A Inglaterra foi devastada pelo País de Gales em Twickenham. E não é só a derrota de virada (28-25), nos últimos minutos, que abalou os anfitriões do Mundial. Para seguirem pensando em título, os ingleses precisam agora vencer a poderosa Austrália, bicampeã mundial.

O que o País de Gales fez em Londres acende a chama da Copa, abre ainda mais a disputa do grupo da morte e coloca em cheque a superioridade inglesa jogando em casa – o que pode custar muito caro mais pra frente.

Pelo alto nível dos times, e pela rivalidade histórica, não foi uma surpresa. Mas do jeito que aconteceu, com tanta desconfiança do lado galês e tantos desfalques (antes e durante o jogo), foi no mínimo improvável.

Um chute de 50 metros do abertura Dan Biggar colocou Gales na frente há menos de dez minutos do fim. Os ingleses nem tiveram tempo de reagir. Agora, vão precisar de reerguer bem mais rápido se ainda quiserem algo grandioso neste Mundial.

Se o estrago do lado inglês é grande, o prêmio para os galeses é enorme: justo na hora em que poucos acreditavam, surgem como candidatos a vencer qualquer encrenca. Não importa o tamanho e a fama.

ÁFRICA DO SUL RENASCE NO MUNDIAL

Não é apenas o resultado deste sábado que coloca a África do Sul de volta na disputa pelo Copa do Mundo 2015. O placar arrasador sobre Samoa (46-06) confirma os bicampeões mundiais como potência a ser batida. Mas é a forma de jogar dos Springboks que ofusca críticas e dúvidas ao time depois de uma estreia apocalíptica contra o Japão. O triunfo de hoje alivia a pressão. E convence.

Com oito mudanças depois da derrota mais desastrosa da sua história, impressiona o entrosamento, o dinamismo e a coletividade dos sul-africanos. É isso que os faz uma referencia em rúgbi, claro. Acontece que todos estavam com um pé atrás (ou os dois mesmo) depois do vexame na estreia.

Desta vez, os Springboks dominaram Samoa totalmente. No físico, na tática, na disposição. E em tudo que faz isso funcionar: a força mental e a vontade de ganhar. No duelo deste sábado, mais do que gana de vencer, havia uma urgência pela vitória. E os Springboks desataram o nó da garganta do melhor jeito possível. Deram uma aula de rúgbi.

A MASSA (QUASE) DESANDOU

Parece que a Itália não assistiu a imprevisível vitória do Japão contra a África do Sul neste Mundial. Favoritos no duelo deste sábado contra a seleção (meio amadora, meio profissional) do Canadá, os italianos venceram no sufoco: 23-18. Tudo por que entraram em campo sem o compromisso e a pegada que um jogo de rúgbi exige.

Para o bem da Copa – e dos próprios jogadores e torcedores italianos – é melhor acreditar nisso. Até por que, se esse for o máximo que esta equipe pode atingir, a vida da Irlanda neste grupo “D” vai ficar muito fácil. Jogando assim, a azzurri (azul) está mais para mais para giallo (amarelo).

E que falta faz Sergio Parisse, argentino de nascimento, que defende a Itália há treze anos. Com uma contusão mais grave, o capitão e número 8 ficou de fora da Copa. Sem Parisse, parece que a Itália perdeu mais da metade da sua força.

DICA DO DIA: Se está chegando agora no rúgbi e ainda tem dúvidas sobre as regras, acesse: laws.worldrugby.org. Com opção em português, a página reúne informações, vídeos e imagens dos sinais feitos pelo árbitros. Tudo muito bem explicado.

O CARA: Jean de Villiers. Há nove meses, o capitão e camisa 12 dos Springboks sofreu uma das lesões mais feias dos últimos tempos no rúgbi, em duelo contra o País de Gales. Parecia impossível, mas ele se recuperou a tempo para o Mundial. Villiers deve estar finalmente feliz e aliviado por tudo o que teve de fazer para conseguir entrar em campo e comandar os Boks na Inglaterra.

 A IMAGEM: A família real inglesa reage a derrota dos anfitriões contra Gales neste sábado em Twickenham.

A FRASE: “A derrota na estreia ainda dói e a gente sabe que desapontamos muita gente. Mas hoje foi só o primeiro passo da nossa volta ao rumo certo. Fico feliz em ganhar, mas ainda falta muita coisa pra fazer”, Jean de Villiers, capitão da África do Sul, sobre a vitória contra Samoa.

LONDON EYE: Austrália (x Uruguai) e Irlanda (x Romênia) tem a obrigação de vencer neste domingo, como francos favoritos em seus jogos. O desafio dos grandes vai ser entrar em campo como se fosse uma decisão. Até por que, o Mundial mostrou até aqui que não há outra alternativa.