Terceira vitória seguida consagra campanha brasileira no rúgbi feminino
UOL Esporte
Por Bruno Romano
Os mais de dez anos dedicados ao rúgbi Sevens e as incontáveis horas de preparação para a Rio-2016 tiveram um final marcante no estádio de Deodoro, nesta segunda. A seleção brasileira feminina venceu o Japão (33-5) na disputa pelo nono lugar e fechou os Jogos com três triunfos em cinco partidas.
Mais do que isso, garantiu uma vaga inédita entre as seleções de elite na próxima temporada do Circuito Mundial, um ''prêmio'' por ficar a frente de Japão, Quênia e Colômbia na classificação final.
Dos cinco tries brasileiros contra as japonesas, dois foram emblemáticos. Quando Beatriz Futuro e Paula Ishibashi, cruzaram o in goal adversário, se concretizava ali toda a história de uma geração que, lá atrás, sem muito incentivo nem visibilidade, batalhou pelo esporte e trouxe na marra vários feitos para o Brasil, com destaque para os 11 títulos Sul-Americanos invictos e o bronze no Pan 2015.
Curioso que, poucas horas depois de a seleção masculina de futebol decepcionar com mais um empate na Rio-2016, foi justamente com os pés que o Brasil feminino definiu sua terceira vitória no rúgbi. Lance permitido no esporte, mas nem sempre de fácil execução, ainda mais em alto nível, os chutes abriram caminho para três dos cinco tries da despedida brasileira.
Arriscar desta forma define bem a cara do time nestes Jogos. A escolha mostra como o Brasil evoluiu em visão de campo, técnica e jogo coletivo. Em outras palavras, entendeu quais eram suas melhores armas e soube usá-las na hora certa. É a mostra perfeita de como esta geração olímpica de 2016 assumiu uma proposta agressiva, sempre pronta para dar seu máximo.
O nono lugar olímpico, à distância, pode parecer pouco para um torneio com 12 seleções. Mas era a vitória possível para o Brasil nesta altura.
A disputa por medalha, que segue um caminho a parte, confirma bem isso. Grã-Bretanha e Canadá, nossos duros rivais na fase de grupos, avançaram para as semifinais e têm chance de tirar de Austrália e Nova Zelândia a tão sonhada vaga na decisão. A disputa pelo ouro acontece nesta própria segunda, às 19h, em Deodoro.
A imagem que vai ficar desta Olimpíada, e que precisa embalar o próximo ciclo rumo a 2020, é o do choro de felicidade depois do apito final contra o Japão. Três vitórias em solo olímpico (todas elas ao nosso alcance, mas nem por isso fáceis) resumem muito melhor do que um nono lugar o que foi essa passagem brasileira.
A relação deste grupo com o Sevens é visceral. Já tem mais de uma década de luta diária e resistência. Abaixar a cabeça em meio a tantos desafios nunca foi uma saída escolhida. É por isso que simbolizar esta camanha olímpica com o espírito coletivo da última vitória é mais do que justo. E enxergá-las como ídolos do esporte é mais do que merecido.