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Da lama à glória: Inglaterra segue imbatível e estremece rúgbi mundial

UOL Esporte


Por Bruno Romano

O mundo dá mesmo voltas. E algumas são tão imprevisíveis quando o giro da bola oval. A mais nova delas veio na forma do segundo título seguido da Inglaterra no Six Nations, cravando de uma vez por todas uma das mais incríveis recuperações da história do rúgbi.

A vitória arrasadora sobre a Escócia neste fim de semana (61-21) deu o campeonato aos ingleses com uma rodada de antecedência. O troféu também os coloca lado a lado com a Nova Zelândia em um recorde de respeito na modalidade: 18 vitórias seguidas.

Caso superem a Irlanda na despedida do torneio – o que é bem provável – os ingleses passam a ter a melhor sequência de todos os tempos na elite do rúgbi.

O curioso na história é que estamos falando da mesma geração que, no fim de 2015, amargou a inédita eliminação da Inglaterra em uma primeira fase de Copa do Mundo. Para piorar, jogavam em casa, e ainda perderam a vaga para um velho conhecido rival, o vizinho País de Gales.

A reviravolta não para por aí. Desde que assumiu a equipe após a melancólica despedida do Mundial, o treinador australiano Eddie Jones está invicto. Não custa lembrar que era ele mesmo que comandava a Austrália no Mundial de 2003. Na época, quem jogava em casa eram os Wallabies, derrotados pela Inglaterra na decisão em um drop goal na prorrogação.

Até hoje, aquela final de Copa representa o auge do rúgbi inglês. E, desde então, os inventores do esporte não tinham vivido um prestígio tão grande.

A era Eddie Jones não chama atenção apenas pela sequência imbatível e pelas duas conquistas do maior torneio do continente. O que salta aos olhos é uma geração talentosa e ainda bastante jovem, liderada por um estrategista e motivador dos bons (não esqueçamos do que o Japão fez no último Mundial sob seu comando), que promete dar trabalho nos próximos anos para os melhores elencos do mundo.

O ex-treinador Stuart Lancaster, ainda com o ''filme queimado'' após a eliminação do Mundial, já avisava que este grupo ainda iria amadurecer. Assim que chegou e viu de perto o que tinha em mãos, Eddie Jones foi além e já prometeu vitória para cima dos All Blacks, sem se intimidar com a fase mais vitória do rúgbi neozelandês.

Entre o fracasso de Lancaster e o sucesso de Jones há um ponto em comum: este grupo de jogadores tem mesmo algo de especial, com força suficiente para escrever a história do esporte. A dúvida já é não é mais se eles são capazes de algo grandioso. A pergunta é: quem pode vencê-los?