Vexame da copa? África do Sul renasce e já mira terceiro título mundial
UOL Esporte
Por Bruno Romano
(Sul-africano Bryan Habana faz três tries e se iguala a Jonah Lomu como maior artilheiro das Copas)
O desastre da derrota para o Japão na estreia não faz mais parte da vida da África do Sul nesta Copa do Mundo. A vitória desta quarta-feira sobre os Estados Unidos por 64-0 garante os sul-africanos nas quartas-de-final como líderes do grupo “B”.
Mais do que uma vitória, esta foi a maior diferença de pontos do torneio até aqui. Além de o terceiro trunfo seguido dos sul-africanos com ponto bônus ofensivo. Em outras palavras, são 144 pontos a favor e 22 contra nos últimos três jogos.
Um desempenho para esquecer de vez o Japão e voltar a pensar na taça William Webb Ellis.
A volta por cima dos bicampeões mundiais (1995 e 2007) parecia impossível há alguns dias. O cenário colocava os Boks como fortes candidatos a vexame da Copa – título que acabou nas mãos da eliminada Inglaterra. Renascidos, podem fazer a tradição falar mais alto na fase de mata-mata.
É bem verdade que os Springboks ainda não tinham encantado. Das seleções de destaque até aqui, aliás, eram uma das que menos empolgava quem gosta de bom rúgbi.
A primeira vista, parecia muito pouco para detonar outra grande potência. Mas todas elas já devem ter colocado os Boks de volta ao radar.
Contra os Estados Unidos, a África do Sul demorou bastante para dominar um jogo teoricamente fácil. Quando achou o caminho, foi devastadora. Esse típico ímpeto dos Boks, muito bem-vindo para o Mundial, vai ser valioso daqui para frente.
Esse é um time experiente, que tem nos seus alicerces alguns medalhões do rúgbi moderno. São jogadores como Bryan Habana, com 32 anos, mas ainda voando baixo.
Campeão do mundo em 2007, mesmo ano em que foi eleito melhor jogador do planeta, Habana ainda é um grande velocista e finalizador. Só hoje, guardou três tries. Chegou a marca de 64 pela sua seleção e igualou o recorde de 15 tries em Copas do Mundo, ao lado de Jonah Lomu (Nova Zelândia).
A velha guarda é a realidade dos Springboks. O melhor a fazer é aceitar isso. Só assim, vão naturalmente abrir caminho para alguns jovens talentos – como o camisa 10 Handré Pollard, de 21 anos – se soltarem e brilharem.
No fim, a derrota para o Japão não apenas ficou para trás, como fez bem. Ela levou os Boks a repensarem sua superioridade. Trouxe a dúvida, a humildade e os pés ao chão. Obrigou os jogadores a se unirem de forma mais intensa. Desencadeou na reencarnação de um gigante do rúgbi.
(Quem segura? Damian de Allende brilha na vitória por 64-0 contra os EUA, maior placar do Mundial)