Tupis reagem no fim, mas jogam pouco para quebrar longo tabu uruguaio
UOL Esporte
Por Bruno Romano
Era grande a expectativa brasileira de fazer frente ao Uruguai na estreia do Torneio Sul-Americano 2016. Mas a realidade mostrou que vai ser preciso muito mais para a seleção quebrar um tabu que já passa de 50 anos.
A vitória uruguaia por 36-14, com cinco tries dos Teros e dois dos Tupis, condiz bem com o jogo deste fim de semana – o primeiro da história da seleção no Allianz Parque, em São Paulo.
Uma derrota dura, pela facilidade com que os uruguaios a construíram. Ainda que o próprio jogo tenha mostrado um caminho possível para o Brasil.
Nos minutos finais, a seleção soube misturar bem habilidades individuais e agressividade no ataque com um estilo de jogo mais simples, solidário e objetivo. Uma reação honrosa, mas tarde demais para mudar a história do duelo.
Os próprios jogadores brasileiros reconheceram o começo ruim. “Estamos perdendo para nós mesmos”, resumiu o oitavo Nick Smith, na saída do intervalo. Um reconhecimento importante, que gerou a reação do segundo tempo.
O Brasil acabou superado no ponto-chave do duelo: a batalha dos forwards. Todo o jogo dos Teros foi construído a partir dos seus números 1 a 8, unindo força física, entrosamento e boa tomada de decisões. Para piorar, a dupla de médios uruguaios, mesmo sem muita experiência junta em duelos da seleção, orquestrou com precisão toda oportunidade de try.
E mais: o Uruguai evoluiu muito no jogo aberto, na dinâmica entre forwards e backs, e na velocidade de trocas de passes e contra-ataques. Se no Americas Rugby Champioship, esse “estilo argentino” de jogar não tinha surgido efeito nos Teros – comandados agora pelo argentino Esteban Meneses –, no Sul-Americano ele já começa a dar liga.
Como positivo, o Brasil foi capaz de terminar o jogo em ritmo alto. Suportar 80 minutos neste tipo de duelo sempre foi um desafio enorme aos Tupis.
Um último try também foi marcado fora de campo: mais de 7 mil torcedores compareceram ao Allianz Parque, bom público para o rúgbi em um feriado – ainda que alguns torcedores tenham reclamado de demora nas filas para entrar no estádio.
Neste momento em que modalidade começa a chamar mais atenção, as cobranças à seleção naturalmente vão aumentar. Transformar essa “pressão” em apoio para o time é também um novo desafio desta geração.
Como sempre, no rúgbi, a resposta tem de ser dada em campo. No caso dos Tupis, já no próximo sábado, contra o Chile, no Pacaembu. Outro jogo cheio de grandes expectativas.