Cena inspiradora após final no Sevens explica o que é o rúgbi
UOL Esporte
Algumas imagens resumem o rúgbi melhor do que qualquer definição sobre o esporte. É o caso desta cena acima, gravada após a final entre Fiji e Quênia, pela oitava etapa do Circuito Mundial de Sevens, que rolou em Singapura no último domingo.
De branco, os fijianos, atuais campeões do torneio e líderes da temporada 2015-16, com grande chance de faturar o ouro olímpico no Rio. De vermelho, os quenianos, batalhadores do rúgbi Sevens e surpresa da etapa, que tiveram anos de esforço e a dedicação coletiva premiados com este título inédito.
Juntos após o apito final, eles mostram ao mundo o verdadeiro espírito do rúgbi. Por trás das trombadas e pancadas e da agressividade natural do jogo (sempre leal, caso contrário há punição severa), as duas seleções celebram juntas a alegria e a honra de compartilhar um momento único.
Caindo no clichê do esporte, seria um jogo com dois vencedores. E de fato foi: Quênia fez história ao ganhar seu primeiro troféu de Circuito, e Fiji alcançou a final, mantendo sua liderança isolada no torneio, às vésperas do Rio-2016.
O que chama atenção é que eles decidiram reconhecer, juntos, o esforço do seu rival. E o que mais impressiona é a naturalidade disso. Não foi algo programado. Não fazia parte de protocolos. É o puro espírito esportivo, na forma de rúgbi.
Cenas como esta no esporte de alto rendimento, e em decisões tão disputadas, são cada vez mais raras. Mas não são novidade no mundo da bola oval. Partidas amadoras e profissionais de rúgbi Sevens ou XV já terminaram muitas vezes desta forma ao redor do mundo.
Em recente final de campeonato brasileiro de Sevens, por exemplo, jogadores do Spac, de São Paulo, e do Desterro, de Santa Catarina, esperaram a definição do árbitro sobre um difícil lance que decidiria o campeão nacional de 2014. Juntaram-se no campo, abraçados e intercalados, semelhante ao que fizeram fijianos e quenianos.
Os principais valores do rúgbi – respeito, disciplina, solidariedade, integridade e paixão – não são material de campanha publicitária, muito menos alegorias para promover a modalidade. São práticas reais.
Diz a máxima do rúgbi que sem adversário não há jogo. Por isso não se joga “contra” alguém, mas sim “com” alguém. Cenas como estas nos lembram também que sem respeito não há esporte. E sem cumplicidade, reconhecimento e paixão por tudo isso não existe rúgbi de verdade.