Com velocista fijiana, Austrália desbanca Nova Zelândia e lidera temporada
UOL Esporte
Por Bruno Romano
Elas são conhecidas como Black Ferns. Vestem a mítica camisa de rúgbi da Nova Zelândia e, assim como os homens, dominam a cena mundial. Pelo menos é o que mostra o histórico de três títulos seguidos de circuito mundial Sevens, nos últimos três anos. Mas a nova temporada pode ser marcada pela troca de guarda do rúgbi olímpico feminino.
Acontece que a Austrália se impôs mais uma vez e venceu neste fim de semana a segunda etapa da competição, disputada na Arena Barueri (SP). É a primeira vez na história que as australianas conquistam dois torneios seguidos – foram campeãs na abertura em Dubai.
Com o feito, se isolam na liderança da competição, grande “aquecimento” para os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro. O destaque das campeãs, além do bom jogo coletivo, foi a velocidade (e o faro de try) de Ellia Green.
Nascida em Suva, capital de Fiji, em 1993, Green passou 10 anos correndo provas de atletismo, nos 100 m e 200 m e no salto em distância. Sonhava em disputar os 100 m em uma Olimpíada – chegou a cravar a marca de 11s3.
Mas decidiu atender ao pedido de um primo e deu uma chance ao rúgbi. Não tinha ideia das regras do esporte, e seguiu os conselhos da mãe: pegue a bola e corra, pois ninguém vai te pegar.
Desde 2013, Green entrou em um projeto de alto rendimento e passou a representar a seleção australiana, onde ganhou a merecida fama de artilheira do time.
A performance da Austrália em Barueri deixou claro como as líderes do circuito dominam as técnicas do rúgbi, entendem perfeitamente as nuances do Sevens e tem confiança para buscar vitórias, não importando a qualidade das rivais.
Em resumo, são consistentes na defesa e constroem jogadas para criarem situações de um contra um. A partir daí, sabem que atletas como Ellia Green vão resolver a parada, só parando de correr dentro do in goal adversário.
Foi assim que Austrália fechou uma campanha invicta em São Paulo ao bater o Canadá na decisão por 29-0. É o segundo título australiano em solo brasileiro, repetindo o feito de 2014, mais uma vez debaixo de uma tempestade de verão.
O detalhe é que as australianas não enfrentaram a Nova Zelândia, grandes concorrentes ao ouro olímpico, no confronto direito. É mais um tempero para as próximas três etapas do circuito feminino (EUA e Canadá, em abril, e França, em maio). E, provavelmente, um atrativo a mais para uma emocionante disputa de medalha no Rio 2016.
As Black Ferns neozelandesas só pararam mesmo na semifinal, ao perderam para as canadenses. No caminho, atropelaram seleções como o Brasil (41-0).
Donas da casa, as brasileiras repetiram o 8º lugar da etapa nacional de 2015. Bateram o Japão e foram derrotadas por França e Inglaterra (duas vezes cada). Com isso, sustentam a 9ª colocação geral do circuito, entre 12 seleções.