Brasil cresce e assusta Portugal, mas se despede da Europa com derrota
UOL Esporte
Por Bruno Romano
O apito final que soou no gramado de Coimbra mudou imediatamente a expressão de todos. Do lado português, vinha um certo alívio: ''Ufa, ganhamos''. Do brasileiro, algo como: ''Foi por pouco, dava até pra ter vencido''.
O placar apertado de 21-17, no último duelo internacional das duas seleções na temporada, exalta a nítida evolução no rúgbi nacional (em 2013 Portugal havia vencido por 68-0) e também esconde alguns erros ainda comuns e evitáveis, mas deixa uma ótima impressão geral de um inédito tour europeu, que mostrou Tupis aptos ao próximo passo.
Pouco antes do fim do jogo, 27 jogadores dividiam o campo (dois amarelos para os Lobos portugueses, um para os Tupis), em uma partida que já havia esquentado bastante e começava a ferver de vez.
Era a prova definitiva do equilíbrio total que marcou o duelo desta quinta-feira – surpreendente até para seleções com 11 posições de diferença no ranking mundial.
De início, Portugal chegou a arriscar tries em chances claras de penal valendo três pontos fáceis – uma mensagem típica do rúgbi que pode ser traduzida como ''sensação de superioridade'' ou ''confiança extra'', não necessariamente desrespeito. Sem sucesso, os portugueses mudaram de postura, e ficaram ainda mais perigosos.
O Brasil, provavelmente como estratégia combinada antes mesmo de entrar em campo, buscou um jogo lento (talvez demais). Priorizou o território em vez de trocar passes (o que deu certo). E foi agressivo na defesa (um dos pontos altos do time).
Os portugueses queriam propor outra velocidade. E estavam bem treinados para isso. As bolas saíam rápidas dos rucks e a linha jogada solta e entrosada, esticando ao máximo os espaços do campo. Pouca gente se misturava nas formações e o estilo ofensivo de encarar o jogo dava cada vez mais trabalho aos brasileiros.
É por isso que, aos poucos, Portugal dava mesmo pinta de mais time, falando mais alto no scrum fixo e buscando ser mais abusado nas jogadas de linha. Mas o Brasil se recusava a se entregar. Ingredientes que não deixavam o jogo bonito, mas garantiam o placar indefinido até o fim.
A noção de que era possível vencer (pelo menos para quem assistia a tudo isso de fora) traz duas sensações opostas. A mais imediata olha para os erros e as oportunidades perdidas.
Por outro lado, a construção de um grupo, o despertar de novos talentos e a capacidade de realmente derrubar equipes maiores pede tempo e paciência. É esse segundo caminho – sem fechar os olhos para o primeiro, claro – que deve guiar os Tupis na próxima temporada.
O gosto de que faltou pouco, aliás, pode ser o incentivo perfeito para aumentar ainda mais o nível em 2017. Por tudo o que rolou neste ano, e pela imagem final em Portugal, parece que é isso mesmo que deve acontecer.