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Brasil eleva o nível e sonha alto ao bater o Chile pela 2ª vez na história

UOL Esporte

O camisa 10 Josh Reeves, destaque dos Tupis na vitória contra o Chile pelo ARC 2017

O camisa 10 Josh Reeves, destaque dos Tupis na vitória contra o Chile pelo ARC 2017

Por Bruno Romano

Vencer o Chile nesta sexta-feira de chuva no Pacaembu está longe de ser um triunfo qualquer. Os 17-3 na estreia do duríssimo Americas Rugby Championship confirmam o Brasil em um novo patamar no rúgbi XV.

Não custa lembrar que esta foi apenas a segunda vitória brasileira contra os ''Condores'' em 21 jogos na história. A primeira foi em 2014, em um Sul-Americano, também em solo brasileiro.

Há tempos os chilenos representam a terceira força do continente, atrás de Uruguai (podemos e devemos sonhar em alcançá-los logo) e Argentina (em outro nível, por hora serve de inspiração).

Traduzindo: superar o Chile é o melhor termômetro para saber se realmente estamos a caminho da verdadeira meta do nosso rúgbi: se classificar para uma Copa do Mundo.

No primeiro tempo, é bem verdade, ainda não dava para saber se a história deste duelo tomaria este rumo. Um jogo nervoso, de poucos pontos e muitos erros. O Brasil acertando no embate chave do confronto, os scrums, mas deixando desprotegidos e vulneráveis os rucks.

Quando a chuva chegou de vez no Pacaembu, dificultando tudo (quem já tentou dominar a ovalada debaixo d'água sabe bem) veio também a campo uma equipe mais confiante. Os Tupis acertavam nas escolhas. Mexiam as peças do xadrez gigante que é o rúgbi com sabedoria. Pareciam ter certeza do que estava por vir.

E foi assim, se recusando a empatar o jogo com um chute de três pontos e ousando buscar um try, que a seleção cruzou no in goal chileno e dominou de uma vez por todas nosso sempre duro rival.

Matheus Cruz entrou bem, deu ritmo ao elenco, e mostrou o caminho dos pontos. Felipe Sancery guardou mais um try, confirmado uma noite segura e bem jogada dos backs. Méritos deles, mas o segredo da vitória foi a superioridade dos forwards.

Outro ponto alto: a qualidade técnica e a visão de jogo do camisa 10 Josh Reeves. O neozelandês, que escolheu o Brasil para fazer o que mais gosta, não sentiu a estreia como abertura. Fez o Brasil se soltar. Acelerou quando necessário, distribui bem a bola e chutou quando preciso. Foi inteligente, frio e intenso ao mesmo tempo. Uma definição, aliás, que resume todo o time.

Não foi mesmo uma vitória qualquer. Ainda há muito pra evoluir, claro, mas a estreia no ARC deixou claro que já alcançamos o Chile. Agora são eles que precisam nos alcançar.