Derrota de zero para Argentina e eliminação confirmam ilusão olímpica
UOL Esporte
Por Bruno Romano
Com a terceira derrota seguida na chave masculina, desta vez para a Argentina (31-0), o Brasil se despede da chance de mata-mata nesta Rio-2016, logo, de medalhas. A seleção já havia perdido para Fiji e Estados Unidos na terça-feira.
Não que a expectativa fosse bater as grandes potências do esporte. No fundo, se sabia que era algo longe do nosso alcance por hora. Mesmo assim, a campanha na primeira fase trouxe a ilusão de um ''milagre'' olímpico para a dura realidade.
O time masculino não chegou à lista das 12 seleções da Rio-2016 por mérito esportivo. Foi um convite por país sede que nos ajudou a embalar sonhos (e patrocinadores) nos últimos anos.
Foi uma longa viagem, que não podia ser desperdiçada, claro. Mas para chegar em um palco destes com chances de vitória, o caminho é muito mais longo. Ele passa pelo desenvolvimento geral do esporte, sobretudo no rúgbi XV e nas categorias de base.
No caso do masculino, diferente do feminino, também há outro detalhe: a relação com o Sevens ainda não é forte o suficiente. Mesmo olímpica, a modalidade faz parte de uma pequena parte da temporada dos clubes. Não há sequer terreno tão fértil para fomentar mais bons frutos (pelo menos não no nível que estamos vendo na Rio-2016).
A história dos jogadores em si não é a questão aqui. Cada um que está vestindo a camisa tem um caso de enorme doação pelo esporte. São atletas que ainda vivem muito mais ''para o rúgbi'' do que ''do rúgbi''. Por isso, merecem saudação e agradecimento pela dedicação.
Para quem vê esta história de longe, pode parecer muito fácil criticar resultados. Não é tão simples assim. Entre erros e acertos, a trajetória destes Jogos deve ser levada como ensinamento para os próprios passos.
A vitrine da Olimpíada é mesmo enorme. E, se vista fora de contexto, pode trazer uma má impressão do nosso rúgbi. Para aproveitá-la ainda mais da próxima vez temos de focar em jogar também fora de campo.
Buscar uma evolução gradual e constante, mais em cima de condutas do que de resultados. Ter sucesso no próximo ciclo olímpico (e conquistar vagas para Tóquio 2020) deveria ser só um prêmio por isso.
Uma nova ilusão olímpica pode até servir como bom combustível para os próximos anos. Mas que seja a consequência, não a razão para nossas decisões no esporte.