O Blog do Rúgbi

O 7 a 1 da Inglaterra: país sofre derrota histórica na Copa do Mundo

UOL Esporte

A Áustrália deu uma bela ducha de água fria nas pretensões inglesas de continuar jogando a Copa do Mundo em casa.

A Inglaterra vai dormir mais cedo hoje. Desconsolada com uma derrota sem precedentes na história das Copas do Mundo de rúgbi. Nunca um anfitrião tinha sido eliminado ainda na primeira fase. Que dirá a nação que inventou o esporte. Foi o que se viu neste sábado (3), no histórico estádio de Twickenham, em Londres, quando a Austrália venceu por 33 a 13 e eliminou a Inglaterra. Foi o 7 a 1 inglês.

Com um jogo muito mais ágil e batendo mais duro, os Wallabies conseguiram encontrar os furos na linha inglesa e ainda no primeiro tempo marcaram dois tries. O primeiro, aos 20 minutos, saiu das mãos de uma bela jogada do abertura Bernard Foley. O primeiro tempo foi recheado de frustrações para o time inglês. Embora não entrassem em campo tão nervosos como se imaginava e com algumas criações interessantes na linha, os jogadores não conseguiram atravessar a linha do in gol adversário. Com o primeiro tempo terminando 17 a 3, o clima no vestiário da Inglaterra não deve ter sido nada amistoso.

O clima chegou a melhorar para os ingleses nos 40 minutos finais. A Austrália começou pontuando com um chute para os paus em um pênalti, mas a Inglaterra conseguiu o tão sonhado primeiro try e reacendendo a chama da esperança e fazendo todo o estádio entoar a famosa canção “Swing Low Sweet Chariot”. Em seguida, mais três pontos ingleses deixaram o placar em 13 a 20 e deram ainda mais carga dramática para o final da partida.

O crucial para a derrocada inglesa foi o tacle alto de Owen Farrell aos 70 minutos de jogo, que rendeu mais três pontos para a Austrália e um cartão amarelo para o camisa 10, que saiu mais cedo do jogo. A pá de cal no túmulo inglês foi o try do abertura Matt Giteau, no último minuto da partida, em um contra-ataque maravilhoso.

Os Wallabies agora irão jogar com Gales para definir o primeiro lugar do grupo. E a Inglaterra… Essa vai dormir mais cedo.

África do Sul se consolida e Japão está virtualmente fora

Os dois primeiros jogos do dia mudaram o cenário do Grupo B e ajudaram a África do Sul a espantar os fantasmas e terminar o sábado em primeiro lugar do grupo. Já o Japão precisa de uma combinação bastante improvável para chegar às quartas-de final.

Os Springboks conseguiram passar pelos monstruosos tacles da Escócia e saíram do estádio St. James' Park com a vitória por 34 a 16. Durante a maioria do jogo, o time do experiente capitão Fourie Du Preez conseguiu impor seu ritmo e absorver o impacto dos Escoceses, que vinham voando baixo após duas vitórias convincentes. Na metade do segundo tempo, nos Bravehearts até tentaram se aproveitar do cansaço sulafricano, mas o try final do ponta Bryan Habana faltando sete minutos para o fim da partida, pôs uma pá de cal no esforço escocês.

Ainda pela manhã, o que se viu foi um confronto entre a aplicação tática japonesa e a indisciplina samoana que termino em 26 a 5 para os Brave Blossoms. A coisa foi tão complicada pra equipe dos Manu Samoa que, apesar de ser bem mais bruta, não consegiu tirar o zero do placar até a metade do segundo tempo. Por vezes o nervosismo fez com que os samoanos cometessem penalidades e recebessem três cartões amarelos (o que significa 10 minutos fora do jogo).

A ida para as quartas-de-final, porém, se distanciou. Os japoneses precisam passar pelos Estados Unidos, o que é esperado, mas também torcer para uma improvável derrota da Escócia perante Samoa. De qualquer forma, é de se pensar como a disciplina japa irá melhorar ainda mais o time para o Mundial de 2019.

