Sensação, Inglaterra dá show no templo do rúgbi com ajuda de fijiano
UOL Esporte
Com um placar de 58-15, não é preciso gastar muito verbo para falar da superioridade da Inglaterra sobre Fiji, em seu último teste internacional, no estádio londrino de Twickenham, o ''templo do rúgbi''.
A 12ª vitória seguida da seleção inglesa chama atenção em um ano perfeito, se confirmando como a equipe mais surpreendente da temporada.
Nem parece aquele time sem confiança que deixou a Copa do Mundo de 2015 bem mais cedo do que o esperado. Depois de bater Fiji na estreia, exatamente em Twickenham, os ingleses caíram diante de Gales e Austrália para dizer adeus ao Mundial na primeira fase.
Mas, se de um lado a luz verde abre caminho para uma era de enorme sucesso no rúgbi inglês, o sinal amarelo em Fiji já está quase ficando vermelho de vez. O XV fijiano não dá conta de transformar em uma equipe combativa toda a enorme produção de talentos locais.
Não precisa ir muito longe: o homem do jogo em Twickenham foi Semesa Rokoduguni, fijiano de nascimento e membro do exército britânico que atua como ponta na Inglaterra.
Autor de dois tries no duelo, Rokoduguni joga pelo Bath, clube da primeira divisão inglesa desde 2012. As regras internacionais vigentes pedem um período de três anos atuando em outro país para se tornar elegível à respectiva seleção.
A explicação para o fracasso fijiano no XV vem justamente dos contratos internacionais com clubes estrangeiros. Em um país com poucas oportunidades de trabalho, o dinheiro gringo fala mais alto.
Atletas saem cedo de suas casas e partem para ligas de destaque na Europa, sobretudo na própria Inglaterra e na França. Fica difícil montar uma seleção entrosada e competitiva, já que vários times muitas vezes barram jogadores de treinos e partidas internacionais.
É um contraste total com a seleção de Sevens do país, campeã olímpica em agosto. Outra dinâmica. Outra realidade. E outro jogo, claro. Aliás, bem mais próximo do estilo fijiano de atuar. O placar da final da Rio-2016 entre Fiji e Grã-Bretanha (formada na maioria por jogadores ingleses) foi de 43-7.
Pode parecer um caminho normal para os atletas do XV buscarem vida nova fora do país – os jogadores do Sevens costumam ter contratos diretos com a seleção – e não há como julgá-los por isso, mas a forma de persuadi-los tem gerado incômodo no meio do rúgbi.
O próprio treinador de Fiji nos Jogos Olímpicos, o britânico Ben Ryan, se despediu da seleção do Pacífico após dois anos de sucessos dentro de campo, alertando que a região virou o ''velho-oeste'' do esporte.
Discussões extra campo e fijianos naturalizados à parte, a Inglaterra segue seu rumo para uma temporada perfeita. O último compromisso será contra a Argentina, que não está tão bem nos testes de novembro.
Se triunfarem, os ingleses alcançarão a 13ª vitória seguida. Um ''cartel invicto'' sob o comando de Eddie Jones – e de enorme respeito em um momento tão competitivo no rúgbi mundial.