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Por vaga na elite sul-americana, Brasil encara Colômbia em ascensão

UOL Esporte

Rugbi

Por Bruno Romano

O Brasil nunca perdeu no rúgbi para a Colômbia, adversária da seleção nacional no próximo sábado, no estádio do Canindé (SP). Fora a invencibilidade, está em jogo uma vaga na elite do continente. Quem vencer ganha o direito de jogar o Sul-Americano “A”, ao lado de Paraguai, Chile, Uruguai e Argentina. Se de um lado o favoritismo é evidente, do outro os “Tucanos” colombianos evoluíram muito, com agilidade e consistência, desde o último duelo em 2008.

Com poucos recursos, a comunidade de rúgbi da Colômbia tem feito um bom trabalho. São bicampeões do Sul-Americano “B”, se firmando um degrau acima de Peru, Equador e Venezuela – e loucos para dar o próximo passo ao vencerem uma seleção do nível do Brasil e do Paraguai.

A aposta colombiana para o salto de qualidade foi clara e paciente: investir na base. Há pelo menos oito anos, projetos vêm se consolidando e formando a nova geração dos Tucanos, apelido da seleção principal. A média de idade da equipe que vai enfrentar os “Tupis” brasileiros é de 24 anos.

Muitos destes garotos vêm de iniciativas como o Torneo Centenario, que recebe atualmente mais de mil jovens de até 18 anos durante um fim de semana em Medellín, reunindo diversos clubes locais. Mais da metade dos jogadores da seleção, aliás, são de Antioquia, província que tem Medellín como capital.

“O rúgbi, como se sabe, ensina muitos valores sociais. E em uma sociedade como a colombiana, com uma longa história de violência, isso vale muito”, conta ao Total Rugby Maurício Galeano, gerente técnico da Federação Colombiana de Rúgbi.

Um novo programa da federação também está trazendo ex-jogadores para cargos como técnicos, árbitros e assistentes. A ideia é incentivar a conexão dos jovens com os Tucanos, valorizando o papel dos mais velhos como modelos para a molecada.

Os 15 titulares colombianos no título do Sul-Americano “B” tiveram passagem pela seleção juvenil do país. É um time completamente diferente do que o Brasil enfrentou pela última vez em 2008, com vitória por 34-06, a menor diferença de pontos da história. Entre 2001 e 2008 foram oito confrontos diretos com triunfo brasileiro.

Os Tupis já estão treinando forte no CT de São José dos Campos (SP). O head coach argentino Rodolfo Ambrósio vai decidir, no fim desta semana, os 23 selecionados, de um grupo de 33 atletas. É possível vê-los em ação às 21h do próximo sábado, no Canindé, com um quilo de alimento como ingresso.

Um último tempero ainda faz parte do duelo decisivo. Com as derrotas recentes para a Alemanha, o Brasil caiu para o 45º lugar no ranking da World Rugby, enquanto a Colômbia sustenta o 43º posto. É claro que o número pouco importa nesta fase, onde vale mais o Brasil jogar cada vez mais com seleções superiores. Os colombianos podem nunca ter vencido os Tupis, mas virão com mais sede e vontade do que nunca.

Para os dois lados, o jogo vem em ótima hora. E jogar a elite do Sul-Americano em 2016 é um prêmio e tanto para o fim de ano.