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Neozelandês “reencarna” melhor da história em massacre contra França

UOL Esporte

Por Bruno Romano

Foto: Stu Forster/Getty Images

Foto: Stu Forster/Getty Images

(O All Black Julian Savea anota hat-trick, e revive try da lenda do rúgbi Jonah Lomu)

Uma jogada resume o show da Nova Zelândia sobre a França neste sábado (62-13) pelas quartas-de-final do Mundial 2015. O ponta neozelandês Julian Savea recebe a bola, engata a quinta marcha, atropela três adversários – como se fossem amadores – e mergulha para o try.

A cena é muito parecida com outro “atropelo” histórico de uma lenda All Black: Jonah Lomu, considerado o melhor jogador de rúgbi de todos os tempos. Lomu despontou para o mundo na Copa de 1995, torneio em fez um try semelhante ao de Savea, desta vez atropelando ingleses na semifinal.

Julian Savea ainda fez mais contra a França neste sábado: anotou outros dois tries e fechou o dia igualando um recorde de Lomu (oito tries em uma mesma Copa). Savea já tem mais da metade da marca histórica de 15 tries feitos em Copas tanto por Bryan Habana (África do Sul) como pelo próprio Lomu. Detalhe: este é apenas o primeiro Mundial de Savea.

Para vencer um jogo de mata-mata, os All Blacks precisavam mesmo acelerar a marcha, neste ritmo de Savea. Em potência total, os homens de preto são imbatíveis. Mas só no quinto jogo deste Mundial, a verdadeira face do time foi revelada – e ela parece amedrontadora demais para alguém encarar.

Na reedição da final da Copa de 2011 contra a França, a Nova Zelândia não só convenceu como aplicou sua maior vitória no torneio. Nem Namíbia, Geórgia, Tonga e Argentina tomaram uma diferença tão grande de pontos.

A atual geração campeã do mundo dos neozelandeses conseguiu elevar ainda mais o nível de seu jogo. Estão mais rápidos, inteligentes e decisivos. Também parecem mais unidos e equilibrados. Fazem uma batalha brutal parecer diversão. E, sim, pode acreditar: eles estão mesmo se divertindo.

Em um massacre tão grande como o de hoje, sobra pouco espaço para falar sobre a França, que perdeu seu camisa 10 Frédéric Michalak, contundido, logo no começo do jogo. Nem dois Michalak atuando juntos seriam suficientes para o embalo que os All Blacks colocaram desde o primeiro minuto.

A França vai ter de repensar seu rúgbi: a forma de jogar, a maneira de desenvolver seus talentos e as estratégias para encarar gigantes do esporte. É um longo, mas necessário caminho – que a derrota para os All Blacks só obrigou a começar de imediato.

De volta aos All Blacks e à “reencarnação” de Lomu, há outra coincidência.  Naquela Copa de 1995, quando Lomu acabou com os ingleses na semifinal, o gigante encarou no jogo seguinte a África do Sul. Mas ele não foi suficiente para resolver a parada. Este All Blacks atual, no entanto, é muito mais do que Julian Savea. O time fala mais alto do que as individualidades.

A final de 1995, com Lomu em campo, ficou eternizada pelo primeiro título mundial dos Springboks, pelo fim do Apartheid e do boicote das seleções contra os sul-africanos por questões políticas, além do envolvimento direto de Nelson Mandela com o esporte.

Dentro de campo, deu África do Sul contra Nova Zelândia na decisão. Agora, um novo encontro dos gigantes está marcado na semifinal desde Mundial 2015. Novamente os All Blacks chegam como favoritos. Desta vez, com vários “Lomus” em campo.

Foto: Peter Cziborra/Reuters

Foto: Peter Cziborra/Reuters

(All Blacks abrem o jogo com “Kapa O Pango”, a versão mais brutal do Haka)