, atropelando a Inglaterra neste Mundial)

Aí vai uma pequena história para abrir a análise de hoje. Desde 1911, a Escócia jogou 47 vezes em Twickenham, todas contra a Inglaterra. Tente adivinhar (antes de pular para o próximo parágrafo) quantas vitórias eles conseguiram no estádio de Londres, palco do duelo deste domingo contra a Austrália, pelas quartas-de-final do Mundial.

Apenas quatro. A última delas há 32 anos, quando Roy Laidlaw, tio do atual camisa nove Greig Laidlaw (artilheiro, motor e coração do time atual), ainda atuava pela Escócia.

Lá atrás, em 1983, sequer havia Copa do Mundo. O primeiro Mundial só rolou em 1987.

Espera aí, desde quando o estádio muda alguma coisa? Verdade, mas o retrospecto escocês contra a Austrália também não ajuda: no Mundial de 2003, os australianos venceram o duelo, também em uma disputa de quartas-de-final (33-16).

E dos dez confrontos diretos nos últimos quinze anos, são apenas duas vitórias escocesas.

Deu para sentir o tamanho do drama?

Austrália x Escócia

(Twickenham, Inglaterra; 18/10, 12h)

Não há missão mais difícil nas quartas-de-final desta Copa do Mundo que a da Escócia. A mais frágil das oito classificadas vai enfrentar a seleção considerada (por treinadores, jogadores e vários especialistas, dos jornais aos pub’s) a grande favorita a vencer a Copa até aqui – ao lado, sempre, dos All Blacks.

Estamos falando de uma nação bicampeã mundial (1991 e 1999), que mostrou uma equipe embalada e no auge de sua forma.

Se contra a Inglaterra a Austrália deu aula de velocidade (de bola e de decisões), contra Gales deixou bem claro o que significa bravura e heroísmo em um campo de rúgbi. Saiu do grupo da morte fortalecida.

A confiança com que os australianos estão jogando é que mais impressiona. Essa sensação traiçoeira também pode ser um grande inimigo. Até por que, no papel – e na qualidade individual e coletiva – são muito superiores.

O curioso é que os Wallabies foram buscar uma solução argentina para esta Copa. O ex-primeira linha dos Pumas, Mario Ledesma, é o treinador dos forwards australianos (números 1 a 8, entre os titulares).

Somar a já conhecida potência dos backs (camisas 9 a 15) australianos com um jogo coletivo e impactante dos grandalhões foi um toque de mestre.

Segundo o head coach da Austrália Michael Cheika, o que Ledesma fez foi mostrar que a técnica é importante, mas a atitude é decisiva. Há um ano, este mesmo grupo foi devastado pelo scrum inglês. Nesta Copa, eles simplesmente passaram por cima dos anfitriões.

Em grandes jogos de rúgbi, que envolvem duas potências, scrums podem definir o resultado. Mais do que ganhar a posse de bola, um bom scrum passa fortes recados: somos mais fortes, estamos mais unidos e vamos sempre empurrar vocês. Esse domínio logo se reflete nas outras áreas do jogo.

É claro que a Escócia já está pensando em como tentar equilibrar isso. E terá de fazê-lo sem dois jogadores chave, Ross Ford e Jonny Gray, suspensos por tackles perigosos no último jogo contra Samoa.

O ótimo treinador neozelandês Vern Cotter, a frente dos escoceses, também deve estar tentando entender por que o time jogou tão mal até aqui nos primeiros tempos e tão bem nos segundos – erro que, se repetido, será fatal contra os Wallabies.

Superar todos esses desafios já seria o maior feito da história do rúgbi escocês. Somente uma vez, em 1991 contra a Inglaterra (9-6), eles sentiram o gosto de uma semifinal de Mundial.

Retrospectos, histórias e análises só servem para fora do campo, claro. Lá dentro, os escoceses sabem do tamanho da encrenca, mas têm outra ideia de jogo.

