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All Blacks invocam “magia negra” contra gigantes no Rugby Championship

UOL Esporte

Por Bruno Romano

Sétima vitória seguida em 2016. Seis tries a um contra a África do Sul no último fim de semana. E mais um título de Rugby Championhip (garantido com duas rodadas de antecipação) que quase passa despercebido em meio a tanto domínio no cenário mundial.

É por essas e outras façanhas que o termo ''magia negra'' costuma ser invocado quando os All Blacks decidem incorporar sua versão mais potente e impiedosa – aquela imbatível, mesmo contra outros gigantes do planeta rúgbi.

O Rugby Championship deste ano conta com as quatro primeiras seleções do Mundial 2015, todas ainda no top 10 do ranking da World Rugby. Mas nem Austrália (3ª), África do Sul (4ª) ou Argentina (7ª) são desafios no momento para os neozelandeses.

A última demonstração do que isso significa levou a África do Sul a um lugar delicado. Depois de segurar o ímpeto All Black e ir para o vestiário com 15-10 no placar, assistiram a uma apresentação de gala no segundo tempo, e deixaram o estádio de Christchurch sem rumo.

Os 41-13 contra os Springboks – a mais dura derrota dos sul-africanos desde 2011 – mostram bem o nível do atuais (e únicos) tricampeões mundiais do rúgbi. E o poder de fogo da etapa final deixa bem claro uma das grandes armas dos homens de preto: eles não estão apenas preparados fisicamente para duras batalhas de 80 minutos, eles treinam exaustivamente para vencer estes duelos com uma mentalidade vencedora.

No rúgbi, é difícil separar esta parte motora da psicológica. Força mental e capacidade física andam lado a lado em lances cruciais do jogo. Aqueles em que todos já estão exaustos, mas precisam tomar uma decisão em menos de um segundo. Ela pode levar à vitória ou à derrota.

O outro ingrediente chave é o trabalho em equipe. Baseados na filosofia neozelandesa de fazer bem as coisas simples, os All Blacks claramente jogam um para o outro. Há lindos tries individuais, claro, mas o jogo é construído para a equipe pontuar – basta ver no vídeo os três tries com passes do hooker (2) Dan Coles.

Nesta toada, com o troféu já garantido e a confiança nas alturas, a Nova Zelândia parece mesmo imbatível para os dois confrontos que restam do principal torneio de seleções do hemisfério sul. A seleção líder do ranking mundial terá pela frente a Argentina, em Buenos Aires (1 de outubro), e a África do Sul, em Durban (8 de outubro).

Nos amistosos de novembro, vai ser a vez de colocar este domínio à prova contra Irlanda, Itália (duas seleções que nunca venceram os All Blacks) e França.

A chance de fecharem 2016 invictos é bem promissora. Não custa lembrar que estamos assistindo à geração mais vencedora da história. Renovada do último Mundial e sem nomes como Richie McCaw e Dan Carter, é verdade. Mas pegando o embalo, acredite, para evoluir ainda mais.