O inglês John Goldman, 76, defendendo o Mill Hill RFC de Londres. Foto: Divulgação

Por Bruno Romano

Aos 76 anos, John Goldman coloca suas chuteiras, veste seu uniforme de rúgbi e entra em campo pelo clube inglês Mill Hill RFC. Só o fato de encarar um desafio deste tamanho já seria um feito de enorme respeito na sua idade. O mais curioso, no entanto, é que John começou a jogar mesmo aos 50 anos.

Ao assistir a Copa do Mundo de Rúgbi de 1991 em sua casa, o inglês se empolgava demais com os jogos e começava a incomodar a vizinhança (e seu próprio cachorro), como ele mesmo recorda, rindo, em um vídeo em sua homenagem produzido pela England Rugby.

John achou melhor torcer e fazer bagunça dentro de um clube de rúgbi local. Logo ao chegar no Mill Hill RFC, em Londres, lhe perguntaram se ele jogava. ''Claro, joguei na escola, de segunda-linha'', respondeu, sem hesitar. Na época, John estava com 50 anos.

Quando lhe consultaram se ele estaria livre no sábado seguinte, a palavra ''sim'' saiu de sua boca. Alguns dias depois, lá estava John defendendo as cores do Mill Hill, em um lugar que ele passaria a frequentar todas as semanas de sua vida.

''O rúgbi me deu um foco que eu nem sonhava que tinha dentro de mim'', diz John, que deixa sua paixão transparecer nos olhos quando fala do esporte.

Sua rotina envolve a dedicação típica de um rugbier amador. Ele levanta pesos em casa para manter a parte muscular em dia, corre com o cachorro em um parque local e ainda tromba com algumas árvores no caminho – isso mesmo! – para se manter forte no contato, como ele revela.

Pelo seu esforço dentro e fora de campo, seus companheiros o consideram um exemplo de comprometimento. Em resumo, John é aquele típico  jogador que dá tudo o que tem, não importa por quando tempo esteja jogando.

Mesmo assim, ele desconversa. ''Não me considero único, nem mesmo uma inspiração'', fala. ''Quando olho para trás vejo apenas que o rúgbi está ligado aos momentos mais felizes da minha vida''.

O que pouca gente sabe é que John já venceu o câncer por duas vezes. É por essas e outras que ele se torna referência em motivação para os parceiros de ovalada.

A história de John remete a outra figura emblemática que já teve sua história contada por aqui, o espanhol Juan Brotons, hoje com 75 anos, 57 deles ligados ao mundo ovaldo, atuando pelo Ingenieros Industriales Las Rozas, nos arredores de Madri.

Assim como Juan, o caso de John deixa claro que o rúgbi simplesmente o faz feliz. E este sentimento transborda por todos a sua volta. Independente da idade ou de quando começou a jogar, no fundo, isso é o que importa.

''Eu adoraria ter começado 20 ou 30 anos antes, mas não foi assim que aconteceu'', analisa John. ''Hoje, não vejo problema nenhum nisso, nem tenho arrependimentos, só sei que nos últimos anos já fiz 440 jogos pelo meu clube, e isso me deixa muito feliz.''