Primeiro “milionário” do rúgbi lidera All Blacks em atropelo sobre Tonga
UOL Esporte
Por Bruno Romano
(Feliz em dobro: Dan Carter celebra classificação e salário milionário pós-Mundial)
Sete tries feitos. Nenhum sofrido. Quarta vitória seguida e classificação garantida para as quartas-de-final com 100 % de aproveitamento. A história dos All Blacks nesta Copa do Mundo 2015 honra toda a fama dos atuais campeões mundiais. Mesmo assim, acredite, eles ainda não usaram a força máxima.
Na vitória por 47-9 sobre Tonga, nesta sexta-feira, os neozelandeses não mostraram um rugby de primeira, mas foram efetivos.
Jogadores chave, como o camisa 10 Dan Carter, usaram o que os All Blacks tem de melhor: técnica acima da média, frieza diante de qualquer encrenca (hoje foi a força física tonganesa) e a incrível capacidade de não diminuir o ritmo durante uma batalha intensa de 80 minutos.
Carter tem mais dois bons motivos para comemorar. É a primeira vez que o melhor jogador do mundo em 2005 e 2012 chega sem lesões a uma fase de mata-mata de Copas do Mundo – ele estava no elenco campeão mundial em 2011, mas não atuou nas decisões.
Após o torneio, seu destino também está garantido no Racing Métro, da França. O abertura All Black receberá um salário anual de cerca de 1,4 milhão de libras (quase R$ 9 milhões).
Este é o primeiro contrato “milionário” do esporte na história, depois que o rúgbi se abriu ao profissionalismo em 1995.
Deixar seu país também significa abrir mão dos All Blacks. Em raras exceções, a seleção da Nova Zelândia escala atletas que não dão sangue e suor pelos clubes e franquias locais.
Após sobreviver ao embate físico de Tonga, Carter e os All Blacks já devem estar com a cabeça nas quartas-de-final. E este primeiro jogo eliminatório pode ser perigoso para os homens de preto.
O adversário será França ou Irlanda. Um duelo direto entre os europeus, no domingo, vai definir as posições do grupo – o perdedor encara a Nova Zelândia.
Por mais que a Irlanda pareça bem mais perigosa até aqui, é a França que costuma dificultar as coisas para os All Blacks em mundiais. Em 2007, os franceses os eliminaram. E em 2011 venderam caro a derrota na final: 8-7, em um jogo que poderia muito bem ter acabado nas mãos do time de azul.
Já contra a Irlanda, um tabu fala bem mais alto. Mesmo com tantos títulos europeus (e tanta tradição no esporte), os irlandeses nunca foram capazes de derrotar os All Blacks em toda história.
(Homem do jogo, Nehe Milner-Skudder, à direita, fez dois tries para os All Blacks)
DICA DO DIA: Como derrubar um adversário? A não ser que você tenha nascido em Tonga ou Samoa, países famosos pelos fortes tackles, geralmente na altura peito, o melhor a fazer é mirar as canelas, usar os ombros no contato e completar o movimento com os dois braços, caindo junto do seu rival.
Basicamente, você não pode: 1) passar uma rasteira. 2) agarrar o adversário acima da linha dos ombros. 3) fazer um “pilão”, tirando os pés do adversário do chão e lançando-o ao solo, como em um movimento típico de lutas marciais. O resto está liberado.
O CARA: Nehe Milner-Skudder. O jovem ponta dos All Blacks tem aproveitado bem as chances em uma das poucas posições do time sem um titular absoluto. Hoje, guardou dois tries.
A IMAGEM: O gramado do St. James Park, em Newcastle, “sofreu” com os scrums, os lances do rúgbi que colocam frente a frente os forwards (números 1 a 8) de cada time. A equipe de manutenção teve trabalho no intervalo para arrumar a bagunça dos gigantes.
A FRASE: “O resultado parece tranquilo, mas tivemos um jogo bem duro. E isso era tudo o que a gente precisava nesta altura do campeonato”, Kieran Read, camisa 8 dos All Blacks, que capitaneou o time com a ausência do poupado Richie McCaw.
LONDON EYE: Samoa e Escócia vão abrir (muito bem) os trabalhos deste sábado no Mundial. Isso por que ainda há uma disputa em aberto pelo segundo lugar do grupo “B”, envolvendo escoceses e japoneses. O Japão encara os EUA no domingo.
Mas o jogo do dia será Austrália e Gales, valendo a liderança do grupo da morte. Ambos já estão garantidos nas quartas, depois de tirarem a Inglaterra da briga. Mesmo assim, a vitória contra outro candidato ao título vale muito.
Fechando a rodada, a eliminada Inglaterra se despede da Copa em jogo melancólico contra o Uruguai.