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Após começo arrasador, Brasil se perde, aceita reação do Quênia e cai no AP

UOL Esporte

Oitavo do Brasil Nick Smith tenta passar pela marcação queniana. (Crédito: Luiz Pires/Fotojump)

Oitavo do Brasil Nick Smith tenta passar pela marcação queniana (Crédito: Luiz Pires/Fotojump)

Por Bruno Romano

Depois de desenhar um início dominante, a seleção brasileira de rúgbi XV se atrapalhou nos próprios erros e deixou escapar o que seria a sua primeira vitória sobre Quênia no esporte. Triunfo dos africanos (18-17), decidido nos últimos três minutos após um chute de penal.

No duro amistoso da tarde desta sexta-feira, em Macapá (AP), o único estado do país que ainda não tem um time de rúgbi pôde acompanhar de perto os Tupis em um jogo leal e bem disputado, mas muito fraco tecnicamente e repleto de vacilos dos dois lados.

A realidade da partida foi bem diferente do que sinalizava o ranking da World Rugby, onde oito posições separam o Brasil (35o) dos africanos (27o).

Apostando em uma equipe mista, para dar rodagem a mais jogadores, o Quênia trouxe a campo um time sem entrosamento e organização. No meio da bagunça, os visitantes conseguiram achar um caminho, baseado na qualidade dos seus rucks e laterais.

Do outro lado, os Tupis começaram superiores em todas as outras áreas do jogo, e sentiam que eram mais fortes, logo no início. Até traduziram isso em pontos, abrindo vantagem de 11-0, mas não souberam transformar suas fortalezas em domínio do espaço e do placar.

Mesmo ganhando todos os lances de scrum fixo – chave para manter a posse de bola e o fator mental em alta em qualquer partida de rúgbi – a seleção cedeu à um Quênia traiçoeiro, que aproveitou as poucas chances que teve para pontuar.

Os tries de Quênia (e os penais a seu favor, que geraram mais pontos decisivos) foram conquistados mais por erros do Brasil do que por méritos próprios.

É por isso que, mesmo com o placar apertado, não é exagero dizer que o Brasil perdeu mais para si próprio do que para o rival, um jargão já comum e bem gasto no rúgbi, mas que explica exatamente o duelo em Macapá, o primeiro da seleção na região Norte do país.

Se formos analisar mais a fundo, fica claro que os Tupis tentaram repetir o estilo que deu certo em grande parte dos últimos jogos internacionais, no Sul-Americano e no Americas Rugby Championship, baseado em uma defesa forte e em contraataques mortais.

Só que a fórmula não se mostrou a ideal para encarar o Quênia. Era o dia de assumir o protagonismo, e não jogar no erro do adversário. Manter a posse, ditar o ritmo e pontuar cada vez que chegasse ao campo de ataque.

O Brasil não só errou na estratégia, como não foi capaz de mudá-la durante o jogo, arma fundamental para qualquer time de rúgbi ter às mãos. Sem uma boa ligação entre forwards e backs, a seleção também ficou carente de variações de jogadas, e começou a se tornar lenta e previsível.

Não chega a ser um passo atrás no bom primeiro semestre do Brasil, que ainda parece seguir nos trilhos da evolução. Mas a derrota escancara como a falta de experiência em jogos internacionais acaba sendo cruel.

Com os olhos voltados agora para o Sevens na Rio-2016, a seleção de XV deve fazer uma longa pausa antes de retornar a campo em mais desafios internacionais. A expectativa é encarar outras seleções acima do ranking, desta vez na Europa, nos últimos meses do ano.

Ótima motivação para aprender com a derrota em Macapá e recuperar a postura valente e coletiva que tem marcado essa nova fase do alto nível no Brasil.