Irlanda rouba a cena, quebra tabu e derruba All Blacks pela primeira vez
UOL Esporte
Por Bruno Romano
A previsão era de show dos All Blacks, inédito e ao vivo, nos Estados Unidos. Mas quem deu o espetáculo foi a Irlanda, confiante e fatal em sua primeira vitória na história contra a seleção mais dominante do planeta.
Os 40-29 no placar do Soldier Field de Chicago, neste fim de semana, também marcou o fim da inédita sequência de 18 vitórias da Nova Zelândia – o mais novo feito da lista de recordes da única seleção tricampeã mundial.
Só que está não é a história da derrota All Black. É bem mais justo falar da empolgante e merecida vitória irlandesa.
Um time que jogou à la Irlanda quando preciso – explorando a base e o duelo tático de chutes, tudo em um ritmo mais cadenciado –, mas que também soube incorporar um estilo mais solto e agressivo, dando aos homens de preto um sabor do próprio veneno.
Nunca faltou qualidade à Irlanda para bater um gigante do tamanho da Nova Zelândia. Mas a sina de nunca ter vencido já trazia tanto peso para o campo que era difícil suportar. Desta vez, nem a possibilidade de perder parecia estar nos planos e nas mentes dos jogadores.
Só que, como no rúgbi não basta apenas vontade, a Irlanda até se apoiou na confiança, mas se guiou mesmo pelo trabalho em equipe, pela disciplina (mesclada na dose certa com ousadia) e pela postura corajosa frente a um rival mais forte.
As últimas “vítimas” dos All Blacks estavam caindo na mesma armadilha: jogavam de igual para igual até pelo menos metade do tempo. Sentiam o gosto de que podia ser “o seu dia”, no entanto, viravam alvo fácil quando pernas e cabeças, já exaustas, não respondiam tão bem.
A força mental All Black falava muito mais alto. Embalada pela excelência técnica individual e coletiva, dava uma energia extra bem acima da média. E lá estavam os neozelandeses celebrando mais um triunfo.
Desta vez a Irlanda abalou as estruturas. Dominou o placar e o território. Abriu vantagem suficiente para não sofrer a virada. E fez o que ninguém mais parecia ser capaz nestes tempos: terminou o jogo em ritmo alucinante, com poder de fogo para atacar e defender.
Foram protagonistas. Venceram os maiores do mundo sem deixar dúvidas. E só o fizeram por que foram capazes de vencer uma dura batalha interna. Ao acreditar no coletivo, não apenas bateram os All Blacks, como foram mais longe. Superaram a si mesmos. No fundo, a própria essência do rúgbi.