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Surpresa da Copa, Japão começa seu torneio milionário e vive febre do rúgbi

UOL Esporte

Por Bruno Romano

Foto: Laurence Griffiths/Getty Images

Foto: Laurence Griffiths/Getty Images

(O All Black Sonny Bill Williams será um dos astros da Top League 2015-2016)

Com salários tentadores, o campeonato japonês de rúgbi atrai grandes craques do esporte. E a nova temporada 2015-2016 da Top League, que começou hoje em Tóquio, traz alguns temperos extras. Tudo por que o Japão acabou de entrar em uma nova fase da sua história, graças à ótima apresentação no Mundial 2015 e a responsabilidade de sediar a próxima Copa, em 2019 – o que tem atraído fãs para os estádios e garantindo audiência recorde do rúgbi na TV local.

Não é só isso. Os japoneses estão confirmados na disputa da Olimpíada de 2016 (na modalidade Sevens) e no Super Rugby, maior torneio de clubes do hemisfério sul, onde irão competir com a franquia Sunwolves.

O nível da Top League ficou ainda mais alto com a chegada de jogadores que brilharam na Copa. É o caso do neozelandês Sonny Bill Williams, que vai defender o Panasonic Wild Knights, e do fijiano Nenami Nadolo, contratação do NEC Green Rockets.

Ídolos do rúgbi australiano e sul-africano também seguem o embalo. O camisa 10 dos Wallabies no Mundial, Bernard Foley jogará pelo Ricoh Black Rams, e o fullback australiano Israel Folau defenderá o NTT-Docomo Red Hurricanes. Um enxurrada de titulares dos Springboks também invadem a liga, com destaque para Willie Le Roux, no Canon Eagles, e a dupla Schalk Burger e Fourie du Preez no Suntory Sungoliath.

Ao todo, a Top League deste ano conta com 16 times. E o “milagre” dos altíssimos salários, é explicado justamente pelo nome dos times: cada equipe é apadrinhada por uma mega companhia. As franquias estampam os nomes das empresas, como é o caso do Toshiba Brave Lupus, maior vencedor da história do torneio, com cinco títulos, e do Panasonic Wild Knights, atual bicampeão.

Mas nem tudo são flores (símbolo da seleção japonesa, aliás) nos gramados nipônicos. A temporada regular da Top League dura apenas três meses – a final está marcada para dia 24 de janeiro, em Tóquio. Depois disso, vários atletas cumprem contratos já assinados com equipes do Super Rugby. O artilheiro do Japão no Mundial 2015, Ayumu Goromaru, por exemplo, jogará pelo Yamaha Jubilo e depois partirá rumo aos Reds, da Austrália.

É claro que Goromaru deve evoluir seu jogo entre os australianos. Mas não dá para se esquecer das declarações de Eddie Jones, técnico e mentor do sucesso do Japão na Copa, que deixou a seleção logo após a competição. Segundo Jones, a federação japonesa está mal organizada e pode prejudicar a evolução do esporte no país, justamente em um momento tão importante.

Ainda que a Top League deva ser um sucesso, no embalo da nova febre do esporte, fica difícil medir como novos talentos do país estão trilhando seus caminhos. Não é apenas no torneio nacional que os estrangeiros atraem os holofotes. A quantidade de atletas naturalizados chama atenção também da seleção. Independente de julgamentos de certo ou errado – foi um caminho escolhido pelos japoneses –, a nova onda de competições vão colocar em cheque o sistema.

Por enquanto, alguns narizes já estão torcidos. É caso de dirigentes da Sanzar, entidade que controla competições como o Super Rugby e o Rugby Championship. Mesmo sabendo do sucesso do Japão na Copa (única seleção da história a ser eliminada com três vitórias, uma delas sobre a África do Sul) há preocupação com a franquia japonesa Sunwolves.

Ainda não há definição de quem vai treinar o time, tampouco como será formado o elenco. Vários jogadores chave da seleção japonesa, aliás, já têm compromisso com outras equipes do Super Rugby. O novo torneio terá 18 equipes. E os Sunwolves já têm estreia marcada para o fim de fevereiro, em Tóquio, contra os Lions da África do Sul.

Enquanto isso, a entidade máxima do rúgbi quer dar ainda mais moral para o Japão. Nesta semana, “chefão” da World Rugby, Bernard Lapasset, disse que quer ver o país competindo todos os anos no Rugby Championship, ao lado de Nova Zelândia, Austrália, África do Sul e Argentina.

Tudo indica que ter sido a surpresa da Copa foi a parte mais “fácil” da nova era japonesa. A grandeza dos “samurais” vai ser testada como nunca a partir de agora, dentro e fora de campo.

Foto: JIJI PRESS/AFP

Foto: JIJI PRESS/AFP

(Novo ídolo e artilheiro do Japão no Mundial, Ayumu Goromaru defenderá o Yahama Jubilo)

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