Rúgbi europeu está jogando fora a chance de aproveitar a Olimpíada
UOL Esporte
Por Bruno Romano
Há muito tempo já se sabe que Inglaterra, Escócia e País de Gales jogarão a Olimpíada de 2016 unidas em um time britânico, o Team GB. Mas para por aí. Tudo que envolve a tal seleção unificada ainda é incerto – faltando apenas cinco meses para os Jogos.
O último passo em falso veio das uniões locais nesta semana. Receosas com um possível desconforto com os clubes, elas deixaram a cargo de cada equipe liberar seus jogadores para o Team GB.
Os clubes, por outro lado, devem adotar o discurso de “portas sempre abertas”, ainda que, na prática, os jogadores acabem em uma situação delicada. Para correr atrás do sonho olímpico, precisariam abandonar a temporada europeia de rúgbi XV em andamento.
Ainda que Sevens e XV caminhem por estradas paralelas, a oportunidade dos Jogos poderia ser vista como um grande incentivo esportivo e financeiro para os britânicos. Atletas representando seus países na Olimpíada agregam valor na volta, para si e para seus times.
Aproveitar jogadores do XV para o Sevens tem sido uma prática comum entre seleções como Nova Zelândia e África do Sul, fortes candidatas ao ouro olímpico.
Jogadores como o escocês Stuart Hogg, eleito o melhor atleta do Six Nations, e os ingleses Mike Brown e Anthony Watson têm perfil para brilhar no jogo reduzido. Em cinco meses provavelmente já estariam bem afinados com o Sevens.
Se eles fariam falta nos seus clubes de XV? Claro. Mas pensando em longo prazo, apostar no Rio 2016 poderia ser um ótimo negócio para todos os lados.
Não se pode menosprezar, claro, os atletas que têm se dedicado exclusivamente ao Sevens nos últimos anos. Há vários talentos entre os ingleses, escoceses e galeses que jogam anualmente o Circuito Mundial de Sevens. A questão é que nunca fizeram um treino juntos.
Na temporada passada, a Inglaterra acabou no quarto lugar geral (entre 15 seleções fixas), garantindo vaga para o Team GB. O problema para os britânicos é que os ingleses são a decepção desta temporada atual, em 7º lugar. A Escócia está em 11º e Gales em 12º.
Se o último Mundial de rúgbi XV, no fim do ano passado, já foi dominado completamente pelo hemisfério sul – ligando o sinal de alerta para o rúgbi europeu – a Olimpíada parece fadada a um desfecho parecido.