Brasil Sevens evolui, mas para nas potências olímpicas em Vancouver
UOL Esporte
Por Bruno Romano
Muito se fala da volta do rúgbi para os Jogos Olímpicos. Muita gente questiona também quais as chances do Brasil, que entra no torneio como convidado. Uma boa resposta veio neste fim de semana com a disputa da sexta etapa do Circuito Mundial de Sevens.
A seleção brasileira recebeu convite da organização e encarou a elite do rúgbi olímpico. Resultado? Cinco derrotas em cinco jogos repletos de aprendizado. O time escalado pelo treinador argentino Andrés Romagnoli, aliás, já se parece bem próximo do que deve representar o país no Rio 2016.
Dentro de campo, o Brasil teve atitude ao encarar, de cabeça erguida, gigantes do rúgbi como Argentina e África do Sul. Ainda que a experiência do outro lado tenha feito a diferença, os Tupis 7’s não se mostraram tão abaixo assim em técnica (individual) e empenho (coletivo).
O que fez muita falta no primeiro dia de duelos, que ainda teve uma derrota dura para a Escócia, foi o entrosamento. Explica-se: cinco jogadores-chave do elenco de 12 atletas vinham da disputa do Americas Rugby Championship, torneio de rúgbi XV.
Mudar a cabeça e o corpo do XV para o Sevens em uma semana não é fácil. Mas, junto das outras peças que têm se dedicado mais ao Sevens, esse elenco deve dar bastante trabalho (leia-se: diminuir o degrau para as grandes potências, vender ainda mais caro as derrotas e, quando o adversário baixar a guarda, começar de fato a vencer).
Ficou claro também como a velocidade (de pernas e raciocínio) ainda é um enorme desafio. Nas derrotas contra Canadá e Portugal, no segundo dia, mesmo que o entrosamento tenha mostrado mais sintonia, lances-chave no rúgbi como as disputas de ruck deixaram o Brasil exposto. Problemas de comunicação na defesa, que permitiu tries de primeira fase, ficaram nítidos.
Mas a avaliação geral é bem positiva. O que se analisa nesta hora é a evolução, não o placar isolado e fora de contexto.
Celebrar derrotas não é ''síndrome de vira-lata'', como já chegaram a comentar neste espaço. É perceber que há um esforço coletivo que tem trazido crescimento. E isso não quer dizer que estes jogadores e treinadores não devam ser cobrados por mais.
Se a busca pela excelência é a meta, que ela seja praticada diariamente, em todos os níveis do rúgbi. É um claro momento de mais trabalho e menos falação. E de cobrança, sempre. Desde que seja saudável e ''vigilante'' para que esta evolução se mantenha nos trilhos dos valores do esporte.
Os frutos desta etapa já podem ser colhidos na seguinte, em Hong Kong, no início de abril. Desta vez, o Brasil vai a campo em um torneio classificatório (paralelo ao principal) que define as seleções fixas da próxima temporada do Circuito Mundial.