Copa do Mundo de Rúgbi: recordes de público e cordialidade em campo
UOL Esporte
Por Agustin Danza
CEO da Confederação Brasileira de Rugby
A Copa do Mundo de Rúgbi tem sido até agora uma grande festa internacional, feita na casa do rúgbi. Quinto maior evento esportivo da história em público nos estádios, só atrás de quatro Copas do Mundo de Futebol, esta Copa conseguiu algo que parecia impossível: transformar uma cidade como Londres, conhecida como uma das mais cosmopolitas do mundo, em uma cidade ainda mais internacional.
Torcedores de todos os cantos, desde as Ilhas Pacíficas, passando pela África e chegando até o Uruguai e Argentina, se reúnem na Inglaterra para torcer pelos seus times. O recorde de público em estádios de rúgbi foi batido duas vezes: 89 mil pessoas no jogo entre Argentina e Nova Zelândia, e 90 mil no jogo Irlanda x Romênia. Todas as partidas têm estádios cheios, com frequências maiores a 50 mil espectadores na maioria dos jogos. Tudo isto é, sem lugar a dúvidas, uma grande demonstração da popularidade e contínua velocidade de crescimento que o rúgbi tem.
Esportivamente falando, a Copa também foi, até agora, um sucesso. Com a fase de grupos finalizada, tivemos surpresas e certezas. Pode-se dizer que é o torneio mais equilibrado da história, com times como Geórgia, Japão, Romênia e Canadá, dando trabalho aos times mais tradicionais, o que mostra que a estratégia da World Rugby (federação internacional) para fazer crescer a modalidade está dando certo.
Mesmo estando no grupo da morte, os ingleses foram surpreendidos ao serem eliminados já na primeira fase. Embora a Inglaterra não tenha jogado o máximo do seu potencial, o grupo era duríssimo e qualquer um desses três times – Inglaterra, Austrália e País de Gales – poderia ter ficado por fora.
Os outros candidatos ao título, Nova Zelândia, Austrália e África do Sul lideraram seus grupos, mas com emoção no processo: a África do Sul perdeu um jogo incrível diante do Japão, que só tinha vencido um jogo de Copa do Mundo na sua história. A Nova Zelândia ganhou todos seus jogos, mas teve que batalhar muito duro para superar a Argentina na estreia. E finalmente a Austrália, que é quem mais tem demonstrado sua força, ganhando de forma convincente todos os jogos do grupo da morte.
Fora de campo o torneio demonstra com muitos exemplos porque o rúgbi é um esporte caracterizado por formar caráter através dos valores do esporte. Derrotados fazem fileiras de honra e aplaudem quem acabou de ganhar deles, como Argentina a Nova Zelândia, ou Inglaterra a Gales. A Escócia visitou o vestiário dos uruguaios após derrotá-los por ampla margem de pontos, apenas para compartilhar uma cerveja e parabenizar os adversários pelo duro jogo que fizeram, sabendo que este era o único time amador na Copa.
E até o famoso árbitro galês Nigel Owens, ao dizer para um jogador que se for para simular lesões, ele deveria jogar futebol e não rúgbi. Estes são só alguns dos exemplos que aconteceram ao longo da Copa e que deixaram muito claro que o rúgbi continua sendo, como disse a frase, “um esporte de hooligans jogado por cavalheiros”.
Por último, o torneio sem mostra um grande sucesso financeiro. A World Rugby tem arrecadado um montante recorde, que lhe permitirá continuar investindo na difusão e crescimento do esporte por todo o mundo de forma rápida e sustentável.
Dentro e fora de campo, a Copa do Mundo de Rugby 2015 já pode ser considerada histórica, não só para a nossa modalidade, mas também para inspirar os demais esportes.