O Blog do Rúgbi

Final do Super 8 opõe sotaque argentino de Curitiba e timaço de Floripa

UOL Esporte

 

Por Bruno Freitas

Os fãs do rúgbi no Brasil têm uma data especial neste sábado, quando Desterro e Curitiba decidem o título do Super 8, o principal torneio do país. Será o confronto entre o forte time de Florianópolis, quase imbatível na temporada, e a equipe da capital paranaense, marcada pelo sotaque argentino dentro e fora de campo. A final em jogo único acontece neste sábado, às 17h (de Brasília), no estádio do Canindé, em São Paulo. A partida em campo neutro terá transmissão ao vivo do UOL.

O Desterro chega com o favoritismo, depois de uma campanha quase irretocável, com 13 vitórias em 14 partidas. Mesmo assim, o time de Florianópolis adota moderação e prega o foco no próprio desempenho.

''A nossa expectativa é o que está ao nosso alcance, que é jogar bem. A gente sabe onde acertou na temporada, a gente sabe onde errou. Vamos tentar o melhor para fazer um bom jogo'', comentou Ige, jogador do Desterro e da seleção brasileira (o time também conta com outros nomes da equipe nacional, como Nativo e Coghetto).

Já o Curitiba conseguiu assegurar a vaga na decisão apenas no último jogo, em um confronto direto com os paulistas do São José, que terminou com triunfo paranaense por 32 a 30. No final, a campanha do time apontou 10 vitórias e 4 derrotas. Para a final, a equipe confia no conjunto, mas também no fator individual, já que o argentino Chicho Nuñez é o maior pontuador do Super 8 até aqui.

O sotaque argentino do Curitiba se faz ainda mais presente através da figura de Lalo Lagarrigue, fundador da equipe nos anos 80, um dos treinadores e conhecido entusiasta da modalidade no Paraná.

''O sotaque estrangeiro é muito forte. Tem muitos meninos de famílias argentinas que vieram morar no Brasil, meninos que formei com 16 anos. Na direção do time ainda tem gente de Argentina, Uruguai e Chile. A gente sempre procura trazer um ou dois jogadores de fora. Só estamos na final porque fazemos um rúgbi moderno, não só com os nossos. A gente sempre busca essa oxigenação'', conta o pioneiro do rúgbi em Curitiba, que veio de Tucumán ao Brasil há cerca de 40 anos.

O incremento estrangeiro de Curitiba ainda se faz com o técnico sul-africano Arnu Southey. O Desterro também conta com direção estrangeira, nas mãos do argentino Sergio Jimenez, outro nome do rúgbi de Tucumán.

Foto Susi Seitz/Curitiba Rugby

Padrinhos e rivais

A decisão do Super 8 coloca frente a frente dois velhos conhecidos. Os paranaenses do Curitiba são considerados ''padrinhos'' do Desterro – foram os adversários na primeira partida da história da equipe e são uma referência de sucesso no rúgbi da região Sul.

''O Curitiba é o nosso grande rival na última década. É o nosso padrinho também, o primeiro time que a gente jogou contra, uma referência para a gente. Existe uma rivalidade esportiva, mas ela é muito saudável'', afirmou Ige.

Esta é a terceira final consecutiva do Curitiba, que vendeu a edição de 2014 e acabou com o vice-campeonato no ano seguinte. O Desterro, por sua vez, persegue o tetra brasileiro, já que triunfou nos torneios de 1996, 2000 e 2005. De quebra, o confronto celebra a força atual do rúgbi da região Sul do Brasil.

''É uma prova que o rúgbi está crescendo no Brasil inteiro, não apenas em uma região, como algumas pessoas dizem. O investimento não está todo em um lugar só. Existe bom rúgbi fora de São Paulo'', disse Ige, do Desterro.

''Muito disso se dá pela proximidade de países têm a cultura do rúgbi, como Argentina, Uruguai e Paraguai'', endossa Lalo, do Curitiba.

Cultura do rúgbi entre estudantes do Paraná

Com um representante na final mais uma vez, a cidade paranaense vem se afirmando como um dos principais centros do rúgbi nacional. Em 2007, Curitiba foi a primeira capital do país a levar a modalidade para dentro de colégios. Atualmente mais de 700 alunos de escolas pública da região metropolitana praticam o esporte regularmente.

Liderado pelo time de Curitiba, o projeto foi reconhecido em 2014 pela World Rugby (federação internacional da modalidade) com o troféu ''Spirit of Rugby''. A honraria é concedida a clubes ou entidades que auxiliem na difusão da essência e dos valores do esporte em todo o planeta. Esta foi a primeira vez que o Brasil foi escolhido pela entidade.