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No rúgbi, o mundo está dividido ao meio. E isso começa a preocupar a Europa

UOL Esporte


Crédito: João Neto/UOL

 

A Copa do Mundo de rúgbi está sendo disputada na Europa, e quatro países do continente chegaram às quartas de final. Entretanto, nenhum deles avançou. Somam-se a isso os vexames sofridos pela anfitriã Inglaterra e pela poderosa França, e o Velho Mundo começou a se preocupar.

A queda dos ingleses ainda na primeira fase e o banho de bola que franceses e irlandeses levaram de Nova Zelândia e Argentina ligaram o sinal de alerta. O jogo de sul-americanos, oceânicos e sul-africanos mostrou-se mais intenso e convincente do que o dos europeus.

A ascensão da Argentina, que chega às semifinais apenas pela segunda vez em sua história, reforçou a divisão entre norte e sul e confirmou que, hoje, o Rugby Championship, torneio que reúne justamente as quatro seleções que ainda estão vivas na Copa, é um preparatório muito melhor do que o Six Nations, torneio disputado apenas por europeus (Escócia, França, Inglaterra, Irlanda, Itália e Gales).

“Como a Argentina joga regularmente contra os All Blacks, os Springboks e os Wallabies, o rúgbi dela evoluiu o suficiente para implodir a Irlanda, atual bicampeã do Six Nations”, escreveu o ex-jogador inglês Jason Robinson para o jornal inglês Evening Standard, que elogiou o estilo coletivo dos sulistas. “O Rugby Championship é jogado num ritmo mais rápido, apresenta mais habilidades e força os jogadores a tomarem decisões sob intensa pressão”.

Para Clive Woodward, técnico da Inglaterra em seu único título mundial, em 2003, os europeus precisam se reinventar e aceitar novidades do rúgbi. Ele pede uma modernização no estilo de jogo, com atletas mais versáteis, e a abertura do Six Nations para novos formatos de pontuação e até de rebaixamento, permitindo que nações ascendentes como Romênia e Geórgia possam desafiar a elite.

“O Six Nations é um evento financeiramente muito atrativo, mas como simples torneio de rúgbi está estagnado. Não se vê nenhuma inovação como em outras competições, o rúgbi virou apenas uma rotina”, escreveu o ex-treinador para o Daily Mail.

No que diz respeito aos massacrados Inglaterra e França, os vexames serão analisados por comissões dentro de cada país. No país anfitrião, foram chamados cinco nomes relevantes do rúgbi local para avaliar os estragos da campanha e, quem sabe, propor mudanças até no comando da seleção do país.

“Foi uma enorme decepção não passar da primeira fase. Agora, começamos a analisar a campanha da equipe para assegurar que essa lição seja aprendida”, informou a federação inglesa.

Paula Almeida
Do UOL, em Londres (ING)