Os Destaques de 2015 no rúgbi brasileiro
UOL Esporte
O grande – e histórico – feito do rúgbi nacional foi conquistado neste ano de 2015: a medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, pela seleção feminina. O maior feito de sempre para a modalidade no país, sem dúvida alguma é o principal destaque.
Entretanto existem vários outros e felizmente se fossem todos aqui citados, este texto teria algumas muitas páginas. Quero destacar os principais, a começar pelo norte do Brasil, com o trabalho que vem sendo desenvolvido em todos os estados daquela região. História que começou em 1995 com a fundação do GRUA, em Manaus. Hoje há vários torneios que movimentam as equipes de lá, assim como acontece no Nordeste, em que o êxito da equipe feminina do Delta (Teresina-PI) pelos gramados de todo o País, é reflexo do crescimento do esporte. As atividades com o rúgbi de base no Cariri é notável. Na Bahia, a formação da federação estadual, com base e direcionamento muito bem estabelecidos, é um enorme avanço.
Em termos de clubes, é muito bom ver o Niterói como protagonista, tanto no feminino quanto no masculino, agora de volta, depois de vencer a Taça Tupi. Muito bom ver a organização dos porto-alegrenses do San Diego (vice-campeões da Taça Tupi e que fizeram um clássico local em campo localizado no coração da capital gaúcha) e do Charrua. No Espírito Santo, a equipe feminina do Vitória serve de grande exemplo. E me arrisco a dizer que elas são atualmente as maiores expoentes do esporte capixaba como um todo. No interior de São Paulo, o Wally’s trabalha de maneira incansável. Na capital, a Poli se recoloca no mapa do rúgbi no País e o SPAC quer fazer um “Lions” ainda maior em 2016. O Desterro se organiza cada vez mais, completou duas décadas de glórias, além de ser referência no Brasil. O Curitiba chegou a finais estaduais e nacionais em todas as suas categorias. No Centro-Oeste o rúgbi dá grandes sinais de crescimento. Minas Gerais celebra seu primeiro estádio, em Nova Lima. No Vale do Paraíba, o Jacareí é celeiro de craques e o São José volta ao topo após estreitarem laços com a cidade e reencontrarem uma identidade própria, a “Escola Caipira”.
Em se tratando de identidade, cada clube tem encontrado a sua própria e a seleção brasileira também. Será que aos poucos poderemos ver um jeito Tupi de jogar? Tomara que sim! Para isso é preciso haver continuidade, competitividade e uma cultura vencedora. Na minha opinião essa competitividade e cultura vencedora recentemente começou a ser difundida. O principal motor dessa difusão é o clube, no sentido de um clube “puxar” o outro, incentivar a realização de jogos, um contra o outro, mas na hora de promover o rúgbi, trabalharem em conjunto. Em poucas e sábias palavras, Igor Konovaloff, hoje treinador no Ceará, uma vez disse que o maior prejudicado de um clube se recusar a jogar contra o outro, é o próprio rúgbi.
Destaque para o ingresso de atletas e ex-jogadores das seleções nacionais nas comissões técnicas, como Daniel Gregg, Daniel Nativo e Ige, além de Fernando Portugal, que encerrou a carreira dentro de campo neste ano. Voltará pelo Cruzeirão, não tenho dúvidas.
Mas nem tudo são flores. Há várias pedras nos caminhos de tudo aquilo que citei aqui. Talvez mais pedras do que flores. E no começo são mesmo apenas pedras. Gosto de uma frase de Carlos Dittborn, dirigente esportivo chileno que, sem quaisquer recursos, teve que organizar um evento de proporções mundiais: “Por que nada temos, tudo faremos.”
E fizeram. Podemos fazer também.
Feliz Natal a todos!
Por Virgílio Neto, comentarista da ESPN
virgilioneto.wordpress.com/
@virgiliofneto