Foto: Phil Walter/Getty Images

Por Lucas “Tanque” Duque, atleta da Seleção Brasileira de rúgbi de sete

Agora, é a vez do rúgbi! Você pode não saber que esporte é esse ou não entender as regras. Mas saiba que você ainda vai ouvir falar muito de rúgbi. Principalmente nesses próximos dias.

A bola oval vive um momento único com o retorno aos Jogos Olímpicos, após 92 de ausência. Será com a modalidade de sete. Mas enquanto os Jogos do Rio não chegam, o rúgbi XV é que dita as regras. E o ano de 2015 será marcado pela Copa do Mundo de Rúgbi XV, que começa nesta sexta-feira, na Inglaterra.

Esta será a 8ª edição do mundial. Trata-se de um dos eventos mais assistidos em estádios, atrás apenas da Copa do Mundo de futebol. Em termos de audiência é Top 5 entre todos os eventos do mundo. Contará com 20 equipes na disputa pela taça, entre elas nossos vizinhos argentinos e uruguaios.

O Brasil ainda não fará parte dessa festa, mas estamos nos esforçando para chegar lá em 2023. Por aqui o momento é de transição, aprendizado e muito trabalho. Nos últimos anos tivemos conquistas importantes, vencemos adversários fortes que nunca antes haviam perdido para nós. Hoje lutamos para alcançar as forças continentais, como Argentina, Uruguai e Chile, e ao mesmo tempo passamos para a nova geração todo nosso conhecimento.

Afinal, o trabalho é de longo prazo e nem todos que da equipe atual estarão no futuro para colher os louros das conquistas. O rúgbi é uma modalidade que traz consigo muitos valores, entre eles o respeito e a integridade. Mas o que move todos é a paixão. Quem é “picado pelo bichinho do rúgbi” entra para a família e não quer mais sair.

A Confederação Brasileira de Rúgbi faz a sua parte trazendo organização para uma modalidade que tem muito potencial de crescimento. Hoje temos uma estrutura com Centro de Treinamento exclusivo e equipamentos de ponta, o que não acontecia há alguns anos. Usamos GPS para melhor analisar as questões de desempenho e posicionamento em campo, entre outras. Participamos de mais competições diante de adversários cada vez mais qualificados.

Hoje, o Brasil conta ainda com seis das chamadas Academias Top 100, em que os melhores jogadores de rúgbi do país foram selecionados por uma comissão técnica para treinar ainda mais, buscando a excelência no esporte. São 350 jogadores que podem a qualquer momento ser convocados para representar o Brasil mundo afora.

Estamos todos unidos em busca de um objetivo comum, que é o desenvolvimento do rúgbi brasileiro. Como diria a propaganda, “rúgbi: isso ainda vai ser grande no Brasil”. Você ainda vai ouvir falar muito de scrum, tackle, try e o famoso haka da Nova Zelândia!

O rúgbi é conhecido por seus atletas bem altos e de porte físico avantajado. Esse é o caso do francês Uini Atonio. Com incríveis 145kg e 1,97m de altura, o jogador atua como pilar pela direita, uma posição que exige muito de seu jeito “grandalhão”.

O pilar direito é o jogador responsável por manter a formação em pé. Se ele falhar, o hooker acaba ficando desprotegido e correndo risco até mesmo de sofrer uma lesão mais grave.

Aos 25 anos, Atonio assusta pelo seu tamanho e participará de sua primeira Copa do Mundo pela França neste ano, no torneio que começa no dia 18 de setembro. Os franceses já estiveram em três finais de Mundiais, mas nunca foram campeões.

O médio-scrum Aaron Smith, da Nova Zelândia, é um exemplo claro de que o rúgbi é para todas as pessoas. Com apenas 1,70m, o jogador se destaca entre os grandalhões. E o motivo é simples: sua posição.

Um camisa 9 (no rúgbi, cada posição tem um número fixo) como Smith não precisa que a força física seja sua principal arma. Pelo contrário, ele tem que se destacar pela sua velocidade de raciocínio e precisão de passe. E isso ele tem de sobra, como o vídeo deixa claro.

Na Copa do Mundo, que começa nesta sexta-feira (18), Aaron Smith é um dos nomes fortes da seleção da Nova Zelândia, considerada favorita ao título. Aos 26 anos, ele participará de seu primeiro Mundial.

