O Blog do Rúgbi

No Pacaembu, Brasil pode provar de vez que alcançou o Chile no rúgbi

UOL Esporte

Por Bruno Romano

Olhar para o histórico entre Brasil e Chile no rúgbi pode assustar um pouco: em 20 duelos, apenas uma vitória brasileira e dois empates. Mas o momento atual inspira confiança. E jogar no estádio Pacaembu (às 20h15 desta sexta-feira, na estreia do Americas Rugby Championship 2017) só vai ajudar na sempre dura, mas totalmente possível missão de superar os Condores.

Do inédito sucesso contra o Chile, em 2014, até aqui, parece que os Tupis alcançaram de uma vez por todas, em nível de rúgbi, a terceira força do continente. O empate em 20-20 no Sul-Americano de 2016, último duelo entre seleções, no mesmo Pacaembu  mostra que, jogando bem, a partida acaba decidida por detalhes.

Sete dos quinze titulares brasileiros no Sul-Americano sairão jogando mais uma vez. E o trabalho em equipe deve ser mesmo o caminho para segurar o ímpeto do Chile e ainda conseguir ser ofensivo e ousado, com inteligência e sem medo de errar.

Impossível negar também que o ritmo do time vai depender da boa  estreia de uma nova dupla de ''9'' e ''10'': Beukes Cremer e Josh Reeves, nascidos da África do Sul e Nova Zelândia, respectivamente, ambos já há algumas temporadas atuando no rúgbi brasileiro.

Mas é outra área chave do duelo que chama atenção: os scrums fixos. O Brasil foi dominado pelo Chile no último encontro, quase que estrangulando todas as outras partes do jogo em que os Tupis eram soberanos.

Desta vez, Rodolfo Ambrosio, o experiente argentino treinador do Brasil, aposta em duas mudanças na primeira-linha, com Alexandre Alves, o Texugo, e Wilson Rebolo, o ''Nelson'' entrando ao lado do ágil hooker Yan Rosetti.

O time ainda não conta com Lucas Duque, o ''Tanque'', destaque no ARC de 2016 – seu irmão Moisés entra de titular com a 12. Os irmãos Sancery, Felipe (13) e Daniel (15) também estão confirmados, assim como nomes experientes na seleção como João da Ros, o Ige, na terceira-linha, e Nick Smith, oitavo e capitão.

Destaque no banco para Vitor Ancina, o ''Vitão'', e Felipe Tissot, novidades do campeão brasileiro Curitiba, que há tempos não contava com atletas na seleção.

Com um grupo forte e acostumado a encarar uma pedreira do tamanho do Chile (teoricamente o mais fraco dos rivais que vem por aí no ARC), fica no ar uma dúvida. Seria melhor pegar os Condores embalados, já no meio do torneio, ou ainda com os dois times ''frios'' no começo do campeonato?

Como não há espaço para escolhas, cabe ao Brasil acertar em 2017 uma baixa de 2016: começar se impondo logo no primeiro tempo. Na temporada passada, a evolução física do time foi nítida, suportando duros minutos finais, mas a demora pra engrenar custava caro no placar.

Também sabendo que vencer o rival é a pedida certa antes de partir para desafios maiores, os chilenos trazem um time reformulado. Mais da metade dos jogadores não atuou contra o Brasil no último ARC. Atletas chilenos de destaque que atuam no exterior novamente não foram chamados.

As peças-chave do elenco, no entanto, como o centro Matias Nordenflycht e o pilar e capitão Claudio Zamorano mantém as bases da equipe bem amarradas.

A última impressão que os Condores deixaram por aqui foi a de um time previsível e sem criatividade, mas que sabe aproveitar bem pequenas chances de pontuar. Se vierem no mesmo ritmo, e se os Tupis acelerarem o jogo desde o começo, aquele retrospecto desfavorável pode começar de uma vez por todas a mudar de rumo para o nosso lado.