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Pode Dan Carter, o “melhor do mundo”, garantir o título europeu ao Racing?

UOL Esporte

Dan Carter é uma das armas do Racing para final (Stu Forster/Getty Images)

Dan Carter é uma das armas do Racing para final (Stu Forster/Getty Images)

Por Bruno Romano

No meio de tantos craques que entrarão em campo neste sábado para a decisão da Champions Cup, a Copa Europeia de Rúgbi – mais importante torneio de clubes do continente –, não há como não notar um em especial: o neozelandês Dan Carter, que entrará no gramado de Lyon, na França, com a camisa 10 listrada em branco e azul do Racing 92.

O clube de Paris chega a sua primeira final, eliminando no caminho o atual tricampeão Toulon. Pela frente, surge o invicto Saracens, clube inglês que também nunca ergueu o troféu europeu. E sempre que o assunto é decisão de verdade, o nome Carter costuma ser merecidamente lembrado.

Eleito por três vezes como o melhor jogador do mundo, inclusive no prêmio atual, o neozelandês é recordista em pontos em partidas internacionais pelos All Blacks e em jogos de Super Rugby, pelos Crusaders. Traz também duas vitórias em Copas do Mundo no currículo, a última delas há sete meses.

Seus 34 anos e suas 112 partidas pela seleção, com direito a 99 vitórias, falam bem alto. Mas toda essa fama se contrasta com as atitudes e com o estilo de jogo do neozelandês: calmo, preciso e equilibrado.

Longe da personalidade atirada e inconsequente comum em várias estrelas do esporte, Carter traz uma rara tranquilidade no meio de grandes tempestades e consegue balancear seu talento pessoal com o espírito de equipe.

Mesmo já sem a velocidade do começo da carreira, é capaz de jogar com puro instinto e ainda achar espaço em um esporte cada dia mais intenso e físico. Ele também faz o trabalho sujo: deu 16 tackles na semifinal contra o Leicester, por exemplo.

Suas ações são simples. Dos passes precisos, às trombadas efetivas. Da rotina comum para chutar pontos importantes, ao apoio, sempre de perto, dos companheiros em jogadas cruciais.

É por isso que ele se destaca mesmo em um elenco repleto de ícones internacionais – dentro de um clube que não vence um torneio importante desde o título francês em 1990, quando o esporte ainda não era profissional.

Carter representa o ápice de um projeto liderado pelo presidente Jacky Lorenzetti, empresário do ramo imobiliário que apostou em nomes como a dupla de galeses Mike Phillips e Luke Charteris, o argentino Juan Imhoff e o neozelandês Joe Rokococo.

Só para Dan Carter, o Racing desembolsa 1,4 milhões de euros por ano. É o maior salário da historia do rúgbi – ainda que 20 vezes menor do que o de Cristiano Ronaldo, no Real Madrid, por exemplo.

O fato de as pessoas virem de todos os lados para jogar no clube não quer dizer que sejam “mercenários”, defende Ronan O’Gara, antigo camisa 10 e um dos melhores jogadores da história da Irlanda, atualmente na comissão técnica do Racing.

“É incrível ver como esses caras estão motivados e tomados pela verdadeira união de um clube”, garantiu O’Gara, em entrevista desta semana à BBC.

É claro que em um esporte coletivo como o rúgbi XV, vence o melhor trabalho conjunto, dentro e fora de campo. Mas se tem alguém que pode desequilibrar e acertar um chute decisivo na hora certa neste sábado, não precisa nem mais falar o nome.