O Blog do Rúgbi

Guia de sobrevivência: como avançar no mata-mata do Mundial

UOL Esporte

Por Bruno Romano

Foto: Phil Walter/Getty Images

Foto: Phil Walter/Getty Images

(Nova Zelândia reunida no Millenium Stadium antes do duelo contra a França pelas quartas-de-final)

A ansiedade dos fãs de rúgbi está prestes a acabar. Começa agora a angústia de quem faz parte das oito melhores seleções de rúgbi do planeta. Elas já estão prontas para entrar em campo neste fim de semana pelas quartas-de-final da Copa do Mundo de Rúgbi 2015.

Nos quatro duelos, o favoritismo (ora pequeno, ora razoável) é das seleções do hemisfério sul. Durante esta semana, já analisamos Nova Zelândia x França, África do Sul x País de Gales, Austrália x Escócia, Argentina x Irlanda – dê uma rápida vasculhada por este blog.

Agora é hora de destacar o que cada uma delas precisa fazer se quiser chegar mais longe neste Mundial.

Sábado, 17 de outubro

África do Sul x Gales (12h); Nova Zelândia x França (16h)

África do Sul: Para quebrar uma defesa que só tomou dois tries no grupo da morte vai ser preciso “martelar” muito com a tradicional força física. Mas isso não basta. A chave será a inteligência (e a qualidade de execução) na tomada decisões. Ou seja: juntar a defesa galesa em várias fases e virar rápido o jogo para a definição de pontas e fullback. Também é primordial cometer poucos penais dentro do campo de defesa – tudo indica que o jogo vai ser decidido por uma posse de bola.

Gales: Há um caminho melhor do que partir para o mano a mano durante 80 minutos contra os Springboks: espalhar os forwards em jogadas combinadas com os backs. Assim, o confronto direto pode favorecer os galeses e criar oportunidades no ataque. A supremacia nas formações fixas, sobretudo o scrum, é primordial para pensar em vitória. O camisa 10 Dan Biggar também pode variar suas armas de ataque arriscando o jogo aéreo, já que terá os grandalhões (e habilidosos) George North e Alex Cuthbert nas pontas.

 Foto: ADRIAN DENNIS/AFP

Foto: ADRIAN DENNIS/AFP

(Renascidos das cinzas, os Springboks, de Bryan Habana, mostraram como podem ser perigosos)

Nova Zelândia: Vai ser preciso acelerar a marcha de todo o time para dar conta do recado contra a França – um placar apertado como aconteceu contra os Pumas pode ser perigoso demais no fim deste jogo. Mais do que atacar com fúria, é preciso conter a boa linha francesa, vencendo os duelos de posições. Se conseguirem falar mais alto nos tackles, rucks e scrums, naturalmente os espaços vão aparecer para pontuar. Usar boa parte do banco de reservas no segundo tempo, já que todos têm nível de titular, também pode ajudar muito.

França: O único a fazer é se inspirar em quem tem dado o exemplo até aqui, sobretudo o capitão Thierry Dusautoir e o oitavo Luis Picamoles, que jogaram bem mesmo diante da atuação ruim contra a Irlanda. Se o time se unir, se concentrar em cada jogada e defender em conjunto, se abrirá um pequeno espaço para respirar (e sonhar com vitória). Com um jogo equilibrado e alguma posse de bola, o camisa 10 Frederic Michalak tem técnica e frieza para fazer estrago.

Domingo, 18 de outubro

Irlanda x Argentina (9h); Austrália x Escócia (12h)

Irlanda: Se os desfalques fazem muita falta, cabe a comissão técnica e aos líderes do time (os que sobraram de pé) transformarem isso em motivação. A Irlanda surpreendeu até aqui por mostrar um rúgbi dinâmico e moderno. Partir só para a “correria”, no entanto, não é a melhor ideia contra um time bem preparado como a Argentina. Mas se conseguirem assustar os Pumas com boa continuidade e uma defesa valente e brutal, um caminho pode se abrir.

Argentina: O cenário é bem favorável aos Pumas. E isso é perigoso, pois não há como pegar atalhos para vitória. Vai ser preciso praticar tudo o que já fizeram bem até aqui de novo (e provavelmente com o dobro do esforço). Juan Martín Hernández com a camisa 12 vai trazer segurança para o jovem abertura Nico Sanchez (#10). Está na mão deles conduzir o jogo para a vitória, desde que os forwards façam o que se espera deles: um domínio feroz do jogo fixo e uma participação ativa no jogo aberto.

Foto: Mike Hewitt/Getty Images

Foto: Mike Hewitt/Getty Images

(O camisa 10 Jonny Sexton está confirmado para liderar a Irlanda contra os Pumas)

Austrália: As vitórias contra Inglaterra e Gales impressionaram – teoricamente, a Escócia é uma presa mais fácil. Não há alternativa senão partir para definir a luta nos primeiros rounds (e por nocaute). Um jogo muito paciente e sem ousadia pode dar ânimo aos escoceses. É preciso abrir mais espaço para os pontas Drew Mitchell e Adam Ashley-Cooper aproveitarem melhor seus poderes de decisão – usar o experiente Matt Giteau como bola e segurança também é um ótimo negócio. Um jogo dinâmico, potente e bem variado entre forwards e backs (para não desgastar tanto nem um nem outro), é a melhor rota a seguir.

Escócia: Ninguém tem dado muito crédito aos escoceses. E isso é ótimo para eles. Como franco-atiradores têm mais que arriscar tudo. Para começar a pensar em vitória, precisam acordar antes no jogo, e fazer frente desde o início, algo que não conseguiram até aqui. De chute em chute, tomando boas decisões táticas, podem deixar a missão menos difícil. Este espírito de “tudo ou nada” tem mais a ver com inteligência, bravura e jogo em equipe do que com individualidades e tomadas de decisões “heróicas”.

 

Foto: GLYN KIRK/AFP

Foto: GLYN KIRK/AFP

(Melhores da primeira fase, os Wallabies fecham as quartas-de-final contra a Escócia)