Cai o império do Toulon, mas a era dos gringos na França está longe do fim
UOL Esporte
Por Bruno Romano
Podem dizer que o feitiço virou contra o feiticeiro. Foi assim que o clube francês Toulon, atual tricampeão europeu, viu seu império ruir na principal competição do continente.
A vitória do Racing 92, de Paris, pelas quartas de final da Champions Cup deste fim de semana não significa que a fórmula do Toulon perdeu toda a sua a magia. Pelo contrário, há outros times apostando na mesma solução. E com sucesso.
Trazer estrelas de outros países é tradição no rúgbi francês. Os craques são atraídos pelos contratos e, salvo poucas exceções, dizem adeus para suas seleções quando se mudam para a Europa. Por lá, levam a vida fazendo o que gostam, com um pouco menos de pressão do que no quintal de casa.
Nos dois times titulares de Toulon e Racing, somando 30 atletas, apenas 11 eram franceses. Seis deles, aliás, estavam no elenco da França na Copa do Mundo de 2015 (sendo dois naturalizados). Apenas sete fizeram parte do grupo do Six Nations no começo deste ano.
Entre os craques gringos que dominaram o campo do Racing, estamos falando de nomes como o camisa 10 do time da casa Dan Carter, maior pontuador da história das Copas e duas vezes eleito o melhor jogador do mundo.
A lista segue entre os quinze titulares e se espalha pelos dois bancos. De Mamuka Gorgodze e Ma’a Nonu, no Toulon, a Juan Imhoff e Chris Masoe, no Racing, só para citar dois de cada lado, que fizeram boa partida no último domingo.
Com a vitória, o Racing encara agora o Leicester Tigers, da Inglaterra, na semifinal. Na outra semi, confronto inglês entre Wasps e Saracens. A decisão será em Lyon, na França, no dia 13 de maio.
Enquanto isso, o “conto de fadas” de Mourad Boudjellal – dono do Toulon e responsável por trazer, há anos, uma legião de craques ao time – ainda não acabou.
A eliminação rompe com uma era, mas não parece ser o fim. Nem das vitórias do time, muito menos da opção por craques globais.
O Toulon caiu de pé, diria a máxima do esporte, e ainda deve dar trabalho para muita gente. O triunfo do Racing só comprova que ninguém é imbatível. E torna todas as próximas conquistas do Toulon muito mais difíceis.