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Acusações de “jogo sujo” acendem polêmica sobre os All Blacks

UOL Esporte

Crédito: Stu Forster/Getty Images

Crédito: Stu Forster/Getty Images

Por Bruno Romano

A qualidade que os All Blacks atingiram nesta temporada é inegável – e não abre nenhuma margem para discussão. Mas alguns lances duros têm chamado atenção quando a seleção neozelandesa, número um do ranking mundial, entra em campo.

Enquanto alguns enxergam falta de disciplina, críticos menos piedosos já falam em ''jogo sujo'' e até em violência deliberada.

Não é de hoje que os homens de preto são acusados de se dar bem com a arbitragem – diga-se de passagem, tema de extremo respeito no rúgbi. Seus rivais históricos mais próximos, a África do Sul e a Austrália, alegam que lances duvidosos sempre acabam pendendo para o lado neozelandês. Agora, os europeus também entraram na dança.

A Irlanda, que venceu os All Blacks em Chicago, levou o troco no último fim de semana, em jogo que sofreu com tackles altos, proibidos no rúgbi, e com uma marcação duvidosa de um try de Beauden Barrett, camisa 10 dos All Blacks, recém nomeado melhor jogador no ano.

Nesta semana, o comitê disciplinar da World Rugby deu o veredito para os dois lances mais impactantes de tackle perigoso. O neozelandês Malakai Fekitoa foi punido, além do amarelo no jogo, com suspensão. Já seu companheiro Sam Cane, autor de um tackle duro que atingiu o irlandês Robbie Henshaw no queixo (deixando-o desacordado), foi absolvido tanto dentro como fora de campo.

A imprensa britânica pegou pesado nas reações e a discussão acendeu novamente. A visão do ex-jogador e analista da BBC Jeremy Guscott resume o lado europeu da história. Para ele, árbitros devem olhar com mais atenção à Nova Zelândia, seleção que que joga em uma velocidade e intensidade acima da média, conhece muito bem as leis do jogo e suas ''fronteiras'', usando a seu favor as interpretações da arbitragem.

Do outro lado, a ''defesa'' All Black ressalta a lealdade e lembra da relação de respeito do time com o esporte. ''São somos bárbaros que entram em campo para machucar adversários. Esses lances acontecem muitas vezes sem intenção, no calor da partida'', defende o hooker Dan Coles, um dos destaques da temporada, resumindo o pensamento geral de atletas, treinadores e até da mídia neozelandesa.

A polêmica está longe de acabar e deve vir a tona antes e durante o último jogo da temporada, quando a Nova Zelândia encara a França em Paris neste fim de semana. Até lá, mais perguntas do que respostas vão surgir.

Por enquanto, ficamos com estas: Os All Blacks fazem mais penais que seus rivais? Sim. Acabam se dando bem muitas vezes por serem o melhor time do mundo? Sim. Eles são violentos de propósito e fazem isso premeditadamente para levar vantagem? Não. E segue o jogo.