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Ouro na Rio-2016, Fiji perde comandante e aposta em treinador desconhecido

UOL Esporte

Seleção fijiana unido durante duelo chave da Olimpíada contra a Nova Zelândia

Seleção fijiana unido durante duelo chave da Olimpíada contra a Nova Zelândia

Por Bruno Romano

Não adiantou dar terras e um novo nome de ''rei guerreiro'' ao inglês Ben Ryan. O treinador que guiou Fiji a dois títulos seguidos de Circuito Mundial e a um ouro inédito na Rio-2016 deixou de vez o comando da seleção do Pacífico.

Só agora, após longa demora, os ''fijianos voadores'' finalmente treinam sob a tutela de um novo técnico. Com nome e currículo muito menos badalado do que o de Ryan, o galês Gareth Baber será o responsável por manter Fiji no topo do mundo do Sevens.

Baber atuou recentemente como assistente técnico da seleção de País de Gales de Sevens. Sua última experiência como treinador principal foi em Hong Kong, também com a equipe principal de 7's. Antes disso, ele dirigiu o Cardiff Blues no rúgbi XV.

A saída de Ryan, tirando as escolhas profissionais do ex-treinador, está ligada a questão financeira. Mesmo sendo um berço de craques do rúgbi e acumulando títulos de Sevens, Fiji tem dificuldade para transformar todo potencial em ganho financeiro.

O salário de Ryan se tornou insustentável para um novo contrato. Não custa lembrar que o treinador chegou a manter seu trabalho mesmo tomando três meses seguidos de calote, logo após sua chegada às ilhas.

Bastidores à parte, a capacidade de Baber manter o trabalho de Ryan é imprevisível. E o que ele vai fazer com a seleção mais vitoriosa dos últimos tempos é uma enorme incógnita.

O próprio retrospecto de Ben Ryan mostra que o talento natural dos fijianos não se transforma facilmente em títulos. O inglês conseguiu implantar de forma inédita um sistema de treino de alto rendimento, polindo uma geração cheia de potencial.

O resultado foi notório: Fiji recuperou o status de ''Reis do Sevens'', puxando o ritmo do esporte a um nível altíssimo. É mais: Ryan soube ser respeitado, criando um grupo vencedor que o apoiava. Acreditando no sonho olímpico, cada jogador também ganhou força extra, física e mental.

Fiji deixou a Olimpíada dando show de Sevens, unindo qualidade individual e coletiva. Mas, antes de sair, Ryan criticou duramente condutas de agentes e dirigentes locais, chamou a região de ''velho-oeste'' do rúgbi, e deixou um recado claro de que as coisas não vão tão bem assim.

É por isso que a incerteza de que o reinado vai prosperar, com um treinador bem menos experiente, aumenta. A questão chave é saber se, mais uma vez, a união, o esforço e o talento podem falar mais alto do que os problemas extra campo.