O modo organizado e corajoso com que os japoneses estão jogando tem arrancado aplausos de torcedores de várias nacionalidades (Crédito da foto: Darren Staples/Reuters)

O modo organizado e corajoso com que os japoneses estão jogando tem arrancado aplausos de torcedores de várias nacionalidades (Crédito da foto: Darren Staples/Reuters)

DICA DO DIA – TMO

Uma das premissas do rúgbi é que a disputa seja o mais justa possível. Por isso, há um árbitro designado para ser os olhos eletrônicos da partida. Ou seja, se há um lance duvidoso, o juiz de campo pede a ajuda dos replays e slowmotions do árbitro que está responsável pelo TMO, ou Television Match Official. Para evitar que ele seja influenciado pela torcida, o TMO fica em uma cabine isolada fora do estádio. E se nem a televisão conseguir dar um veredito, a decisão é declarada não-conclusiva e o jogo reinicia. Neste Mundial, o TMO tem sido o responsável por mudar o rumo da várias partidas. O primeiro try da África do Sul desta sábado foi validado pela tecnologia.

O CARA – Nigel Owens

Impecável na condução do jogo, o árbitro Nigel Owens é uma celebridade do rúgbi. Ele foi o  responsável por apitar a partida entre África do Sul e Escócia e está muito bem cotado para ser o homem no comando na final, em 31 de outubro.

Owens também é conhecido pelas broncas exemplares que dá nos brutamontes durante a partida, como a vez a que disse para um jogador: “Eu não acho que nos conhecemos, mas eu sou o árbitro neste campo. Não você. Faça o seu trabalho que eu faço o meu. Se eu o vir gritar mais uma vez, eu te irei te penalizar. Isto não é futebol, ok? Volte para o jogo.”

Nigel Owens também é conhecido por ser o único homem assumidamente gay no rúgbi. Owens saiu do armário em 2007. Em março, após um lance polêmico que fez com que a Inglaterra não saísse campeã do Six Nations, o árbitro foi alvo de homofobia e escreveu um emocionante artigo falando sobre a dificuldade de ser gay no mundo do rúgbi.

O primeiro árbitro assumidamente gay no mundo do rúgbi é o mais cotado para ser o dono do apito na final da Copa do Mundo de rúgbi. (Crédito da foto: Jan Kruger/Getty Images)

O primeiro árbitro assumidamente gay no mundo do rúgbi é o mais cotado para ser o dono do apito na final da Copa do Mundo de rúgbi. (Crédito da foto: Jan Kruger/Getty Images)

A IMAGEM

Crédito: David Rogers/Getty Images

Crédito: David Rogers/Getty Images

Os primeiros tacles da partida são os famosos cartões de visita. É quando um jogador consegue se impor sobre seu adversário. Um belíssimo exemplo disso foi a marretada do segunda linha australiano Michael Hooper em cima do camisa 10 inglês Owen Farrell no comecinho da partida que marcou a eliminação prematura da Inglaterra.

A FRASE

“O Hall of Fame da World Rugby reconhece aqueles que deixaram uma marca em nosso esporte por meio da façanhas no campo, mostras de caráter ou por meio de seu incansável trabalho e inspirador apoio do nosso grande jogo. Mandela entra nesta categora. Teve um papel decisivo em transformar a Copa do Mundo de 1995 em uma ocasiãopara unir a nação sulafricana com o poder do esporte”, afirmou o presidente da World Rugby, Bernard Lapasset na ocasião da entrada de Nelson Mandela no Hall of Fame, neste sábado.

LONDON EYE

O domingo será especialmente importante para nuestros hermanos, que entram em campo para enfrentar Tonga e consolidar seu caminho ao segundo lugar do grupo e às quartas-de final. Vale a pena ficar ligado na disputa casca-grossa entre os dois scrums e no desempenho dos Pumas, que além de pesados são extremamente técnicos na formação. Os caras fazem a famosa “la bajita”, ou seja, formam bem perto do chão, fazendo com que o adversário seja empurrado com mais facilidade. Fechando o final de semana, a Itália, que está respirando por aparelhos, entra para tentar derrubar a Irlanda, atual segunda colocada do grupo com 10 pontos.