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Após fracasso na Copa, Inglaterra traz técnico do Japão para superar crise

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Por Bruno Romano

Treinador Eddie Jones já está na Inglaterra, e assume a seleção em dezembro (David Rogers/GettyImages)

Depois do pior Mundial de sua história, a Inglaterra anuncia seu primeiro treinador estrangeiro em todos os tempos: Eddie Jones, o maestro da brilhante campanha do Japão na Copa do Mundo de Rúgbi 2015. O contrato com a União Inglesa de Rúgbi é de quatro anos. Jones já começa o trabalho em dezembro, visando o Six Nations 2016, o anual torneio europeu de seleções.

Aos 55 anos, ele é o novo responsável por recuperar o prestígio dos ingleses, em baixa desde que venceram o título Mundial de 2003 – uma situação agravada ao extremo após a eliminação da Copa 2015 em casa, ainda na fase de grupos.

Jones, aliás, era o técnico da Austrália na final do Mundial de 2003, no único título inglês no maior torneio do rúgbi. E ele também fazia parte da comissão técnica da África do Sul, campeã do mundo em 2007. Mas foi pela campanha atual com o Japão neste ano que garantiu o cargo.

Mais do que vencer a bicampeã mundial África do Sul na estreia da Copa, com um rúgbi ofensivo, coletivo e bem jogado, o Japão de Jones foi a primeira seleção a ser eliminada de um Mundial com três vitórias – também bateram Estados Unidos e Samoa. Detalhe número 1: os japoneses vinham de 18 derrotas seguidas em Copas. Detalhe número 2: Jones também cravou uma sequencia de 10 triunfos seguidos em sua passagem de três anos pelo Japão, um recorde em nações do segundo escalão do rúgbi.

O sucesso de Jones como treinador começou nos Brumbies, da Austrália, ao liderar o primeiro time fora da Nova Zelândia a triunfar no Super Rugby, em 2001. Até hoje, aquele elenco é tido como um dos melhores da história do torneio. No mesmo ano de 2001, Jones assumiu a seleção da Austrália, superou os All Blacks e faturou o Tri Nations na sua estreia.

No papel de comandante, ele é exatamente o oposto do ex-treinador inglês Stuart Lancaster. De perfil mais discreto, Lancaster é um treinador de base na Inglaterra, que só havia participado de uma temporada profissional, com o Leeds, antes da seleção.

Nascido na Tasmânia, Jones é conhecido por ser carismático e falastrão (além de vencedor, claro). Ele já rodou o mundo do rúgbi, e soma muito mais bons momentos do que fracassos em sua carreira. Após o Mundial, já tinha contrato assinado com o Stormers, a forte franquia sul-africana do Super Rugby. Os próprios dirigentes do clube, no entanto, concordaram que a nova proposta era impossível de ser recusada.

Na nova missão inglesa, o treinador já apontou que vai apostar na nova geração. “É um time extremamente talentoso, que precisa ganhar experiência nos próximos quatro anos para amadurecer até a Copa de 2019. A Inglaterra venceu duas das últimas três Copas sub-20 e tem um futuro brilhante”, disse em sua primeira entrevista coletiva. Os ingleses, de fato, tinham o elenco mais novo da Copa 2015.

Aproveitando os holofotes, ele também aproveitou para dar seu primeiro pitaco: “Não vamos copiar os All Blacks. Precisamos criar nosso próprio estilo de jogo, e eu quero que os jogadores acreditem nele 100 %. Quero ver os All Blacks prestando atenção em como a Inglaterra está jogando”.

Não vai demorar muito para ver se Jones poderá cumprir sua palavra. O novo time inglês já entra em ação no Six Nations 2016. A estreia da Inglaterra é contra a Escócia, fora de casa, no dia 6 de fevereiro.

(Torcedor japonês homenageia Jones durante o Mundial de 2015 na Inglaterra Julian Finney/GettyImages)

(Torcedor japonês homenageia Jones durante o Mundial de 2015 na Inglaterra Julian Finney/GettyImages)