Capitã supera câncer raro e lesão para liderar EUA em torneio no Brasil
UOL Esporte
Por Bruno Romano
Jillion Potter entrará em campo neste fim de semana para fazer o que mais gosta: jogar rúgbi. Ela será a capitã da seleção feminina dos Estados Unidos durante a etapa brasileira do circuito mundial de 7’s, o Super Desafio BRA de Rugby Sevens, na Arena Barueri (SP), nos dias 20 e 21 de fevereiro.
A dona da camisa número 3 dos EUA comemora a recente volta aos gramados depois de duas pancadas da vida, mais fortes do que qualquer trombada no rúgbi. A primeira, uma grave lesão no pescoço, em 2010. A segunda, um câncer maligno, descoberto em 2012.
Natural de Austin, no Texas, Jillion conheceu o rúgbi na universidade do Novo México – antes disso, sequer havia ouvido falar da modalidade. Como ela mesma conta, em entrevista à World Rugby , já se apaixonou em seu primeiro treino. Adorou dar tackles (derrubar adversárias) e se impressionou com a forma com que o time e a comunidade local do esporte a receberam.
Chegou à seleção juvenil norte-americana, e seguiu com os programas de alto rendimento, já no fim da adolescência. Em 2007 ganhou vaga na equipe principal de rúgbi XV para jogar a Copa do Mundo feminina de 2010. Pouco antes do torneio, uma grave lesão na região do pescoço tirou Jillion da batalha.
Recuperada de um longo tratamento, acabou conhecendo o rúgbi Sevens logo após a confirmação da modalidade para a Olimpíada de 2016. Participou de um treinamento com a seleção, e começou a conquistar seu espaço.
Em 2012, Jillion entrou de vez para o time e, desde então, defende profissionalmente os EUA. Ela não se cansa de dizer que queria ter conhecido o Sevens há mais tempo.
Não demorou, no entanto, para tomar um novo susto. Descobriu um tumor na boca, que a cada dia a incomodava mais. Mesmo assim jogou a Copa do Mundo de Sevens de 2013 – os EUA faturaram o bronze –, ainda que o problema pressionasse cada vez mais a área entre a garganta e a parte inferior da língua, como a própria Jillion descreve.
Logo depois, constatou: tratava-se de um sarcoma sinovial, maligno, em terceiro grau. Um câncer delicado e já avançado.
Enquanto Jillion fazia a sua parte, não faltavam ajudas para superar o drama. Um vídeo com palavras de incentivo de jogadoras de rúgbi de todo mundo rodou pela internet. E a comunidade norte-americana ligada à bola oval arrecadou, via crowdfounding, quase 30 mil dólares para o tratamento.
Jillion passou por cima do câncer em 2015. E, aos poucos, voltou a ser a líder de sua seleção.
“O rúgbi te ensina valores, e eles realmente te preparam para a vida. São coisas que você aprende dentro e fora de campo e que te mostram como superar grandes desafios”, disse a World Rugby.
“O rúgbi me deu um enorme presente: ensinou-me sobre força mental, disciplina, trabalho duro e integridade. Tudo isso foi fundamental para eu vencer o câncer”, conclui Jillion.