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“Predador” All Black volta a campo em seu jogo número 100

UOL Esporte

Ma’a Nonu, contra a Argentina, fazendo o que sabe melhor: romper tackles. Créditos: Getty Images

Ma’a Nonu, contra a Argentina, fazendo o que sabe melhor: romper tackles. Créditos: Getty Images

O neozelandês Ma’a Nonu vai fazer o Haka pela centésima vez nesta sexta-feira, em partida única da rodada do Mundial contra Tonga (16h). Vestindo o lendário uniforme negro dos atuais campeões mundiais, ele será apenas o sexto All Black da história a atingir a marca.

Apelidado de “predador”, pela cara de durão e estilo intimidador do personagem homônimo do cinema, Nonu é reconhecido por ser uma muralha da defesa e um atropelador de adversários no ataque – além de ter técnica, velocidade e habilidade surreal para um cara de 1,82 metros de altura e 108 kg.

Fora de campo, Nonu é famoso por ser o mais brincalhão e divertido jogador dos All Blacks.

“Nunca achei que chegaria tão longe”, comentou Nonu, sobre seu jogo número 100, em entrevista coletiva. “Olhando para trás, tenho certeza de que não foi nada fácil. Teve muito trabalho duro envolvido – e vários dias divertidos também”, completou o camisa 12, autor de 145 pontos e 29 tries pelos All Blacks.

Neste Mundial, Nonu ainda não brilhou. Foi coadjuvante na vitória sobre a Argentina e ficou de fora dos titulares contra a Namíbia (entrou durante o jogo) e a Geórgia. A volta do primeiro centro – recuperado de uma lesão no ombro durante um treinamento – pode ser comemorada pelo time. Com Nonu em campo, a média de vitórias dos All Blacks é de 89%.

Não custa lembrar que um ano antes do Mundial, o neozelandês quebrou o braço, tentando derrubar o capitão sul-africano Jean de Villers, e ficou seis meses de fora dos campos.

Após uma cirurgia imediata, Nonu mostrou a outra face do sujeito intimidador dos gramados: fez questão de fazer sua camisa de jogo chegar às mãos de Villers e postou nas redes sociais (@maavellous) uma mensagem solidária com o rival, que não teve culpa no incidente.

Recuperado para o Mundial 2015, ele quer provar a fama de gente fina, talentoso e durão. Segundo Graham Henry, treinador dos All Blacks no título mundial de 2011, Nonu é o maior “quebrador de tackles” da história do país. Já para Tana Umaga, ex-capitão e centro da Nova Zelândia (a quem Nonu é tido como sucessor), ele já é o melhor camisa 12 de todos os tempos.

Seu fiel companheiro, o All Black Conrad Smith (#13), comenta que Nonu é tão intenso no campo, que acaba criando ótimas oportunidades para o resto do time. “Ele trabalha tão duro que deixa as coisas mais fáceis para caras como eu”, diz Conrad, às vésperas do jogo contra Tonga. A dupla também é recordista mundial em números de jogos lado a lado nas posições de primeiro (#12) e segundo (#13) centros.

Independente da grande performance no Mundial – que todos ainda aguardam ansiosos –, Nonu está com o futuro garantido. Acabando a Copa, ele deixará o clube neozelandês Hurricanes para jogar pelo galáctico Toulon, na França. O contrato de dois anos já foi assinado.

Nada mal para o jogador que só se firmou nos All Blacks em 2008, cinco anos depois de sua estreia na seleção. No início, Nonu oscilou bastante nas convocações da principal equipe de rúgbi do planeta. Em 2004 e 2007 chegou a ser autuado por comportamento desordeiro em um bar e uma loja de bebidas em Wellington, na Nova Zelândia.

Hoje, Nonu é sinônimo de All Black. E dificilmente sai do time titular. Mas o Mundial lhe trouxe uma sombra peso-pesado: Sonny Bill Williams, considerado um dos melhores jogadores do rúgbi moderno. Um motivo a mais para Nonu se soltar de vez nesta sexta.

É claro que a responsabilidade da vitória sobre Tonga, que garante os All Blacks nas quartas como líderes do grupo, não é só de Nonu. Outros quatro All Blacks “centenários” fazem parte do elenco desta Copa 2015: Richie McCaw (145 jogos), Keven Mealamu (128), Tony Woodcock (117) e Dan Carter (108).

Só Carter, no entanto, será titular nesta sexta. Mealamu e Woodcock começam no banco. O capitão Richie McCaw vai ser poupado, por uma lesão no quadril, e Kieran Read vai assumir o papel de líder.

Read, Nonu, Carter e todos os All Blacks sabem bem que não podem vacilar com Tonga. No último Mundial, sem mais nada a conquistar nem a perder, os tonganeses chocaram o mundo do rúgbi ao vencer a poderosa França, justamente no jogo final da primeira fase.

O neozelandês Ma’a Nonu pronto para sua 100ª batalha, ao lado de Conrad Smith, à esquerda. Créditos: Getty Images

O neozelandês Ma’a Nonu pronto para sua 100ª batalha, ao lado de Conrad Smith, à esquerda. Créditos: Getty Images

DANÇA DAS TRIBOS

O jogo desta sexta tem um tempero especial. Antes dos tries e dos tackles que farão barulho nas arquibancadas do St. James Park, em Newcastle, a disputa será das danças tribais. Haka x Sipi Tau. Dança não ganha jogo, mas já vale a audiência e o ingresso.

A dúvida é se os times vão fazer os rituais juntos ou separados. Na cartilha oficial do torneio, Haka e Sipi Tau são “desafios culturais” não “danças de guerra”, sempre feitas após os hinos nacionais. Como o primeiro hino tocado é da Nova Zelândia, teoricamente a ordem se reverte e o Sipi Tau abre os trabalhos.

Assim, os All Blacks poderiam esperar o Sipi Tau acabar para começar o Haka. Na Copa de 2003, aconteceu exatamente o oposto, com os tonganeses “atravessando” os neozelandeses no meio do grito de guerra. Independente do protocolo desta vez – ou do que der na telha dos jogadores na hora – o desafio promete. E vai esquentar de vez o jogo.

Haka neozelandês versus Sipi Tau tonganês durante o Mundial de rúgbi de 2003. Créditos: Getty Images

Haka neozelandês versus Sipi Tau tonganês durante o Mundial de rúgbi de 2003. Créditos: Getty Images