Maior campeão da história do rúgbi olímpico deixa All Blacks após 22 anos
UOL Esporte
Acabou nesta semana uma história de mais de duas décadas na seleção mais dominante do rúgbi mundial. Gordon Tietjens, 60, treinador mais vencedor na nova modalidade olímpica do esporte, anunciou sua despedida dos All Blacks Sevens.
''Entendi que era o tempo ideal para encarar novos desafios'', resumiu Tietjens, a frente da seleção desde 1994, em coletiva na sede da União de Rugby da Nova Zelândia, a NZRU.
Sua última competição no comando do time, a Rio-2016, passou longe dos melhores momentos que ele viveu liderando os homens de preto. O quinto lugar, com derrotas para Japão, Grã-Bretanha e Fiji guardam um sentimento de decepção.
Sua trajetória, no entanto, será realmente marcada pelos 12 títulos de Circuito Mundial, o bicampeonato em Copas do Mundo e os quatro troféus dos Jogos Commonwealth.
''Os Jogos Olímpicos mostraram como é difícil vencer nesse novo nível competitivo do Sevens, mas tenho certeza que lições foram aprendidas e desejo o melhor para o meu sucessor durante o Circuito Mundial e os Jogos Olímpicos de Tóquio”, concluiu Tietjens. O próximo compromisso dos All Blacks Sevens é apenas no início de dezembro. A NZRU deve anunciar o quanto antes o novo treinador.
Com o vice-campeonato na temporada 2014-2015 e o terceiro lugar em 2015-2016, a Nova Zelândia já sentia o efeito que a Olimpíada causou no Sevens. Neste período, assistiu ao domínio de Fiji e ao crescimento de antigas (África do Sul) e novas (Argentina, Estados Unidos, Quênia e companhia) potências do jogo reduzido.
Na última entrevista exclusiva ao Blog do Rúgbi, em janeiro deste ano, Tietjens já sinalizava que a Rio-2016 poderia ser sua última parada: ''Com o anúncio da Olimpíada, percebi que o grande objetivo da minha carreira seria levar meu time até lá (…) estar envolvido no evento será o auge da minha carreira''.
Uma carreira, aliás, que começou quase por acaso. Tietjens jogava XV no clube inglês London Welsh quando ''brincou'' de Sevens pela primeira vez. No seu primeiro torneio treinando uma equipe, no tradicional Melrose 7's, berço da modalidade na Escócia, ele foi campeão. Sentiu que era um sinal, e nunca mais parou.
Sua filosofia de trabalho não apenas virou referência no rúgbi de forma geral, como determinou o mais alto nível de Sevens por mais de uma década. A mensagem do próprio treinador, na mesma entrevista ao Blog, explica melhor do que qualquer palavra o que isso quer dizer na prática.
''Cultura de equipe é tudo em um time de Sevens. Quando os jogadores identificam isso passam a tomar atitudes corretas. Na Nova Zelândia, nós nunca colocamos o 'eu' na frente. É sempre o coletivo em primeiro lugar.''
''Não há atalhos para entrar no nosso time. Nossos jogadores treinam um para o outro, e jogam um para o outro. E essa é a essência da nossa cultura de rúgbi.''
Com este legado, Tietjens deixa seu cargo ultrapassando a barreira de 100 torneios dirigindo a seleção de Sevens, currículo que o levou ao Hall da Fama do rúgbi em 2012, posto difícil de atingir, sobretudo para um treinador de Sevens.
Impossível substituí-lo. O melhor a fazer é simplesmente tocar em frente, seguindo seus passos.