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Brasil e Argentina duelam em rodada que define o novo campeão da América

UOL Esporte

Depois da histórica vitória contra os EUA, Tupis encaram Argentina pelo ARC (Crédito: ARC/Divulgação)

Depois da histórica vitória contra os EUA, Tupis encaram Argentina pelo ARC (Crédito: ARC/Divulgação)

Por Bruno Romano

Nunca vencemos os argentinos no rúgbi. É um fato duro de engolir, mas real. São 13 derrotas na história, duas delas por mais de 100 pontos de diferença. O novo capítulo desta história acontece neste sábado, em São José dos Campos (SP), no duelo que fecha o inédito Americas Rugby Championship (ARC) e define o campeão do continente.

Enquanto o Brasil joga para confirmar a ótima evolução da seleção (e, quem sabe, para fazer história), a equipe de desenvolvimento da Argentina entra em campo para dar mais rodagem às novas caras do seu rúgbi. Como consequência, podem levantar o troféu do primeiro ARC em caso de mais uma vitória.

Os Estados Unidos são os vice-líderes e ainda sonham com título. Como os EUA perderam para o Brasil na rodada passada, em jogo que chocou o mundo do rúgbi, eles precisam vencer o Uruguai e torcer por um tropeço argentino. O lanterna Chile e o terceiro colocado Canadá fecham a tabela.

Mas é Brasil x Argentina que nos interessa. Dois países que vivem realidades completamente diferentes no rúgbi, pensando em história, número de adeptos e desenvolvimento da modalidade, o que explica nossa “freguesia”.

De um lado, os Tupis começam a enxergar um progresso mais consistente no alto rendimento. O país deixa uma imagem muito positiva no torneio. Contra todos adversários (talvez um pouco menos no duelo no Canadá), os brasileiros fizeram frente e se mostraram rivais duros de engolir.

Do outro lado, os argentinos também celebraram o ARC. A competição permitiu que uma nova leva de jogadores fosse testada. A resposta foi positiva, ou seja, o alto rendimento segue em ritmo forte por lá.

O time que enfrenta o Brasil está longe de ser a equipe principal. É uma mescla de destaques do campeonato argentino, jogadores contratados pela União Argentina de Rugby, Pumitas (das seleções juvenis) e um ou outro convidado dos Pumas, como Leguizamón e Amorosino, que jogaram contra o Canadá. Desta vez, os argentinos vêm a campo no Brasil sem nenhuma figura do alto escalão.

A nova geração argentina deu conta de vencer todos seus jogos até aqui – por pouco não perdem para o Uruguai – anotando 24 tries e média de 40 pontos por partida. Traduzindo: enfrentam os Tupis cheios de confiança, sabendo que a Argentina XV é a melhor vitrine para subirem de nível.
O salto de qualidade atual do Brasil também veio em ótima hora. O país segue em uma crescente no número de praticantes e o público dos jogos da seleção tem ganhado força, como os 10 mil torcedores que acompanharam os Tupis contra a Alemanha no Pacaembu, no fim de 2015.

Melhores desempenhos e resultados também trazem mais pressão e responsabilidade. Um “problema” positivo para o jovem elenco brasileiro, comandado pelo treinador Rodolfo Ambrósio – um argentino.

Vencer os “hermanos” seria, claro, histórico – uma consequência, não o objetivo final. Conseguir duelar de igual para igual contra um gigante do rúgbi já seria um bom motivo para comemorar.