Rio-2016: Seleção britânica privilegia ingleses e usa escalação controversa
UOL Esporte
Por Bruno Romano
A Escócia terminou o último Circuito Mundial de Sevens com mais moral que a Inglaterra. Os escoceses até venceram uma importante etapa, justamente em Londres, enquanto os ingleses passaram o Circuito 2015-2016 em branco. Mesmo assim, a seleção britânica de rúgbi Sevens, última a ser anunciada para a Rio-2016, tem sua base de atletas vindos da Inglaterra.
A explicação é simples: o treinador do time é Simon Amor, comandante dos ingleses durante o Circuito, que optou pelos atletas que já conhece melhor. Apenas dois galeses (Sam Cross e James Davies) e um escocês (Mark Bennett) passaram no crivo de Amor para disputar os Jogos. Os outros nove escolhidos são ingleses.
Mark Bennett, no entanto, sequer representou a Escócia nos recentes torneios internacionais de Sevens. Mesmo assim, a comissão técnica aposta em Bennett, finalista do prêmio de atleta reveleção de 2015 da World Rugby (jogando XV), como grande arma para a Olimpíada.
O movimento é semelhante ao que fez recentemente a Argentina, que resgatou Juan Imhoff dos Pumas para jogar Sevens no Rio, mesmo sem ter grande vivência com a modalidade e com o elenco.
Atletas vindos do rúgbi XV não tem sido tão impactantes no jogo reduzido, com exceção dos irmãos neozelandeses Ioane, que arrebetaram nas competições em que foram acionados até aqui e passaram na difícil ''peneira'' neozelandesa.
Outros astros do rúgbi XV como Quade Cooper, da Austrália, e Bryan Habana, da África do Sul, que sonhavam com uma vaga, sequer estarão na Olimpíada.
No elenco de Simon Amor para a Rio-2016, Marcus Watson (Newcastle Falcons), Ollie Hague (Harlequins), James Davies (Scarlets) e Mark Bennet (Glasgow) vem de uma temporada de XV.
A qualidade individual dos selecionados é indiscutível. Mas se a falta de entrosamento já poderia atrapalhar os planos, o pouco tempo de Sevens competitivo de grande parte da equipe podem transformar o sonho de uma medalha em pesadelo.
A escalação completa conta com: Alex Davis, Dan Bibby, Dan Norton, James Davies, James Rodwell, Marcus Watson, Mark Bennett, Mark Robertson, Ollie Lindsay Hague, Phil Burgess, Sam Cross e Tom Mitchell (capitão).
No papel, pode até parecer um bom time, mas na prática, a ausência de entrosamento, de treinos e competições em conjunto deve pesar. Se os britânicos acabarem no pódio vão contrariar toda a lógica que a preparação olímpica do rúgbi tem mostrado como fundamental para fazer a diferência no meio de tantas seleções top.