“Tenho certeza de que a mídia na Austrália já está pensando na semifinal”, provoca o pilar escocês Alasdair Dickinson, em entrevista coletiva. “Só que para a gente, essa é a nossa final”, finaliza Dickinson.

Foto: Dan Mullan/Getty Images

Foto: Dan Mullan/Getty Images


Tudo do mata-mata: os segredos (e os fantasmas) de Nova Zelândia e França
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UOL Esporte

O duelo que todos queriam rever: a Nova Zelândia, de Richie McCaw, e a França, de Thierry Dusautoir

O duelo que todos queriam rever: a Nova Zelândia, de Richie McCaw, e a França, de Thierry Dusautoir

Esta já é a melhor Copa de todos os tempos. Os números comprovam. Os fãs de rúgbi (e os especialistas) também. Mas o melhor ainda está por vir.

Na expectativa das quartas-de-final, fomos atrás do que pode fazer a diferença nos duelos de gigantes do rúgbi mundial. Pela ordem de respeito, começamos com os atuais campeões e líderes do ranking mundial.

E para nossa sorte, esperando grandes jogos de rúgbi, Nova Zelândia e França vão reeditar logo de cara duas finais de Copa: 1987 e 2011.

Nova Zelândia x França
(Millenium Stadium, País de Gales; 17/10, 16h)

Os All Blacks não perdem um jogo de Mundial desde 2007. De lá para cá são 11 vitórias – além do título de 2011, claro. Mas a última derrota vem à memória na forma de um fantasma francês.

Os homens de preto foram eliminados em 2007 pela França, anfitriões daquela Copa, ainda que o jogo tenha sido em Cardiff, mesmo palco do duelo do próximo fim de semana.

Os Les Blues ganharam novamente dos All Blacks em 2009, jogando em Dunedin, na Irlanda. Nos oito jogos seguintes, só deu Nova Zelândia.

A confiança, no entanto, foi exatamente o que levou os All Blacks à ruína dois mundiais atrás. Pelos menos nessa armadilha eles não vão cair de novo.

Do elenco atual, apenas o capitão Richie McCaw e o abertura Dan Carter estavam naquele time titular de 2007. O treinador Steve Hansen também fazia parte da comissão técnica.

Com ânimos renovados, o trio (e todos os All Blacks) terão a melhor chance de suas vidas para exorcizarem o maior demônio do país do rúgbi em mundiais.

Mas não custa lembrar que a única seleção do hemisfério norte que já venceu os All Blacks em Copas foi a França. E não foi “sorte de iniciante”. Além de 2007, eles também aprontaram em 1999 – duas das únicas seis derrotas da Nova Zelândia na história do torneio.
O sinal de alarme já foi ligado. O New Zealand Herald chama os franceses de “o pior encontro possível para os All Blacks” nas quartas-de-final. De fato, é o mais traiçoeiro.

Se a França achar uma nova forma de reverter o cenário, depois de uma derrota massacrante para a Irlanda, vai se encher de uma força capaz de levá-los ao primeiro título mundial.

Mesmo com toda fama, o camisa 10 Dan Carter nunca brilhou em mundiais; o sucesso contra a França depende dele

Mesmo com toda fama, Dan Carter nunca brilhou em mundiais; o sucesso contra a França depende dele

MUNDIAL 2015: recordes (e médias) da primeira fase:

> 2.020 pontos (51 por jogo)
> 60 pontos: Greig Laidlaw, Escócia

> 231 tries (5,7 por partida)
> 5 tries: Bryan Habana (África do Sul) e Julian Savea (Nova Zelândia)

> 179 pontos feitos: Argentina
> 50 offloads: Argentina

> 585 tackles: Escócia
> 41 roubadas de bola: Fiji

> 389 metros corridos: DHT Van der Merwe, Canadá
> 51 tackles: Michel Leith, Japão

> 1.881.023 torcedores (47 mil por jogo)
> 97 % de ingressos vendidos

Festa dentro e fora de campo: irlandeses comemoram a vitória contra a França no último domingo

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