Processo de jogador a clube inglês pode sacudir o rúgbi profissional
UOL Esporte
Por Bruno Romano
O irlandês Cillian Willis tomou uma atitude inédita no esporte nesta semana. Ele decidiu processar seu antigo clube, o inglês Sale Sharks, por negligência médica.
Willis abandonou o rúgbi depois de sofrer com efeitos de uma concussão – trauma violento na cabeça, que pode gerar consequências negativas a médio e longo prazo.
Há dois anos, em um duelo contra os Saracens, Willis foi tratado duas vezes em campo após pancadas na cabeça, mas seguiu jogando, com aval da equipe médica do clube. Com 29 anos na época, ele só deixou o gramado aos 9 minutos do segundo tempo.
Os advogados que representam o irlandês confirmaram o andamento do processo à BBC londrina, mas não devem revelar maiores detalhes por enquanto. O Sale Sharks ainda não comentou o caso.
Willis chegou a defender a seleção Sub-21 da Irlanda, atuando de scrum-half. Além dos Sharks, defendeu Leinster, Ulster e Connacht. Ele é primo do ex-capitão irlandês Brian O´Driscolll, lenda do esporte que se aposentou recentemente.
O tema concussões segue delicado, ainda que a World Rugby tenha adotado novas regras e condutas nos últimos anos. Em uma era profissional do rúgbi, cada vez mais exigente fisicamente, não apenas a força das pancadas como a frequência de lesões tem aumentado.
Se questões financeiras entrarem na balança, o assunto fica cada vez mais complicado. Tanto do lado dos clubes e seleções, com calendários cheios de responsabilidades (que servem de vitrine em uma carreira muitas vezes curta), como no dos atletas, que acabam tendendo a se arriscar mais em um cenário tão competitivo, em todos os sentidos.
Por todas estas questões, o caso de Willis pode ser emblemático. Nas próximas semanas, ele deve ser tratado com atenção redobrada, já que pode servir de parâmetro não só para o rúgbi europeu como o de todo o mundo.