Força do rúgbi brasileiro está nos clubes
UOL Esporte
“O rúgbi brasileiro assombra o mundo”.
A frase acima faz parte de conhecido anúncio de marca esportiva que patrocina as seleções brasileiras. Ora vejam, os últimos resultados – quer seja no Campeonato das Américas e na invencibilidade da seleção feminina no Sul-Americano – têm, de fato, assombrado o mundo.
Elas hoje treinam em instalações dignas de equipes do ‘Tier 1’ do rúgbi mundial, que jogam copas do mundo e outros grandes campeonatos. Seus jogadores estão centralizados, alguns já profissionais, viajam mundo afora e bem representam o Brasil.
No entanto vê-se uma realidade muito distante entre as seleções nacionais e os clubes do país. Claro, há exceções. Alguns podem dizer que a Confederação Brasileira de Rugby (CBRu) se vale de vários patrocinadores, que assim fica tudo mais fácil – a argumentação de sempre.
Não é, e não foi assim.
Lembro-me bem do início da CBRu, no começo desta década. O motor para mudança do rúgbi foi – e tem sido – a vontade de fazer, de mudar o cenário. E a única fórmula para isso é o trabalho. Ou seja, nada aconteceu de repente.
Para os clubes, associações regionais e federações estaduais não ficarem para trás, é preciso trabalhar. Não se pode chorar aquilo que não tem. Faz-se necessário os clubes se mobilizarem, criarem grupos de trabalho para cuidarem das equipes adultas – feminina e masculina – e de base; do campo; do uniforme; da divulgação. Um clube mais organizado naturalmente gera atratividade e, a prazo, patrocinadores e uma base de torcedores, condições essenciais para o crescimento e desenvolvimento do esporte.
Não tenho dúvidas de que muitos fãs do rúgbi seguem os Tupis e os campeonatos do mundo, mas desconhecem os clubes do Brasil.
Por isso, quero destacar o trabalho nesse sentido, do São José, do Curitiba, do Serra, Desterro, Farrapos, Itapeva e Guanabara. Dentre tantos outros! E mais, exemplo claro foi o tradicionalíssimo Niterói: a partir do momento que voltaram a se organizar, a cuidar da base e resgatar as origens, são protagonistas dos torneios que disputam e estão de volta à elite do rúgbi brasileiro: o Super 8.
As seleções têm feito o trabalho delas, os resultados têm aparecido. Não foi sempre assim. No início da CBRu as dificuldades foram imensas. No entanto, os clubes têm também que agir, arregaçar as mangas e trabalhar.
Para o rúgbi brasileiro assombrar ainda mais o mundo.
Por Virgílio Neto, comentarista da ESPN
virgilioneto.wordpress.com/
@virgiliofneto