Após calar Inglaterra, Gales pode liderar o grupo da morte
UOL Esporte
Por Bruno Romano
(Sucesso de Gales contra Fiji passa pelas mãos do camisa 9 Gareth Davies)
Junte quatro das dez melhores seleções de rúgbi do planeta: País de Gales (2ª), Austrália (3ª), Inglaterra (6ª) e Fiji (10ª). Coloque-as para jogar entre si em estádios com 80 mil pessoas. Ponha à mostra a taça William Webb Ellis na entrada do campo em cada jogo, só para atiçar ainda mais a disputa. Por fim, deixe soar o apito e veja o estádio tremer e a bola oval ser tratada por quem conhece. No caso desta quinta-feira será a vez de País de Gales e Fiji, em duelo definitivo para o grupo da morte desta Copa.
Mesmo tendo vencido a Inglaterra no último sábado, há um perigo evidente no caminho dos galeses, em segundo lugar no grupo “A”, atrás dos australianos. Fiji já perdeu dois jogos até aqui (para Austrália e Inglaterra), mas tem velocidade, ousadia e poderio físico suficientes para fazer frente aos britânicos.
Acontece que o momento é todo de Gales, que jogará no seu templo, o Millenium Stadium de Cardiff. E mais, eles vêm embalados pela mais importante virtude de um time de rúgbi: o jogo em equipe.
Mesmo que o camisa 10 Dan Biggar tenha sido decisivo ao cravar sete chutes contra a Inglaterra, foi o trabalho coletivo que levou Gales à vitória – e a vice-liderança do ranking mundial. Para quem já perdeu pelo menos seis grandes destaques individuais por contusão, é um enorme feito.
Neste Gales x Fiji, as estatísticas mais atrapalham do que esclarecem o cenário. O momento dos dois times vai ser mais definitivo do que os números no resultado: Gales embalado, mas com menos descanso, e Fiji mais renovado, porém com desfalques importantes. Entender e atacar as fraquezas do adversário será determinante.
Nos últimos dez jogos, são oito vitórias galesas, um empate e um triunfo de Fiji. Se fizermos um recorte nos Mundiais, Fiji venceu em 2007 (38-34), tirando Gales do torneio, e os britânicos deram o troco em 2011 por 66 a 0, um placar que o capitão galês Sam Warburton já pediu publicamente para não ser usado como referência para o jogo desta quinta.
Fiji levará a campo seu time mais experiente da história, com 392 aparições pela seleção do Pacífico. Em posições chave, no entanto, terão grandes ausências, sobretudo a do velocista (de 1,96 metros e 125 quilos) Nemani Nadolo. Para sorte de Fiji, outro ponta rápido e com três dígitos na balança – Timoci Nagusa, artilheiro da última temporada do campeonato francês – se recuperou a tempo de enfrentar Gales.
O grupo da morte, o perigo fijiano e o placar apertado (17-13 para Gales) do último encontro há menos de um ano, obrigam o treinador galês a usar sua força máxima. O pack de forwards (números 1 a 8), grande fortaleza da equipe, se mantém intacto da vitória contra os ingleses. Nos backs (números 9 a 15), há três mudanças: entram Alex Cuthbert (#14), Tyler Morgan (#13) e o abertura reserva Matthew Morgan, jogando improvisado de fullback (#15).
Superar estes desafios e conquistar uma terceira vitória seguida deve fazer Gales esquecer de vez a assombração de tantas contusões até aqui. Liderar o grupo da morte, sem vários titulares, não apenas muda a mentalidade galesa, como os coloca de forma incontestável no posto de time a ser batido neste Mundial.
(O oitavo Taulupe Faletau fará seu 50º jogo por Gales nesta quinta-feira)
Les Blues encaram o Canadá
A vitória do Japão contra a África do Sul na primeira rodada da Copa deu a impressão de que mais zebras iriam logo invadir os gramados ingleses. O Canadá foi o que passou mais perto, ao quase bater a Itália em seu segundo jogo.
Esta Copa confirmou que o degrau entre seleções do primeiro, segundo e terceiro escalões diminuiu. Vencer os gigantes, como a França, no entanto, ainda é um desafio bem maior.
Como o que mais importa para os franceses é o último jogo do grupo com a Irlanda, a missão contra o Canadá é não perder o foco, nem as oportunidades de fazer try.
Para isso (e para azar dos canadenses) chegou a vez de grandes jogadores voltarem a campo, depois de um descanso contra a Romênia. É o caso de Frederic Michalak (#10), Thierry Dusautoir (#6) e Mathieu Bastareaud (#13). Botando na balança, será um peso muito grande para o Canadá suportar.
(Melhor do mundo em 2011, francês Thierry Dusautoir (dir.) volta a campo contra o Canadá)