O Blog do Rúgbi está no ar! E, a dois dias do maior evento do esporte, o primeiro post é um guia divertido para o que você verá de melhor na Inglaterra, a partir de sexta-feira. A Copa do Mundo de rúgbi de 15 começa com Inglaterra x Fiji, no lendário Twickenham. Seja fã ou iniciante na modalidade, antes de ver qualquer jogo, você precisa ler os tópicos abaixo. Listamos 8 tipos de personagens do Mundial. Faça a sua lista também e dê seus pitacos da nossa também.

1 – Os caras que vão arrebentar no Mundial

O papo no bar seria longo, mas diz de cara: quem é a maior estrela do mundial? O rúgbi é, como muitos sabem, um esporte coletivo. Sim, claro, há nomes que se destacam mais que os outros pela habilidade e estarão em campo na Copa do Mundo da Inglaterra.

Os All Blacks – sim, óbvio – têm os maiores destaques individuais. O capitão Richie McCaw (na foto abaixo) é o único atleta até hoje a vencer três vezes o prêmio de melhor jogador do mundo, concedido todo ano pelo World Rugby (a federação internacional do esporte). A Nova Zelândia tem ainda outros vencedores do prêmio: Dan Carter (que também é o maior pontuador da história do rúgbi mundial), Brodie Retallick (vencedor em 2014) e Kieran Read.

Se você não conhece nada de rúgbi, é bom procurar sobre essas estrelas também: Aaron Smith (Nova Zelândia), Johnny Sexton (Irlanda), David Pocock (Austrália), Mike Brown (Inglaterra) e Sam Warburton (País de Gales). Tem também “um tal” de Thierry Dusuatoir (França), capitão do time e que pode causar muitos estragos nos rivais.

2 – Os bad boys fora de campo

Os fortões do rúgbi só fazem estrago dentro de campo? Alguns exageros. Na modalidade também existem os chamados bad boys que brilham em campo, mas fazem muitas bobagens fora dele.

Kurtley Beale é um deles. O jogador da seleção australiana faz jus à fama. Ele já foi cortado da delegação depois de supostamente ter agredido o capitão Gareth Delve dentro ônibus da equipe. De acordo com o jornal inglês The Telegraph, Beale ainda procurou ajuda para o seu vício em álcool após o incidente e voltou para a equipe.

Mas foi em setembro do ano passado que ele se envolveu em uma das maiores confusões da história dos Wallabies depois de enviar mensagens de texto e imagens vulgares para a equipe envolvendo a gerente da seleção Di Patston. Patston renunciou ao cargo depois de uma discussão acalorada com Beale em uma viagem de avião e, em entrevistas, admitiu até ter pensado em suicídio após o caso. O jogador foi multado em 45 mil dólares australianos.

Outro bad boy da seleção australiana é Quade Cooper. Ele teve um desentendimento com a polícia por ser acusado de participar de um roubo de laptops, já foi multado por dirigir sem carteira e é conhecido por responder de forma ríspida as críticas que sofre no Twitter. Quem está na lista dos atletas controversos da Copa do Mundo é o sul-africano Schalk Burger. Ele levou um cartão amarelo por furar os olhos de um adversário e depois foi suspenso por oito semanas. Ele ainda se negou a pedir desculpas, o que não pegou nada bem na seleção.

3 – Os que farão falta

Se alguns atletas vão disputar a Copa do Mundo mesmo com um comportamento inadequado, outros ficarão fora porque ultrapassaram os limites da indisciplina. Mas a lista dos desfalques também incluem lesões e opção do técnico. Fato é que muita gente talentosa vai acompanhar o torneio do sofá de casa assim como você.

Manu Tuilagi (Inglaterra – indisciplina) – O centro do Leicester Tigers ficará fora da seleção até janeiro de 2016 e pode ser considerado a maior perda da Inglaterra. Mas a punição não é gratuita. Ele se declarou culpado em três acusações de agressão e tem uma longa ficha de indisciplinas, inclusive com uma agressão a uma policial.

Leigh Halfpenny (País de Gales – lesão) –  O fullback é considerado um dos melhores jogadores do mundo e seria candidato a um dos destaques do torneio. Mas perdeu a vaga por causa de uma séria lesão no joelho.

