O Blog do Rúgbi

Copa do Mundo impulsiona museu e templo do rúgbi mesmo com 2º ‘Maracanazo’

UOL Esporte

Perder duas Copas do Mundo em casa, figurando entre as seleções favoritas, não é mérito apenas do Brasil. A Inglaterra acaba de sentir o mesmo gosto, não no futebol, e sim no rúgbi. A eliminação da semana passada repetiu drama vivido em 1991, na segunda edição do campeonato. Mas apesar da queda dos anfitriões ainda na primeira fase, o Mundial colhe muitos frutos justamente no templo ‘maldito’, o estádio Twickenham, que assim como o Maracanã, foi a principal casa dos ingleses nas duas Copas mal-sucedidas.

A Inglaterra foi escolhida para sediar o Mundial em 2009, e embora a lista final de cidades e estádios-sedes tenha sido oficializada apenas quatro anos depois, não incluir Twickenham estava fora de cogitação desde o início por se tratar do grande templo do rúgbi, maior estádio do mundo na modalidade, maior palco esportivo da Inglaterra e segundo maior estádio coberto da Europa. Para tanto, a arena e o Museu do Rúgbi, que fica lá dentro, passaram por reformas para receber, cada a sua maneira, o público previsto para invadir Londres entre setembro e outubro de 2015.

As expectativas se confirmaram. Além das mais de 80 mil pessoas que Twickenham recebe em dias de jogos, o Museu contabiliza mais de 30 mil visitas anuais, número que disparou graças à Copa do Mundo.

“Nós recebemos mais pessoas em setembro do que nunca. Em setembro e nessa metade de outubro, nós sempre lotamos. Assim como nós imaginávamos, muita gente veio por causa da Copa do Mundo, de todos os lugares. Tem sido muito bom. Eles curtem vários jogos diferentes e depois aproveitam os dias de folga, tem sido muito interessante”, explica Mike Rowe, curador do museu.

“Estima-se que quase meio milhão de pessoas tenha vindo ao Reino Unido por causa da Copa do Mundo, seja só para acompanhar ou para torcer por uma equipe. Então nós temos visto várias dessas pessoas aqui, vindas do mundo todo. Pessoas do Brasil, do México, muitos da Argentina, Uruguai, França, África do Sul, Nova Zelândia, muita gente”, conclui.

twickenham3E o museu se preparou para isso. Além de engrossar seu inventário de relíquias, obtendo novos itens relacionados ao próprio estádio de Twickenham e aos países participantes do Mundial, o Museu do Rúgbi aprimorou suas instalações. Dividido hoje em cinco setores, que vão das origens do rúgbi à fase profissional do esporte, o local tem como um de seus pontos fortes a interatividade.

Grande parte das salas são ambientadas com sons de torcida, de jogos e de representação de cenas antigas. Além disso, uma das áreas de maior sucesso do museu é o setor que mostra em qual posição de jogo cada visitante poderia atuar levando-se em consideração suas aptidões físicas. Saltos, aceleração, agilidade, chute e até força mediante um encontrão são testados nessa área que parece um grande salão de jogos. E não se engane: pode parecer brincadeira de criança, mas quem mais se diverte são os adultos.

Apesar do sucesso do museu, a maioria dos visitantes quer mesmo é fazer o tour pelo estádio que o ingresso dá direito. E o passeio agora tem um gostinho especial, já que o Twickenham, que foi palco da abertura e de outros jogos da primeira fase do Mundial, se prepara para receber duas das quartas de final, as semifinais e a grande decisão.

twickenham1Nesta quinta-feira, o estádio passava por retoques para o duelo de sábado entre Austrália e Gales. Enquanto isso, no tour acompanhado pelo UOL Esporte, um ex-árbitro de rúgbi mostrava detalhes do estádio enquanto relembrava alguns fatos de sua carreira e mostrava, sempre com bom humor, toda a decepção pela eliminação da Inglaterra. “Não adianta, não consigo superar”, repetia ele.

Sobre a grama em que mensalmente são erguidos palcos para shows de bandas como Rolling Stones, U2 e Bon Jovi, os craques da Copa do Mundo desfilarão por mais dois fins de semana para saber quem será o novo detentor da Webb Ellis Cup, o grande troféu do Mundial.

twickenham2

Paula Almeida
Do UOL, em Londres (ING)