Dura derrota para EUA acende alerta, mas Brasil mantém posição no ranking
UOL Esporte
Por Bruno Romano
O ranking divulgado semanalmente pela World Rugby mantém o Brasil na 34a colocação mundial. Uma posição – historicamente boa para o país – sustentada ainda pela vitória sobre o Chile na estreia do Americas Rugby Championship, mas equilibrada em corda bamba sobre um enorme abismo que nos separa das equipes mais tops da lista.
A tal diferença, já esperada, ficou ainda mais clara com a impiedosa derrota para os Estados Unidos (51-3), no último fim de semana, no Texas, pela segunda rodada do ARC.
Diferente do resultado surpreendente do ano passado, com vitória dos Tupis, desta o adversário vinha com força máxima – ou o mais perto disso.
Alguns nomes de destaque nos EUA, atuando fora do país, sequer entraram em campo. Nem foi preciso: a equipe colocou um ritmo alucinante, falou muito mais alto no poderio físico e nem pensou em relaxar até o apito final.
O que parecia um jogo em que seria possível, no início, manter em temperatura minimamente segura, pegou fogo pra valer. E, ainda que uma derrota brasileira não fosse nenhum absurdo, a proporção da pancada espantou.
Resultados assim logo levantam algumas sobrancelhas. No auge da derrota, a dúvida que mais ecoa por aí é: será que estamos mesmo no caminho certo? Opiniões e críticas se misturam a algumas ''fórmulas mágicas'' que se espalham em discussões ao vivo e online.
Entre alguns pontos certeiros, de quem sabe mesmo o que é estar ali em campo ou bem perto dele, e palavras vazias de quem imagina o que acontece (ainda que todos estejam torcendo para um rúgbi melhor), é bem difícil achar um denominador comum.
Nesta altura do campeonato, há pelo menos um tema para concordar: o tal ranking ainda é um termômetro confiável, mas a posição de fato pouco importa agora, pois precisamos pensar a longo prazo. Também é injusto jogar no lixo qualquer ideia de evolução. Há uma semana, estávamos contentes com uma vitória segura contra o Chile, um rival a nossa altura atual.
Após o susto sobre os EUA, só mesmo a campanha completa do ARC vai nos dizer exatamente onde estamos. Até por que, o verdadeiro abismo, não está entre nós e os países top 20, mas sim, na distância real entre a realidade dos clubes e do que se propõe nas seleções.
Todas as questões que a queda para os EUA levantou – da escolha por estrangeiros no elenco ao recente trabalho de alto rendimento, passando pela tática escolhida para a partida – não devem ser misturadas com os desafios reais e imediatos de quem está ali no calor da batalha.
Por um lado, foco em encarar as potências do continente nos próximos fins de semana. Por outro, que se discuta mesmo os erros e os acertos em busca de ajustar o barco. Afinal, seria até estranho não haver chiado depois de uma derrota de 50 pontos – e até ruim, pensando em evolução, que um placar deste não aumentasse a pressão geral.
Uruguai, Argentina e Canadá vem aí. E é esse tamanho de desafio que temos de enxergar no horizonte na busca das respostas.