Israel Dagg (Nova Zelândia – opção técnica). Ele foi um dos grandes nomes da Nova Zelândia na Copa do Mundo de 2011, mas não conseguiu manter o desempenho nos últimos quatro anos. Em baixa desde o ano passado, perdeu a vaga para um atleta mais jovem.

Também deixarão saudades neste Mundial: Alex Corbisiero (Inglaterra – lesão), Dylan Hartley (Inglaterra – indisciplina), James Horwill (Austrália – opção técnica), Marcell Coetzee (África do Sul – opção técnica e lesão)

4- Os #carasdurões

O rúgbi já foi chamado de artes das trevas no passado, mas a brutalidade ainda está presente. Muitos jogadores intimidam qualquer um só de pisar em campo e não dão trégua mesmo sendo confrontados ao limite. Já pensou em se deparar com os atletas mais durões do mundo?

Paul O’Connell (Irlanda) é o rei do bloqueio e considerado uma espécie de guerreiro moderno.

Courtney Lawes (Inglaterra): Seu jogo é conhecido pelo combate e pelos tackles pesados. Não à toa foi suspenso por duas partidas por “imprudência impressionante” na Copa do Mundo de 2011. Olha o vídeo dele.

Quem também assusta: Mauro Bergamasco (Itália), Mathieu Bastareaud (França),  Dan Lydiate (Gales),  Martin Castrogiovanni (Itália), Yoann Maestri (França), Jamie Cudmore (Canadá), Schalk Burger (África do Sul)

5 – Os mais “gordinhos” (e perigosos)

O rúgbi é conhecidamente um esporte de força e impacto. Por isso, alguns brutamontes que fazem a balança passar dos 120 kg são fundamentais para derrubar os adversários. O blog selecionou os atletas mais pesados do Mundial.

1 – Uini Atonio – França – 145 kg

2 – Will Skelton – Austrália – 140 kg

3 – Ramiro Herrera – Argentina – 130kg

4 – Leroy Atalifo – Fiji – 130 kg

5 – Horace Pungea – Romênia – 130 kg

6 – Tomas Francis – País de Gales – 130 kg

7 – Abel de Klerk – Namíbia – 128 kg

8 – Charlie Faumuina – Nova Zelândia – 128 kg

9 – Mike Ross – Irlanda – 127 kg

10 – Johnny Redelinghuys – Namíbia – 127 kg

6 – Os rápidos e velozes

Mas a modalidade não é exclusiva dos grandalhões e também contempla todos os tipos físicos. E só com muita agilidade e velocidade é possível fazer um try diante das principais equipes do mundo. Não à toa, os mais rápidos do esporte voam baixo e chegam a fazer inveja a grandes velocistas.

Bryan Habana (África do Sul) –  Já foi conhecido como o jogador mais rápido do mundo e em 2007 chegou a disputar uma corrida com um guepardo, considerado um dos animais mais velozes do mundo. Em 2013, ganhou uma corrida contra um Airbus A380. Aos 32 anos, Bryan tem um recorde pessoal de 10s4 nos 100 metros, segundo o site Wales Online.

Takudzwa Ngwenya (EUA) – O atleta que nasceu no Zimbábue é comparado a uma máquina voadora. Ele faz 100 m em 10,5 segundos. O recorde mundial do corredor Usain Bolt nos 100 metros é de 9s58. Veja abaixo. Nada mal, certo?

Lwazi Mvovo (África do Sul) precisou de 10s32 para correr 100 metros. Julian Savea (Nova Zelândia) alcança 100 m em menos de 11 segundos. Anthony Watson (Inglaterra) correu a mesma distância em 11s2. Já o inglês Jonny May recebeu treinamento de sprint com o medalhista olímpico dos 4 x 100m Marlon Devonish e cravou 10s71 nos 100 m.

7 – Os de encher os olhos

A Copa do Mundo de rúgbi não chama a atenção só pelo talento e pela técnica dos jogadores mais badalados do mundo. A competição também enche os olhos porque tem muito atleta boa pinta brigando pelo título.

8 – E os de assustar (mesmo vendo na TV)

Mas nem todos os atletas inscritos são agraciados pela beleza. Os feios também têm o seu lugar. Brodie Retallick com certeza se sai melhor como segunda linha da Nova Zelândia do que como modelo. Alex Cuthbert, do País de Wales, e Kurtley Beale, da Austrália, também engrossam a lista.